Transporte Universitário – Suicídio Coletivo?

Por Flávio Azevedo - Reflexões

Tomo conhecimento via Facebook, que ontem (29/08/2011), por volta das 23h30min, parte dos universitários riobonitenses escapou de um trágico acidente porque o pneu dianteiro de um dos ônibus estourou (foto capturada também no Facebook)! Segundo os internautas, o pior não aconteceu porque Papai do Céu e o motorista, identificado apenas como Ricardo, conseguiram controlar o veículo. Esse tema, transporte universitário, há mais de 10 anos clama por atenção! A superlotação é flagrante! Geralmente o ônibus viaja com mais de 100 alunos! O que fazer?

Quero lembrar aos amigos que o meu grande objetivo como jornalista – que muito viajou no ônibus –, não é "caçar bruxas", mas trazer o assunto ao debate. Aliás, como é difícil discutir alguma coisa em Rio Bonito fora do viés político!

Devo destacar que em 2006 – se não me engano – a Prefeitura Municipal adquiriu quatro novos ônibus para o transporte universitário. Entretanto, seguindo a ordem natural das coisas, o número de jovens que buscam o ensino superior vem crescendo a cada dia. Além disso, as mensalidades mais acessíveis e os programas do governo federal estimulam e oportunizam a entrada dos mais humildes no ensino superior. Se o número de universitários aumenta, os ônibus não aumentaram.

Diante desse cenário, o que fazer? Comprar mais ônibus? Pode ser, mas o município corre o risco de em pouco tempo estar rivalizando com a Rio Ita e a São Geraldo, porque a tendência é o número de universitários crescer cada vez mais. As pessoas vão continuar buscando o transporte universitário e os ônibus sempre serão insuficientes e as passagens sempre muito caras (a foto a seguir é emblemática! Manifestação de 2009).

Fica então a pergunta: porque não podemos ter os cursos de nível superior em Rio Bonito? É claro que nem todas as graduações poderão ser oferecidas, mas Fisioterapia, Enfermagem, Informática, Pedagogia, Direito, Administração (já temos na Faculdade Cenecista – FACERB), Educação Física, entre outros cursos que estão entre os mais procurados, poderiam ser oferecidos na cidade. O poder público poderia fazer um esforço para tê-los aqui. Quem sabe chamar Silva Jardim e Tanguá para se consociarem para atender essa demanda que é deles também!

Alguém já perguntou a FACERB se ela pode disponibilizar algum desses cursos – hoje só tem administração? Os gastos mensais com combustível, motoristas e manutenção dos ônibus, não poderiam ser direcionados aos cursos em Rio Bonito?

Também sabemos que nem todos os viajantes do ônibus são universitários. Muita gente faz curso técnico em São Gonçalo e Niterói. Então eu pergunto: onde estão os cursos técnicos de Rio Bonito? Não estão prometendo isso desde 2007 quando começaram a falar de Comperj? Caso exista os cursos técnicos na cidade, o volume de gente nos ônibus já diminui.

É claro que um ou dois ônibus continuariam transportando universitários de graduações menos comuns e cursos mais difíceis de serem montados, mas um grande volume de universitários e alunos de curso, diante desse cenário que eu apresento, certamente continuaria estudando por aqui.

Falta ação ao poder público? Concordo, mas também percebo que falta mobilização e estímulo para os jovens. Não vemos a sociedade civil organizada e os seus órgãos representativos se movimentando nessa direção. Reclamar no balcão do botequim ou no banco da praça não vai adiantar. E, por último, os pais dos universitários, que deveriam estar junto com os seus filhos nessa questão, estão andando para o tema. Não querem se indispor com o poder público, por uma série de desculpas absurdas, mas principalmente pelo famoso rabo preso!

Lembro que nas manifestações de 2006, que motivou a compra de novos ônibus, apenas 10% dos estudantes participou do movimento. Nas manifestações de 2009 (fotos),duas ou três mães acompanharam os filhos. Essa ausência de preocupação me incomoda e, talvez seja ela o motivo de não termos mais ônibus universitários, e, talvez, a nossa tão sonhada faculdade em Rio Bonito.


Em 2009, os universitários lotaram a Câmara Municipal em busca de apoio dos vereadores, mas os resultados não foram satisfatórios. Tudo continuou como dantes! Concluindo, mais uma vez, o Transporte Universitário está na mídia! O que será feito? Vão continuar oferecendo alternativas paliativas aos nossos jovens? Há mais de 10 anos o tema pede um debate sério e responsável. Fico com a impressão que vão esperar acontecer uma tragédia para resolver o assunto!