terça-feira, 8 de outubro de 2024

O prefeito eleito e seus desafios

Eleito nesse domingo (06/10) prefeito de Rio Bonito/RJ, o ex-deputado, Marcos Abrahão (União Brasil); terá desafios similares aos enfrentados pelo prefeito, Leandro Peixe (Solidariedade) quando este começou a governar em 01/01/2021. Acredito que Abrahão deve estar contando as horas para assumir suas prerrogativas e certamente concentrado em fazer um governo que nunca foi visto por aqui. Governo é igual casamento. Assim como ninguém casa pensando em separar, ninguém assume um governo planejando errar.

Em Rio Bonito quem governa enfrenta desafios. O primeiro deles é a matemática. Preferido de 28,43% (10.082 votos) do eleitorado, Marcos Abrahão iniciará a gestão tendo contra ele 71,51% dos eleitores. Desse percentual 26,90% (9.541 votos) votaram em Uiltinho Delaroli (PL); 26,55% (9.414 votos) optou por Leandro Peixe; 17,51% (6.209 votos) escolheu Solange Almeida (AGIR) e 0,61% (218 votos) votou em Vinicius Diplomata (Mobiliza). Outros números a se destacar: o município conta com 46.133 eleitores, mas a Justiça Eleitoral contabilizou 37.272 votos (80,79%); sendo válidos 29.255 (78,49%); brancos 663 (1,78%); nulos 1.145 (3,07%); e 8.861 (19,21%) abstenções. Esses ausentes não escolheram ninguém.

A parte ruim da nossa conversa, porém, começa agora. É que está nas mãos do eleitor, sobretudo daqueles que escolheram votar em Marcos Abrahão (10.082 eleitores), o sucesso do seu governo. Boa parte dos brasileiros faz com o voto o que faz com as crianças. Muitos pais entregam os filhos à escola e viram as costas sem olhar para trás. O eleitor em sua maioria confia o voto ao candidato e vira as costas, só se lembrando da existência da política na próxima eleição municipal.

Conhecendo o temperamento do povo, mimado pelo assistencialismo governamental, prática que forja mentalidades dependentes, a classe política, bem ao estilo dos pais frouxos, tem medo de tratar disso e cobrar o exercício da cidadania (participação e consciência). O receio dos eleitos é desagradar e melindrar o eleitor e, logicamente, perder o voto. Esse é mais um desafio.

Outro obstáculo é a falta de honestidade dos opositores políticos. Esperar por isso utopia. Em Rio Bonito, enquanto estiveram no poder, Mandiocão não contou com essa honestidade; Solange nem pensar; Peixe também não; e Marcos Abrahão, é claro, também não contará com oposição honesta. Aliás, é na hora que a pedra vira vidraça que ela consegue mensurar o peso das pedradas que desferiu. Se as hipérboles desse jogo não educam os políticos, imagine se educariam o povo. Essas considerações a respeito da “honestidade de opositores políticos” podem ser estendidas também aos integrantes do Legislativo, sobretudo os novos vereadores.

Também é importante falar da ansiedade e da pressa, características dos povos latinos. Essa dupla, ansiedade e pressa, fragiliza qualquer gestão, seja na área pública ou privada. Especificamente na gestão pública, também é desafiador gerenciar o grupo comumente dividido entre quem tem objetivos individuais e os que sonham em realizações coletivas (a minoria). Nesse pacote podemos colocar o eleitor e o grupo de campanha, sempre dividido em duas frentes: o ‘sonhador’, realmente focado em mudar as coisas; e o ‘aproveitador’, que deseja unicamente se dar bem.

A incompreensão desses cenários atrasa os trabalhos, diminui realizações e frustra expectativas. Está muito nítido que não perceber essas nuances resulta em derrota no próximo pleito. Vamos em frente! #flavioazevedo

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