Flávio Azevedo
Segue gerando muita polêmica, as recentes mudanças aprovadas
para o Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Rio Bonito (Iprevirb).
Pelo placar de 4x3 foi aprovado o desconto de previdência para inativos; criação
de novos cargos; e ampliação do mandato de quatro para seis anos, com
possibilidade de prorrogação por igual período. A aprovação ocorreu na última quinta-feira (28/04),
durante sessão Legislativa itinerante na Escola Municipal Albino Thomas de Souza
Filho, no bairro Monteiro Lobato (BNH). O único protesto veemente veio da
servidora municipal, Nelma Sá, que depois da reunião não escondeu sua
insatisfação. Nas mídias sociais, ela segue fazendo postagens críticas às
mudanças.
Como o tempo de meias medidas e meias palavras já passou, eu
não posso deixar de responsabilizar o funcionalismo municipal pelos absurdos
que há anos ocorrem no Iprevirb. Está nítido que o servidor precisa se
apropriar do espaço que é dele. Aliás,
todo servidor deveria votar contra o político que só o enxerga como lavoura e
instrumento de confirmação de poder. Segundo Maquiavel, “um reino dividido é
facilmente dominado” e isso vem acontecendo há muito tempo.
Em minha modesta opinião, o funcionalismo nunca se valorizou.
Em nome do "preciso pagar contas e sustentar minha família", muita
gente se permite participar de absurdos que irão violentar o seu próprio futuro,
uma vez que o Iprevirb só fará parte da sua vida, quando ele estiver inativo. O
curioso é que 95% do quadro do Iprevirb é formado por funcionários efetivos, ou
seja, gente que vai depender do Instituto ao se aposentar. Muitos esquecem que Solange,
Mandiocão e a maior parte dos vereadores não são servidores municipais, logo, não
terão apreço pelo Instituto.
Navegando pelas mídias sociais, muitas críticas eu vejo aos órgãos
e sindicatos que representam a categoria. Convém lembrar, porém, que se o
próprio servidor não se dá o respeito, como exigirá respeito do governante? Outro
fator ignorado por muita gente é que o Brasil nutre preconceitos com sindicalizados,
sindicalistas e sindicatos. Isso acontece por influência das nossas classes
dominantes, geralmente brancas, direitistas e capitalistas. Acrescento que o
funcionalismo público, que se origina na aristocracia e na corte, que habitualmente
reproduz valores do monarca, acaba, por vezes de maneira inconsciente, nutrindo
preconceitos contra aquilo que os representa.
Insisto na tese da “acomodação” e “assimilação” percebida na
escravatura dos africanos no Brasil. Tinha negro que se “acomodava”. Ou seja,
ele se sujeitava ao senhor de engenho até conseguir fugir. Outros negros,
porém, “assimilavam” a cultura europeia. Eles acreditavam que eram brancos. A
esses, o senhor de engenho dava o cargo de “capitão do mato”.
Aproveito para deixar algumas perguntas aos servidores
municipais de Rio Bonito: “você é acomodado ou assimilado”? “Quantos
"capitães do mato" você conhece”? “Quantas vezes você já foi
"capitão do mato", porque precisava melhorar a sua remuneração ou
porque iria incorporar isso ou aquilo ao seu salário”? Você já observou que de
acordo com as mudanças de governo, “capitães do mato” e “chicoteados” trocam de
lugar?
Na gestão de Solange, os “capitães do mato” são os “escravos”
da gestão Mandiocão. Já na gestão Mandiocão, os “chicoteados” são os que eram “capitão
do mato” na gestão Solange. O mais curioso é que no fundo, como acontecia com
os negros escravos, todos são iguais (funcionários públicos efetivos), mas a
maior parte esquece disso e abrem mão da dignidade em nome de incorporar isso e
aquilo, para ganhar nomeação, para ocupar cargo de confiança ou simplesmente
pelo prestígio de ser puxa saco e/ou ser rotulado como “amigo” do prefeito.
A princípio isso pode compensar, mas lembre-se: senhor de
engenho não é amigo de “capitão do mato”!
PS: sobre as mudanças aprovadas, foram favoráveis os
seguintes vereadores: Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB); Edilon de Souza
Ferreira, o Dilon de Boa Esperança (PSC); Abner Alvernaz Júnior, o Neném de Boa
Esperança (PTN); e Marcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão (SD). Os
contrários foram Marcos Fernando da Fonseca, o Marquinhos Luanda (PMDB); Aissar
Elias (PMN); e Marlene Carvalho (PPS). Os vereadores, Rita de Cássia (PP);
Carlos Luis de Carvalho Júnior, o Jubinha (PT do B); e Cláudio Fonseca de
Moraes, o Claudinho do Bumbum Lanches (PR); não compareceram a reunião.
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