Flávio Azevedo
Se algumas pessoas classificam o ministro Geddel Vieira Lima como “figura proeminente da política baiana”, eu prefiro classificar esse malandro como “figura que envergonha a política baiana”. Estado belíssimo, carregado de história e berço da civilização brasileira, a Bahia também carrega os seus pesos históricos, por exemplo, o todo poderoso cacique, Antônio Carlos Magalhães (ACM), ou “Toninho Malvadeza”, morto em 2007. Aliás, nunca é demais lembrar que Geddel Vieira Lima é afilhado ACM e sempre foi muito próximo de Luiz Eduardo Magalhães, filho de ACM, que morreu em 1998.
O ministro Geddel acaba voltando a mídia, por ter feito pressão sobre o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero; para que ele liberasse obras embargadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Salvador/BA, onde ele (Geddel) é dono de um imóvel (que picareta!). É claro que o velhaco está negando tudo, mas a cara de paisagem dele e dos seus defensores (ou seriam comparsas?) é uma tremenda confissão de culpa!
Mas o ministro Geddel é velho personagem de histórias mal contadas. Por exemplo, um caso de 1993, quando ele era deputado federal e foi citado no escândalo dos “Anões do Orçamento”. Segundo a denúncia, parlamentares, entre eles Geddel, manipulavam emendas para beneficiar empreiteiras (o caso é antigo). Habilidoso e contando com um padrinho do quilate de ACM, ele acabou inocentado na CPI que investigou o caso.
Na época, o ex-deputado João Alves foi apontado como articulador do esquema que envolveu 37 parlamentares e movimentou cerca de R$ 100 milhões (merreca diante do futuro petrolão). Os denunciados foram acusados de cobrar propina de empreiteiras para incluir obras no Orçamento da União (já ouvimos essa história em algum lugar) ou conseguir recursos nos ministérios para garantir a realização dos projetos. Dos 37 picaretas investigados, apenas seis perderam o mandato.
Outra historinha
Em 2002, Geddel Vieira Lima protagonizou um bate-boca com o ex-presidente Itamar Franco, na época governador de Minas. Após ser chamado por Geddel, então líder do PMDB na Câmara, de “desleal” e “nômade partidário”, Itamar retribuiu a acusação classificando-o como “percevejo de gabinete”, “vendedor de sigla” e “anãozinho do Orçamento”.
Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), foram introduzidos na política pelo pai, o ex-deputado Afrísio Vieira Lima, morto este ano. Rompido com a família Magalhães, Geddel foi ministro da Integração Nacional do ex-presidente Lula (2007/2010), período que foi acusado de destinar a maior parte dos recursos da pasta para seu Estado. Ele deixou a Esplanada dos Ministérios para concorrer ao governo da Bahia, mas perdeu a eleição para o petista Jaques Wagner (2010).
Voltou para o governo federal como vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, de onde saiu em 2013, após divulgar uma mensagem em uma rede social pedindo que a então presidente Dilma Rousseff (PT) publicasse sua exoneração do cargo. Tudo indica que o perfil de hábil negociador político tenha sido lapidado no período de proximidade com a família Magalhães, sobretudo com o falecido Luiz Eduardo, a quem chamavam “Príncipe dos Deputados”, pela habilidade que o filho de ACM tinha para transitar em todos os grupos políticos, dialogar com todos os partidos e ainda defender o que acreditava.
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