Flávio Azevedo
O secretário de Meio Ambiente, Geovane Luciano Geraldo; oferecendo explicações sobre a pasta. |
O Espaço Inter Ação, no Centro de Rio Bonito, recebeu na última segunda-feira (30/10), a reunião mensal da Agenda 21 local. A pauta do encontro foi Meio Ambiente. Para responder questionamentos, trazer informações sobre o setor, marcou presença o secretário municipal de Meio Ambiente, Geovane Luciano Geraldo; a frente da Secretaria há pouco mais de um mês. O Parque Embratel 21, localizado na Serra do Sambê, foi o primeiro assunto. De acordo com o secretário, ao longo dos últimos 15 anos, a Secretaria promoveu várias ações de reflorestamento, “mas as constantes queimadas destroem as mudas”.
– Sou servidor de carreira da Secretaria de Meio Ambiente, mas estou há pouco tempo a frente da pasta. Nós temos documentos que comprovam vários plantios no local. O problema é que também temos vários episódios de incêndios por lá, um deles, inclusive, atingiu a antiga rampa de voo livre. Esse problema impede que as arvores cresçam e se desenvolvam – comentou o secretário, sempre destacando que a conscientização não pode ficar de fora de qualquer conversa sobre Meio Ambiente.
Outra novidade trazida pelo secretário aos membros da Agenda 21 Rio Bonito também está relacionada ao reflorestamento. Segundo Geovani, na última semana o Subcomitê Leste, que abrange os municípios que estão inseridos na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara, esteve reunido com representantes da Companhia Estadual de Águas e Esgosto (CEDAE). Na ocasião, os representantes da estatal apresentaram um projeto de reflorestamento para os municípios que contam com a presença da CEDAE. “A nossa ideia é colocar o Parque Embratel 21 nesse projeto. A CEDAE tem particular interesse por Rio Bonito, por causa da Serra do Sambê, um dos principais mananciais da água explorados pela CEDAE”, ponderou Geovane, frisando que o Alto Braçanã é a outra área que será apontada pelo município para o projeto da CEDAE.
Quanto a polêmica mudança na Rampa de Voo Livre, equipamento que está dentro do Parque Embratel 21, uma área de Proteção Ambiental, o secretário discorreu que um projeto para o setor está sendo planejado junto ao ambientalista e ativista, Mauro Paes; ativo integrante do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema) e integrante da Agenda 21 Rio Bonito. Presente a reunião, Paes confirmou a fala do secretário e acrescentou que está finalizando o projeto que será apresentado à Prefeitura. Na ocasião, ele alertou o secretário quanto a vestígios de desmatamento nas áreas mais escondidas. “Para fazer o projeto nós usamos um drone e do alto vimos que estão desmantando pontos que não conseguimos ver daqui”, denunciou.
Efeitos do RoundUp no homem
Na extrema esquerda, a psicomotricista e proprietária do Espaço Inter Ação, Rosangela Martins. |
Especializada em psicomotricidade e no tratamento de indivíduos com espectro autista, a professora Rosangela Martins destacou que nos últimos anos aumentaram os casos de Autismo em Rio Bonito. De acordo com a psicomotricista, estudos apontam que o herbicida RoundUp, substância muito utilizada na Zona Rural, pode ser uma das razões para o Autismo. “O uso do RoundUp também é comum nos centros urbanos, contaminando o lençol freático e expondo as pessoas aos seus efeitos”, analisou Rosangela, lembrando que a substância está proibida há mais de 15 anos, “mas segue sendo usada sem qualquer tipo de fiscalização”.
Ficou decidido que a Agenda 21 e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente pedirão informação, via ofício, às Secretarias de Saúde e Educação, quanto ao número de autistas na rede pública e privada. O ofício também pedirá o endereço e a naturalidade dos autistas. “De posse dessas respostas, nós faremos contato com uma universidade que tenha interesse em vir para Rio Bonito pesquisar esses números e os efeitos do RaundUp em nosso meio”, frisou Rosângela.
Para o secretário Geovane Geraldo, o alcance de soluções para questões dessa natureza precisam estar acompanhadas de um bom preparo técnico do profissional e de um mínimo de infraestrutura, questões que o secretário aponta como desafios a serem alcançados em sua passagem pela Secretaria de Meio Ambiente. A presença do secretário também contribuiu para solucionar a questão do descarte de medicamentos vencidos do Lar Maria de Nazareth. A casa, um lar de idosos, será incluída na rota da coleta de lixo hospitalar que é realizada pela Prefeitura.
– Vamos aproveitar a oportunidade para conscientizar a população quanto ao descarte de medicamentos vencidos ou que não serão mais usados. Podemos, inclusive, sugerir que a Câmara Municipal crie uma lei que coloque as farmácias como ponto de coleta. Muitas vezes nós temos esses produtos em casa, não sabemos o que fazer com eles e acabam sendo descartados no ambiente – destacou a presidente do Lar Maria de Nazareth, Suely de Paula.
Lixão do Mato Frio
Ao centro o coordenador da Agenda 21 Rio Bonito, Flávio Azevedo. |
“Um caso de polícia”. É como pode ser descrito o que aconteceu na antiga usina de compostagem de lixo, que era localizada no Mato Frio, localidade entre Nova Cidade e Rio Vermelho. De acordo com a secretária de Turismo, Carmem Motta; também presente na reunião, “tudo que havia naquele espaço foi roubado”. Outro ponto conversado com o secretário foi um incêndio que atingiu o local há cerca de 30 dias. Ele afirmou que o incêndio foi “criminoso” e pode ter sido ateado por alguém que queria roubar os arames dos pneus, “porque depois que os pneus queimam, sobra uma armação de arames que pode ser vendida”.
– Além do sucateamento do local, equipamentos importantes foram roubados daquele espaço. Todas as prensas desapareceram. Equipamentos que chegam a pesar uma tonelada sumiram. A área foi saqueada. O caso foi informado a 119ª DP e uma investigação está em curso para descobrir o destino dos equipamentos. Estamos falando de peças que não podem ser levadas nas costas e para serem erguidas é preciso de auxilio mecânico – denunciou Carmen, que fez outra revelação: “não existe na Prefeitura nenhuma documentação de encerramento das atividades do lixão do Mato Frio”.
O descarte de resto de obra e poda de árvores é outro desafio para a Secretaria de Meio Ambiente de Rio Bonito. De acordo com o secretário Geovane Geraldo, protocolos ambientais e trâmites burocráticos impedem uma resposta rápida para essa necessidade que ele concorda ser “urgente”. Existe um projeto para esse material ser descartado na área do antigo lixão, “mas isso ainda está sendo analisado pela nossa equipe e outros setores da Prefeitura”, explica Geovane.
Na oportunidade o comerciante Moair Schueler se voluntariou para contribuir com os projetos de reflorestamento da Secretaria de Meio Ambiente. O secretário também respondeu perguntas sobre a existência de algum projeto para os rios que cortam o Centro de Rio Bonito. Ele explicou que são projetos que dariam muita vida ao Centro da cidade, “mas são muito caros e dependeríamos de recursos federais e estaduais”, destacou o secretário, informando que a Legislação impede a cobertura dos rios como é sonho de vários riobonitenses.
Conscientização
O secretário anunciou para 2018 uma série de ações de conscientização da população. “Muitos projetos serão desenvolvidos junto às escolas e como o ano letivo está terminando, estamos estruturando as ações para iniciarmos o próximo ano com muita disposição”.
– Problemas do cotidiano como desmatamento, o consumo racional de água, as incomodas queimadas; tudo isso está diretamente ligado a nossa consciência e cidadania. Precisamos focar no comportamento da sociedade. O poder público precisa avançar, mas a população também precisa fazer a sua parte se quisermos ter um futuro – destacou Geovane.
O coordenador executivo da Agenda 21 Rio Bonito, Flávio Azevedo; encerrou a reunião agradecendo a presença do secretário e disponibilizando a Agenda para atuar como parceira nos projetos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Participantes da reunião de outubro da Agenda 21 Rio Bonito, que explorou o tema Meio Ambiente. |
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