domingo, 21 de agosto de 2022

A rivalidade e o fanatismo que resultam em atraso

“E que golaço do Pedro, hein?”. Ao fazer esse comentário o que recebo de volta é sempre, “mas você não é tricolor?”... É sobre isso que eu escrevo hoje. A incapacidade que boa parte dos humanos tem de perceber qualidade naquilo que não está no seu rol de interesse e de coisas que considera “bom”.

O fato de ser um torcedor do Fluminense não pode me impedir de reconhecer a qualidade do time do Flamengo (voltou a apresentar um bom futebol), o belo gol do seu atacante e a merecida classificação diante do Athletico/PR.

A argumentação em geral é de que “a rivalidade dá brilho ao espetáculo”. Para horror de muita gente eu voltarei a escrever que essa parada de rivalidade torna o torcedor abobado e violento, porque é em nome da rivalidade que muita gente briga no estádio e de vez enquanto morre alguém.

Mas essa esquizofrenia comportamental não está presente somente no Esporte. Na religião também. Boa parte dos católicos e evangélicos, por conta de serem de outra fé, é incapaz de reconhecer as virtudes daquele grupo espírita e suas obras de caridade. Boa parte dos evangélicos e espíritas, por iguais razões, não consegue enxergar as virtudes daquela pastoral católica que acolhe pessoas vulneráveis. Boa parte dos católicos e espíritas, por conta dessa rivalidade sem sentido, acaba não valorizando o trabalho de recuperação de dependentes químicos daquela igreja evangélica. E por aí vai!

Na política é igual. O cara que defende a direita não reconhece as virtudes do governo de esquerda e o sujeito orientado pela esquerda é incapaz de ver virtude no governo de direita. Que tolice!

A verdade é que sob a desculpa de que “a rivalidade é salutar” as pessoas ingressam no perigoso mundo do “fanatismo”. Inclusive, o fanático também é incapaz de reconhecer que seu time do coração teve dificuldades para vencer o adversário. A culpa será sempre do gramado, da arbitragem, do técnico que escalou errado, quando seria muito mais inteligente reconhecer: “hoje, meu time não foi bem” ou “a fase não é boa”.

Na política e na religião, o fanatismo impede o sujeito de ver o erro do seu “político de estimação”, do governo que acredita ou daquele líder religioso que mandou mal. O sujeito olha para Lula e Bolsonaro, por exemplo, como quem olha para Flamengo e Vasco. Isso não é nem cidadania, nem militância! É fanatismo mesmo!

O pior é que para impedir qualquer movimento no sentido de melhorar essa loucura, alguém cunhou o adágio “não se discute política, religião e futebol”. Errado! É preciso discutir sim e nessa discussão o que se deve fazer é reconhecer as virtudes e os erros para tentar melhorar. O fruto dessa ausência de debate é uma sociedade estagnada e que não evolui, porque segue agarrada as suas rivalidades e fanatismos esquizofrênicos. O pior é que a mídia explora isso para vender manchetes e ganhar cliques. Mas essa já é análise para outro texto.

Vamos em frente! #flavioazevedo

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