Flávio Azevedo
A menor de idade que foi vítima de estupro coletivo deixa o Hospital Souza Aguiar, acompanhada da mãe - Gabriel de Paiva / Agência O Globo |
Uma menina de 16 anos... Provavelmente
drogada... Trinta e três (33) homens, isso mesmo, 33 sujeitos possuídos por
Satanás... Um rodízio macabro, escroto... Todos eles estupraram essa jovem. O
crime aconteceu no último dia 21 de maio, numa comunidade da Zona Oeste da
cidade do Rio de Janeiro. À polícia, ela contou que foi a casa do namorado,
adormeceu e acordou noutro lugar na mão desses monstros. A divulgação dessa
notícia indignou o país. Quem é pai de uma menina (o meu caso) logo pensa: “e
se fosse a minha filha?”.
Há quem discorde e ache um absurdo a indignação
da sociedade. Usam teorias acadêmicas para defender esses 33 monstros. Bom, para
quem curte vagabundo a minha sugestão é que você se coloque no lugar da adolescente
violentada ou pense que ela é sua filha. Duvido muito que a sua compaixão por marginais
seguirá de pé. O Brasil quer rapidez nas investigações e punição rigorosa para essas
33 desgraças.
Ao tratar do assunto, a mídia dá a sensação
que deseja a narrativa, mas nunca se aprofunda no assunto. A argumentação é de não
se pode opinar, “porque a notícia só pode contar a história”. Quem concorda com
isso parabéns! Eu ando na contramão dessas regulamentações que tem o objetivo
de controlar e vigiar as opiniões. Há quem ache que somente os oráculos da
razão, geralmente um bando de frouxos e vaselinas, podem opinar nos noticiários.
Diante desse fato, eu gostaria de
propor uma reflexão para entendermos o que está acontecendo com a sociedade brasileira...
Por que esse tipo de situação acontece? Por que as mulheres não são
respeitadas? O que os homens têm na cabeça? Você sabia que boa parte dos homens
acha que as meninas são bonecas infláveis? A jornalista, Leilane Neubarth,
durante a apresentação do Jornal das 10 da Globo News, nessa quinta-feira (26/05),
ao noticiar esse ocorrido destacou que os homens são criados por mulheres...
Mas por que então os meninos são tão escrotos?
Eu lembro bem como era difícil ser
menino quando eu era criança. As horríveis brincadeiras de mau gosto; ter que bancar
o troglodita, para dizer que é homem; brigar por razões ridículas; ser
grosseiro, deselegante e porco, “porque homem que é homem é assim”. Para
muitos, andar bem trajado, manter os cabelos penteados, exalar bons aromas, dialogar
sem palavrões, gostar mais de leitura que de futebol, ter boas notas na escola,
tudo é sinal de que “ESSE MOLEQUE É VIADINHO!”.
É nesse clima que os meninos são
criados, catequisados, forjados (e comigo não foi diferente!). Muitas vezes o
treino é dado pelo pai (não foi o meu caso), mas o instrutor de grosseria pode ser
o irmão mais velho, por exemplo. Caso o menino não tenha pai ou irmãos mais
velhos, os tios e primos se encarregam de transformar o garoto num troglodita
imbecil que acha serem as mulheres um objeto para sua satisfação. Muitos pensam
que elas são brinquedos eróticos, que eles descarregam as energias e colocam
ali no cantinho. Há quem conduza as suas relações sexuais como se esse ato fosse
uma mera masturbação.
Sim amigos, no Brasil um menino não
pode ser sensível! Um garoto não pode derramar uma lágrima! Quem nasce homem não
pode ter compaixão. Homem que é homem sempre tem que levar vantagem e não
importa por que meios. Agir diferente disso significa que “VOCÊ É MULHERZINHA”.
E não fique escandalizado, porque é assim que nós somos criados! As
brincadeiras e o linguajar dos meninos são nojentos... “Eles são assim mesmo!”,
dirá um adulto ao ser questionado por uma criança que não consegue se enquadrar
nessa lógica bronca. A conversa dos garotos é carregada de sexualismo, de
termos que remete aos órgãos genitais masculinos e femininos, “porque isso é
normal em todo garoto!”.
Eu concordo que esses 33 bandidos
poderiam estar drogados, mas nós meninos somos forjados a ter esse
comportamento e dar sequência a ele. Na fase adulta, as infidelidades conjugais,
as agressões, os pulos de cerca, o tratamento grosseiro e deselegante da esposa...
São consequências de um passado onde o menino foi formatado pela lógica do
desrespeito a mulher.
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