sexta-feira, 23 de setembro de 2011

E continuam os incidentes desagradáveis com Guardas Municipais em Rio Bonito

Flávio Azevedo - Reflexões

Como resposta ao texto feito, ontem (22/09), no meu Facebook, pela minha amiga e professora, Nazareth Mello, eu decidi escrever algumas reflexões sobre o tema:

"Oi, Flávio!!! Acabou de acontecer uma situação comigo que preciso te contar. Precisei entrar na rua dos bancos (interditada) para fazer uma compra na loja Realce. Assim, parei o carro perto do guarda de trânsito, que se encontrava em frente ao antigo Unibanco e expus minha situação (nem seria necessário, pois meu carro tem um adesivo de deficiente no vidro da frente e, também, no traseiro).

Solicitei que ele retirasse o cone no que ele prontamente atendeu.
Estacionei em frente à loja e a menina logo veio me atender. Estava eu escolhendo um brinco, quando ouço um apito insistente e alguém falando muito alto. Ao levantar a cabeça vi uma criatura fazendo sinal para mim e gritando que ali não podia estacionar, que tinha que sair imediatamente e foi se aproximando na maior falta de respeito.

Eu e Carminha, a dona da loja, tentamos explicar e o sujeito disse que eu havia entrado na rua sem permissão do guarda. Aí, fiquei muito irritada porque não tenho idade e muito menos história pra ser chamada de mentirosa. Não conheço a pessoa, mas segundo disseram ele é o chefe da guarda. É triste você ver pessoas tão despreparadas exercendo cargos como esses.

Quero deixar aqui registrada a minha revolta por morar numa cidade em que nasci, me criei e fui professora por mais de trinta anos e onde tenho de repetir todos os dias aos guardas: EU SOU DEFICIENTE."


Dias atrás eu escrevi que Rio Bonito precisa de um gestor com perfil de síndico. Ou seja, aquele cara que se preocupa com irregulares menores, fatos que parecem ser simples e corriqueiros, mas que na sua essência servem de base para irregularidades maiores e episódios desagradáveis. Algumas pessoas não gostaram... Outras concordaram... Mas eis que surge uma nova história, onde a figura do tal síndico poderia atuar.

Conversei com o comandante da Guarda Municipal sobre o ocorrido. Percebi que ele ficou constrangido. Porém, fica muito nítido que como todo “bom policial”, ele atirou primeiro e perguntou depois. Nesse caso que aconteceu com você Nazareth, ele apitou primeiro e perguntou depois. Mas estamos falando de um policial militar, que foi treinado para isso!

Diz um ditado que o “uso do cachimbo faz a boca torta”! E penso que o comandante da Guarda Municipal, Márcio Soares, um PM com cerca de 25 anos de “farda”, não agiu diferente do que agiria no seu antigo Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), ali no 2º Distrito (Boa Esperança). Aliás, penso também, que ele, certamente, nunca fez um curso de comandante de Guarda Municipal, corporação que não é igual as Polícias, Militar e Civil, embora alguns pensem que é.

O antigo comandante da Guarda Municipal de Rio Bonito, o popular Machado, era da Marinha (veja só), e acredito que ele também nunca tenha passado por uma preparação para lidar com os munícipes. Aliás, caso o atual comandante seja substituído, o seu sucessor, tenho certeza, também não terá o preparo que nós percebemos ser necessário para ocupar esse cargo. Logo, a troca seria o famoso “seis por meia dúzia”.

Entretanto, não são poucos os militares e policiais de toda ordem que almejam o comando de uma Guarda Municipal. Por outro lado, não são poucos os prefeitos que escolhem para esse cargo, pessoas que não estão preparadas ou foram treinadas para a função. E esse fenômeno se repete em outros setores das Prefeituras Brasil a fora.

A Guarda Municipal precisa de uma estrutura hierárquica, com funções específicas, como acontece com a polícia. A truculência, infelizmente, em alguns momentos se faz necessária. Mas a maior parte do tempo, uma Guarda Municipal precisa atuar na prevenção. E, em Rio Bonito, isso significa "tirar leite de pedra", porque aqui, uma maioria esmagadora de motoristas e motociclistas são seres carentes de educação, respeito e bom senso.

Mas esse caso desagradável pode servir de ponto de partida para debates importantes entre autoridades e sociedade. Por exemplo: por que Rio Bonito não tem uma Secretaria Municipal de Segurança Pública ou de Ordem Pública? Seria porque a cidade é um exemplo de organização? Seria Rio Bonito uma Noruega, onde os crimes não acontecem? Ou o verdadeiro motivo é o fato de nós não querermos ser “importunados” por “ridículos” guardas e/ou fiscais, quando estivermos cometendo pequenas e “inofensivas” irregularidades? Talvez, porque se tornaria mais difícil para os “políticos de porta de delegacia”, conseguir abafar prisões e histórias que deveriam ser apuradas e corrigidas. É... Pode ser...

Penso que a falta de ordenamento do trânsito, de ordenamento urbano, as ocupações de solo desordenadas e ilegais, em fim... A falta de respeito com o semelhante! Tudo isso são deformidades sociais que só poderão ser corrigidas com Educação e conscientização. Mas existe alguma campanha educativa e/ou de conscientização em nosso município? Acredito que essas são iniciativas que devem nascer da Prefeitura, mas também das entidades representativas de classe e de todos nós.

Todavia, enquanto isso não acontecer, o cidadão continuará sendo destratado, os representantes do poder público continuarão sendo olhados com desconfiança e desrespeito e a civilidade continuará distante da nossa cidade!

3 comentários:

  1. Estava preparando um comentário sobre o lamentável ocorrido com a querida profª, quando fui remetido a outro texto sobre respeito...é o que está faltando em nossas relações. http://overrunning.blogspot.com/2011/09/respeito.html

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  2. Simplesmente LAMENTÁVEL, lendo o texto da Nazareth me senti tão ofendido quanto ela.
    Mais do que a ACESSIBILIDADE garantida por lei e desconhecida por muitos, isso, como já dito por Flávio e comentado por Ricardo, é questão de RESPEITO, EDUCAÇÃO, BOM SENSO, VALORES...

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  3. Hoje um guarda Municipal agrediu um cidadão desarmado e que não havia cometido qualquer ilícito. Veja em http://limpezariomeriti.blogspot.com/2012/01/rio-bonito-violencia-guarda-municipal.html

    Newton Almeida

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