Flávio Azevedo
Uma pose ao lado do ícone, Leir Moraes, durante uma das minhas visitas a sua casa, no bairro Caixa D'Água, em Rio Bonito, onde eu sempre fui muito bem recebido. |
Noite de sábado (13/06), depois de assistir
o espetáculo “Minha Casa, Minha vida”, na reinauguração do Espaço Cultural Lona
na Lua, ainda em êxtase pela apresentação que acabávamos de acompanhar, o meu
telefone toca. Do outro lado, o advogado e amigo, Marcus Fenando Moraes me dá a
notícia do falecimento de um dos filhos mais ilustres de Rio Bonito: o poeta,
jornalista e advogado, Leir Moraes. Diante da impactante informação, eu me
divido entre o amigo e aluno de Leir que sempre estava disposto a ouvi-lo ensinar.
No dia seguinte, na despedida de Leir,
no Motorista Futebol Clube, entre vários discursos, eu também pude deixar de fazer
a minha homenagem a esse personagem que é uma referência para todos nós. Mas de
qual Leir falar? Do advogado? O presidente da 35ª Subseção da OAB, César Sá, já
havia falado. Do homem público? O ex-prefeito de Niterói, Waldenir Bragança, já
havia falado. Do poeta? A nossa poetisa, Hélia Carla Cardozo já havia falado. Do
pai? Do músico? Do jornalista? Do escritor?
Bem, eu resolvi falar do Leir Moraes
inconformado. Sim, Leir era um eterno inconformado. Quando chegávamos a casa de
Leir, ele estava envolvido em jornais locais, da grande mídia e ele sempre
tinha um assunto a debater conosco, uma crítica a fazer, um conselho a oferecer,
“porque é preciso mudar, cobrar, reagir”, dizia Leir. Talvez inspirado no
conselho que S. Paulo escreveu na sua carta a igreja de Roma, onde ele diz:
“não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente...”,
Leir acreditava, sobretudo nas novas gerações e esperava muito delas.
Creio que o inconformismo é a grande lição que Leir nos
deixa. Todas as vezes que eu chegava a casa de Leir eu encontrava ele envolvido
com a política, com os acontecimentos, com o desenrolar da vida de Rio Bonito.
Mesmos sem sair de casa ele tinha conhecimento do que acontecia nos bastidores
políticos e tinha informações quem mesmo quem transitava na ‘corte’ desconhecia.
Creio que o grande legado que Leir nos deixa é o estímulo ao envolvimento.
Você já deve estar argumentado que a luta é grande, que o reconhecimento
não vai chegar... Amigo, sinceramente? Não tem problema! Enfrentemos as
dificuldades pensando nas gerações futuras. Eu tenho certeza de que estou erguendo
um prédio. E como bons pedreiros, nós estamos, nesse edifício da cidadania, da
honradez e do espírito público, colocando tijolo por tijolo... Não podemos
perder de vista, caro leitor, que o objetivo é mudar essa realidade predadora,
corrupta, oportunista, egoísta, consumista, pueril e mesquinha que nos envolve
e sorve as nossas esperanças. Não esqueçamos, principalmente, que isso tudo tem
início na sociedade, a artéria que se responsabiliza por irrigar as instituições
e cargos públicos eletivos ou não com essa lógica que precisa ser transformada.
Sigamos o conselho de S. Paulo (não vos conformeis) e sigamos
a expectativa de Leir Moraes, que sempre esperou vir de nós, a gerações que o
sucederam, as mudanças que a nossa sociedade precisa em termos estruturais,
sociais econômicos e políticos. Descanse Leir Moraes! E que sua memória seja
honrada a partir do nosso despertar!
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