Flávio Azevedo
Reunião tumultuada no Iprevirb marcou o início da semana. |
Essa semana Rio Bonito deu mostras de que ainda permanecerá estagnada em todos os seus segmentos por alguns anos. É possível afirmar que o riobonitense seguirá patinando em velhos e manjados problemas, entre eles – talvez o mais grave – a repetição do voto em políticos que se repetem há décadas no poder. O pior de tudo nesse contexto é que ao contrário do vinho, que envelhecido fica mais saboroso e valioso, a dupla que governa Rio Bonito, com o passar do tempo, fica mais ranzinza, debochada, antiquada e ainda mais fechada em práticas e conceitos ultrapassados e em desconformidade com o progresso.
Todavia, a permanência de nomes ultrapassados a frente do município só acontece por conta do riobonitense, sempre crítico e ativo, mas nas conversas de banco de praça, papos de botequim, filas de banco e lotéricas e mais recentemente nas mídias sociais. Curiosamente o cidadão virtual é bem diferente do real, que sucumbe a qualquer oferta financeira, vantagem pessoal ou posição que o destaque e acaricie o seu ego.
O secretário de Saúde, Matheus Neto, conduzindo a Pré-Conferência de Saúde no Parque Andréa. |
Essa leitura preambular é possível após a análise de cinco reuniões ocorridas em Rio Bonito essa semana. Na segunda-feira (12/06), a Associação de Moradores do Parque Andréa recebeu a Pré-Conferência Municipal de Saúde, que se repetiu na quarta-feira (14/06), para um público diminuto, na Câmara Municipal de Vereadores, que no dia anterior, terça-feira (13), sediou Audiência Pública sobre Educação, evento que focou o Plano Nacional e Municipal de Educação (PNE/PME). Na Câmara, meia dúzia de gatos pingados compareceu a ambos os encontros.
Também na quarta-feira (14/06), o Colégio Estadual José Matoso Maia Forte, na Praça Cruzeiro; recebeu a reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), prestigiado por pouco mais de 20 pessoas, número similar ao de presentes na Pré-Conferência Municipal de Saúde do Parque Andréa. Ao contrário do que reclamam os ativistas virtuais, os espaços públicos funcionaram e estiveram abertos para receber esses eventos. A Casa Legislativa em duas oportunidades, uma unidade escolar e uma associação de moradores. Quem não funcionou foi a sociedade, que não compareceu e vive reclamando não ser ouvida.
Número de diminuto de pessoas na Pré-Conferência da Saúde, na Câmara Municipal de Rio Bonito. |
Apesar da importância dos temas, o assunto que dominou as conversas na semana foi o circo de horrores armado pelo prefeito da cidade na sede do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Rio Bonito (Iprevirb), na manhã da segunda-feira (12/06). Com a desculpa de que iria entregar pessoalmente o repasse mensal que Prefeitura precisa efetuar ao Instituto, o chefe do Executivo aproveitou a oportunidade para colocar para fora velhas mágoas, tentar jogar a opinião pública contra desafetos e instituições que não comungam com os seus pensamentos e nada respondeu sobre as suas responsabilidades, por exemplo, a dívida do município com o Iprevirb, situação que tem penalizado duramente o servidor inativo.
Numa semana que reuniões decisivas propunham pensar a Saúde, a Educação e a Segurança, setores que formam a espinha dorsal da administração pública, a caricatura dominou as ações. A polêmica tomou o lugar das ideias, a bravata substituiu a proposta e o grotesco ofuscou a reflexão. É claro que os grupos econômicos que financiam quem comanda a cidade vibram com cada vitória conquistada por seus ‘instrumentos políticos’. Aliás, entre as tarefas desses ‘instrumentos políticos’ está promover o descrédito, o desânimo e a cultura do “deixa quieto, porque isso é nunca vai mudar”.
Professora Andréa Guimarães conduzindo a Audiência Pública da Educação na Câmara Municipal. |
Esse conjunto de fatores é o responsável direto pela falta de participação e envolvimento da sociedade em espaços que são seus (conselhos, fóruns e instituições). As pessoas estão dominadas pelo “Fenômeno Tostines” (é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?). Para justificar o desinteresse, o tempo todo usam como desculpa, a muleta do “momento de descrédito que a política nacional atravessa”, o que é uma falácia, uma vez que nos momentos de economia aquecida e perspectivas positivas, essa ausência já existia. Cabe então fazer uma provocação, sobretudo aos ativistas virtuais: “a sociedade não participa, porque não se sente representada; ou não se faz representar, porque não participa?”.
Enquanto os espetáculos de horror forem preferência popular; enquanto a reflexão for encarada como um exercício cansativo e enfadonho; enquanto quem deveria pensar o futuro seguir olhando para o passado; a sociedade caminhará em círculos, será violada em todos os seus direitos e reproduzirá com exatidão a apavorante lição do “Mito da Caverna” de Platão. Para concluir cabe como uma luva a clássica emblemática e verdadeira frase sempre proferida pelo filósofo e professor, Mário Sérgio Cortella: “os ausentes nunca têm razão”.
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