Flávio Azevedo
Depois das últimas
derrotas no Judiciário e diante da provável perda de mandato e direitos
políticos (seis anos), a prefeita de Rio Bonito ingressou com agravo regimental
no STJ. O instrumento jurídico é chamado pelos técnicos da área de “agravinho”
e já será analisado na tarde dessa quinta-feira (17/09), às 14h. O propósito dela
é ganhar algum tempo no comando da Prefeitura de Rio Bonito. O meu pai dizia
que “cada minuto que passa é um milagre que não se repete”. No caso da
prefeita, cada dia a frente do Executivo representa a chance de cumprir acordos
e atender compromissos assumidos em campanha (2012). Isso pode ser considerado
uma vitória.
Não é segredo para
ninguém, a montanha de processos que a prefeita tem na Justiça. Todavia, chama
atenção a velocidade que esses processos, inertes há anos, passaram a tramitar
nos últimos meses. Esse cenário nos permite algumas reflexões que não são
palatáveis aos puxa sacos, mas são perfeitamente aceitáveis aos que não têm os
olhos vendados pela ‘boquinha’. Um dos problemas dela é o amadorismo na
condução da sua vida pública, característica que fica cada vez mais evidente. E
não adianta orientar, porque ela se acha autossuficiente.
A certeza da
impunidade, a confiança no poder de convencimento e a convicção de que os eleitores
são tapados e interesseiros são os outros pilares da autossuficiência. Eu não
sei se o amigo já percebeu, mas quem está no poder municipal (todos agem assim)
suga aqueles que estão a sua volta e depois os abandona como se cospe uma goma
de mascar que perdeu o doce. Esse fenômeno, porém, também acontece nas escalas de
poder acima do âmbito municipal.
Com a crise de
credibilidade que os partidos políticos enfrentam, as siglas partidárias iniciaram
processos de renovação dos seus quadros. Entre eles está o PMDB, que é um caso à
parte. Sempre coadjuvante, mas importante na tomada de decisões do país, boa
parte delas contra o povo, o PMDB era aliado do PSDB, mas com a saída dos ‘tucanos’
se aliou ao PT. Isso gerou um desgaste assombroso ao partido, que vive mergulhado
em escândalos, alguns deles investigados pela operação Lava Jato.
O que se percebe é
que a principal representante do PMDB em âmbito municipal também se desgastou e
não combina com a lógica de renovação que os partidos estão pretendendo para as
próximas eleições. Diante desse cenário, quem formou novas lideranças recorreu ou
está recorrendo a esses novos nomes. Mas e quem a vida toda trabalhou aniquilando
as lideranças que ameaçavam surgir a sua volta? Essas pessoas ficaram sem opção
e tendem a desaparecer.
Embora o PMDB não
aguente mais o peso e o desgaste da sua principal representante, a saída dela,
agora, pode colocar a Prefeitura no colo dos grupos políticos adversários. Assim,
a única alternativa do PMDB é manter a prefeita no cargo e permitir o tiro de
misericórdia num momento que os adversários não terão poder de se apresentar como
opções palpáveis. Quando o tiro de misericórdia for disparado, a prefeita será substituída
pelo vereador Marcos Luanda (muito bem votado na cidade nas eleições de 2014,
quando foi candidato a deputado federal).
O vereador, hoje, olhado
pela prefeita como adversário, entra no jogo sem ter adversário e o principal,
sem ser aliado a ela. Por outro lado, o vice-prefeito, Anderson Tinoco (PSDB)
não terá tempo de se viabilizar para concorrer ao pleito; e Matheus Neto (PR), esperando
o ex-prefeito Mandiocão decidir se será candidato, acabará se inviabilizando. A
estratégia do PMDB parece ser essa, resta saber eles combinaram com as outras
siglas partidárias.
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