Flávio Azevedo
Eu não comemorei a chegada de
Ronaldinho Gaúcho ao Fluminense. Quando chegou ao clube, a equipe brigava pelo
título do Campeonato Brasileiro de 2015. Hoje, briga para fugir da zona do rebaixamento.
Jogador que já foi considerado o melhor do mundo, o Gaúcho chegou sob
desconfiança e se despede sob uma certeza: já foi tarde! É visível a queda de
rendimento do time e a divisão do elenco a partir da sua chegada. A rescisão de
contrato entre clube e atleta, que eu classifico como “ex-jogador em
atividade”, foi decidida amigavelmente na noite dessa segunda-feira (28/09).
Segundo reportagem do
G1, amigos de Ronaldinho afirmam que o camisa 10 "quer largar o
futebol" e não aguenta mais jogar. Na análise desses amigos, "uma
história linda não podia ser manchada dessa forma". A palavra usada no
Fluminense foi de que Ronaldinho foi "digno" ao expressar sua vontade
de deixar o clube e reconhecendo seu baixo rendimento. Eu concordo com essa
análise! Se eu não me empolguei com a chegada dele, a forma como está saindo
faz com que eu o admire: reconhecer que não dá mais e pedir para sair não é
fácil e nem todos os atletas têm essa postura.
O comportamento de
Ronaldinho no dia a dia do clube causou seu desgaste. O jogador chegava ao
treinamento uniformizado e logo ia embora sem tirar o uniforme. Essa postura
mostrava o isolamento de um atleta que não se envolvia nas questões
relacionadas ao time. Diante do pouco que apresentou nos primeiros jogos pelo tricolor,
ficou decidido que Ronaldinho precisava de recondicionamento físico, o que o
tirou de algumas partidas.
Nos treinos marcados
para o período da manhã, ele chegava bem antes do horário, sugerindo a
possibilidade de estar virado. Os copos de café e os cigarros eram fiéis
companheiros. Fica nítido que, aos 35 anos, Ronaldo não deseja ser e não reúne
mais condições de ser um atleta profissional.
A postura do jogador
incomodou o capitão Fred, que em várias ocasiões, mesmo vetado pelo
departamento médico, vai ao estádio, inclusive, dando um forte sermão na equipe
após as derrotas. “Quem tiver comprometimento com o clube deve remar junto comigo
pela recuperação no Brasileiro”, disse o capitão. Na rodada seguinte, contra o
Coritiba, no Couto Pereira, Fred ainda não tinha condições de atuar. Mas, para
dar o exemplo, viajou com a delegação, ficou no banco de reservas e atuou como um
"auxiliar" técnico.
Aos que tentaram
comparar a contratação de Ronaldinho a de Deco, outro atleta brilhante, que
chegou ao clube em fim de carreira, analisem a vida particular de ambos e você
perceberá uma enorme distância entre o Gaúcho e luso-brasileiro. Sobre
Ronaldinho, eu lamento o triste fim de carreira de um atleta que por muitos
anos encheu os nossos olhos com o seu encantador futebol, marcou o seu nome
como um dos grandes do futebol brasileiro e se despede do esporte de forma
melancólica e triste.
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