terça-feira, 20 de agosto de 2013

A criminalidade aponta para um futuro sombrio que está sendo ignorado por todos nós

Texto: Flávio Azevedo
Foto: Facebook
Riquinho foi assassinado no Centro de Rio Bonito nessa segunda-feira (19/08).
Segundo informações, ele respondia pelo apelido de “Riquinho” e foi morto a tiros por volta das 18h dessa segunda-feira (19/08), no centro de Rio Bonito, próximo ao antigo prédio do DNER. Há cerca de uma semana, numa conversa com a prefeita Solange Almeida (PMDB), ela demostrava muita preocupação com a questão da violência e das drogas em nossa cidade. O padre Eduardo Braga, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, há muito tempo fala sobre esse assunto e cobra uma mobilização da sociedade contra as drogas e, consequentemente, contra a violência.

Fica muito nítido que Rio Bonito deixou de ser uma roça e aquele papo de lugar de “gente pacata” desapareceu ao longo dos anos. A “Cidade Risonha” há muito tempo experimenta os efeitos negativos de uma grande metrópole! Vale lembrar que outras lideranças riobonitenses também estão atentas a questão da violência, das drogas, mas não existe uma movimentação uniforme nessa direção. O combustível desse mal é bem espesso; as razões para a nossa inércia são muitas, sendo a principal delas, a dificuldade de cortar a própria carne.

A certeza de que filhos (a), sobrinhos (a), primos (a), irmãos (a), pais (e mães), enteados (a), tios (a), compadres e padrinhos, fazem parte dessa cadeia criminosa que envolve o tráfico e o consumo de drogas adormece a indignação e, covardemente, ficamos esperando “quem será o próximo” sem atentar para o fato de que esse “próximo” pode ser um de nós. Debates nessa direção, pelas razões já elencadas acima são vagos, vazios, por vezes coniventes, e não conduzem a lugar algum. As colocações mais incisivas são ouvidas com ceticismo e, por vezes, uma fala mais arrojada é encarada como radical.

A criação de uma Secretaria Municipal Antidrogas é uma iniciativa louvável, mas se a sociedade não se apropria dessa ideia fazendo uma verdadeira parceira publico-privada, pouco se conseguirá fazer. O problema é que diante desse cenário de horror, a política partidária contribui negativamente, pois os discursos produzidos nessa direção são estrábicos; as colocações são egoístas; as discussões sobre o tema acabam sendo tendenciosas; e consequentemente o municipalismo e o comunitarismo se perdem sob a lógica do “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

Em nosso país, em nosso estado e em nossa cidade, o assunto drogas e violência não têm solução porque as soluções sempre são pensadas pelo viés político partidário. O pensamento social, cidadão e o senso de participação geralmente ficam em segundo plano. A Educação e os educadores não são trazidos para a mesa de debates e as políticas públicas dão lugar a ações meramente compensatórias e eleitoreiras. Sim, o poder público é incompetente para resolver essa e outras questões, mas essa incompetência é motivada pela inércia popular, que, especificamente sobre esse tema (drogas e violência), se recusa a assumir a sua responsabilidade.

Caso esse cenário permaneça, caso a sociedade se mantenha cínica e inerte, só nos restará acordar a cada dia com a triste pergunta: “quem será o próximo?”.


Precisamos trabalhar com as famílias. Na verdade, essa é a preocupação que deveríamos entender como salutar e urgente. Contudo, nós precisamos nos perguntar também, “de que família nós estamos falando?”. Enquanto não percebermos que o conceito de família mudou, nós não iremos chegar a lugar algum! 

Assim como o usuário de droga só consegue se recuperar quando reconhece a sua dependência, a sociedade só conseguirá se recuperar quando perceber que ela, a começar das famílias, está doente e precisa de tratamento. E essa não é atribuição apenas do poder público, mas de todos nós que vivemos nessa sociedade.

Não adianta presidente, governadores, deputados, senadores, prefeitos e vereadores criarem mil projetos, se a sociedade, sobretudo as famílias, não abraçar os tais projetos. Esse problema não é dele, nem dela, é NOSSO! Se não entendemos assim, lamento muito, casos como esse vão continuar e irão aumentar a olhos vistos como já está acontecendo!

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