terça-feira, 11 de janeiro de 2022

“Janeiro Branco” identifica nova clientela da Saúde Mental

O “Janeiro Branco” é uma campanha que tem o propósito de conscientizar as pessoas a respeito da Saúde Mental, segmento da Saúde entendido por muitos como “coisa de maluco”. Todavia, se você ainda pensa desse modo está ultrapassado. Todos já entenderam que quando a Saúde Mental vai bem todo o organismo vai bem. Quando a Saúde Mental vai mal os demais sistemas logo apresentam algum desequilíbrio. Nos últimos dias eu tenho participado de eventos pautados pela dinâmica do “Janeiro Branco”. Também tenho entrevistado vários profissionais que atuam nesse setor. A partir das minhas impressões, contando com a formação que tenho em Enfermagem, eu farei alguns recortes a respeito do tema e vou publicá-los nas minhas redes.

Nesse primeiro recorte eu gostaria de destacar a nova clientela da Saúde Mental, um grupo grandão de usuários que surge a partir da pandemia de Corona Vírus. Vale frisar que a Saúde Mental tem sua estrutura pronta. A saber, os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS), as residências terapêuticas, leitos psiquiátricos em unidades hospitalares e o atendimento ambulatorial. Notadamente, a estrutura já existente privilegia pessoas com comprometimentos mentais severos. A nova clientela é complexa, porque demanda por outros instrumentos e modos de atendimento. Esse novo usuário se mostra arredio e por vezes está mais preocupado com rótulos que com sua sanidade mental. Além disso, geralmente ele carrega algum tipo de preconceito com o serviço do qual será usuário,

O período pandêmico que chega trazendo restrições, afastamentos, lockdowns, desemprego, perdas (materiais e humanas), entre outras coisas; acabou sendo um disparador de problemas psíquicos e emocionais que estão sobrecarregando a Saúde Mental e os consultórios públicos e particulares. Terapeutas e psicólogos nunca foram tão requisitados. Enquanto boa parte da sociedade perde tempo brigando por conta de Ivermectina, vacina, uso de máscara, #fiqueemcasa e coisas do tipo; a Saúde Mental, inclusive, dos envolvidos nessa briga sem sentido, segue adoecendo.

A pandemia sobrecarregou os serviços e profissionais da Saúde Mental porque fez milhares de pessoas tirarem do armário suas vulnerabilidades de ordem psíquica e emocional. Notadamente essas pessoas demandam novo modo de atendimento. Alguns, inclusive, têm bloqueio e preconceito com a Saúde Mental (“isso é pra maluco e eu não sou doido”). Também é preciso enxergar quem carece de acompanhamento psicológico, mas não têm perfil para ser encaminhado para os equipamentos já existentes.

É nítido que não existe estrutura para atender tanta gente. O grande legado do “Janeiro Branco” é a sinalização de que a Saúde Mental precisa ser reestruturada pensando também nessa demanda reprimida que a pandemia obrigou sair do armário. As perdas de toda ordem, as feridas causadas pelos infortúnios, a dificuldade de prever o que acontecerá amanhã e essa enxurrada de notícias ruins o tempo todo; acabaram formando uma sobrecarga que desarmou o “disjuntor emocional” de muita gente. Mas essa conversa do “disjuntor emocional” eu deixarei para o próximo recorte a respeito do tema. Vamos em frente! #flavioazevedo #janeirobranco #saúdemental

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