Por Flávio Azevedo - Reflexões
Na semana passada (18/08/2011), uma mensagem do poder Executivo, pedindo que os vereadores riobonitenses aprovassem a concessão da água produzida em nosso município para a Companhia Estadual de Água e Esgotos (Cedae), gerou polêmica, indignação e mal-estar. O assunto promete ser tema de uma longa e árdua briga. Segundo a Mesa Diretora da Casa, a mensagem subiu com pedido de urgência, ou seja, deveria ser votada no mesmo dia.
Com a experiência de cinco madatos, o vereador Aliézio Mendonça (PP) – não sabemos se sentiu cheiro de podre no negócio – pediu vista na matéria. Os vereadores Humberto Belgues (PSDB) e Saulo Borges (PTB) criticaram a pressa do Executivo para aprovar a matéria e denunciaram uma série de abusos que estão sendo cometidos pela Cedae.
Bom, no calor da eleição municipal que se aproxima, o assunto se arrasta e os bastidores políticos e a rádio corredor narram histórias perversas, medonhas, mas não surpreendentes. Se a situação deixa os vereadores pouco a vontade, o prefeito José Luiz também está desconfortável. Nunca é demais lembrar que no seu primeiro mandato (93/96), diante de fato semelhante, Mandiocão se dirigiu para o salto de Braçanã e desafiou: “quero ver quem vai pegar a nossa água de qualquer maneira!”. Nessa o povo saiu vitorioso!
Se os vereadores temem rejeitar a mensagem e dar discurso para o Executivo repetir a ladainha da última eleição (deixa o homem trabalhar!), o prefeito, que tem artifícios de conduzir essa questão sem consulta a Câmara, quer dividir a responsabilidade com o parlamento, para não ser rotulado como responsável pela decisão, contrária ou favorável a concessão.
Em minha modesta opinião, esse assunto transcende o viés político/partidário! A título de reflexão, vale lembrar que quando quiseram dividir, com outros estados, o petróleo produzido em território Fluminense, o governador Sérgio Cabral (PMDB) foi o primeiro a mobilizar o seu estado contra a ideia. Entretanto, para explorar a água que é produzida em solo riobonitense, ele demonstra outra postura. Talvez, ele esqueça que a água, assim como o petróleo, é um mineral nobre e também condenado a extinção.
Por tanto, senhor governador, assim como o petróleo Fluminense é nosso, a água riobonitense também é nossa! Vamos, porém, fazer um trato: caso o senhor aceite dividir, graciosamente, o petróleo produzido no estado do Rio de Janeiro com os outros estados da Federação, como preceitua a “Emenda Ibsem”, nós aceitaremos dividir a água riobonitense com as outras cidades do estado.
Além disso, a empresa que se chama de Companhia Estadual de Água e Esgotos, em Rio Bonito só cuida da água, e, principalmente do recebimento da tarifa. Mas e o esgoto? Por mais que façamos força, não conseguimos nos lembrar da Cedae cuidando do saneamento de um bairro, do manilhamento de uma vala negra, por que será? A companhia não cuida da água e do esgoto?
A impressão que nos dá é que os políticos acham que nós somos crianças! Por exemplo, na famosa concessão da RJ – 124 (ViaLagos), ocorreu algo parecido. O então governador Marcelo Alencar, junto com a sua guarda pretoriana, aprovou a concessão da rodovia. O resultado é conhecido! Até hoje, quando decidimos visitar a Região dos Lagos, nós pagamos o pedágio mais caro do Brasil.
Algum tempo depois, não sabemos para beneficiar a quem, a Justiça ordenou o fechamento de uma estrada centenária que ligava as localidades de Jacundá e Mineiros. O trecho era utilizado por motoristas que queriam fugir da tarifa exorbitante. Segundo o folclore político riobonitense, supostamente caros presentes teriam sido distribuídos entre algumas pessoas para quem não vissem nada. Um dos mimos teria sido uma mansão em Búzios. Nessa o povo saiu derrotado!
E nessa atual batalha? Quem será vitorioso? Depois de ganhar uma e perder outra, essa seria a “negra”! Será que nós vamos rever aquele líder que encarou a sacanagem e expulsou os usurpadores, ou vamos amargar a história da estrada que foi arbitrariamente lacrada sem que ninguém falasse alguma coisa? Penso que devemos aguardar os próximos capítulos dessa novela! E como disse Ernesto: “é preciso ser duro, mas sem jamais perder a ternura!”.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
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