domingo, 9 de janeiro de 2022

Chuvas em Rio Bonito e Região e o microclima local

Em minhas memórias de infância constam intermináveis janeiros chuvosos. Trancados dentro de casa, numa época que não existia Netflix (e afins) e telefone celular com joguinhos, meu irmão e eu tínhamos como única alternativa ficar na janela olhando aquele dia cumprido passar para começar outro dia chuvoso. Eu odiava chuva. Em vão meus pais argumentavam que ela era importante para regar a plantação, nutrir as fontes e coisas do tipo!

Em todo indivíduo as impressões da infância marcam e perduram até a idade adulta. Comigo não foi diferente. A maturidade já me convenceu da importância da chuva, exatamente como diziam os meus pais, mas confesso que ainda tenho ranço dos tais "dias chuvosos".

Falando em meus pais, eu gostaria de aproveitar esse periodo chuvoso para contar a história da área pantanosa que existia em Rio Bonito/RJ. Meu pai chamava de "Pantanal Riobonitense".

Cresci ouvindo ele contar que a partir do bairro Rio do Ouro, se estendendo por todo perímetro onde, hoje, estão as localidades da Jacuba, Mangueira, Posse, Colina da Primavera e Sambê; o terreno era empanturrado (uma área pantanosa). Inúmeros cursos d'água, charcos, vegetação característica, pássaros, peixes e animais como capivara, jacaré, cobras, entre outros; eram comuns por lá. Meu dizia que o "Pantanal Riobonitense" fazia limite com Silva Jardim. 

Vez ou outra, sobretudo em época chuvosa ou no período das chuvas de verão, quando aconteciam os alagamentos, eu lembro do meu velho lendo as notícias, analisando as queixas e discutindo com o jornal: "vocês queriam o que? Lotearam o pântano. Filho, o que acontece é que quando chove muito a água procura seu caminho e encontra um bairro no lugar".

A lógica do meu pai, que muita gente vai considerar a "fala grosseira de um sujeito insensível" é a mais pura realidade! A cagada foi feita. Agora, é preciso ser amenizada com projetos estruturais arrojados, o que nunca aconteceu.

Segundo meu pai, o início de tudo foi na construção da BR - 101, no início dos anos 70, quando a área pantanosa foi drenada, cursos d'água foram desviados e criados e a vegetação foi destruída (animais, aves e peixes desapareceram).

O velho sempre me dizia que esse foi um dos crimes ambientais mais violentos promovidos em nossa Região. E foi cometido pelo governo federal. À época o país era governado por generais e não existia legislação ambiental nos moldes atuais.

Vamos em frente! #flavioazevedo

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