Flávio Azevedo
A árvore caiu na casa de número 275, no fim da Rua Vereador Joaquim de Castro, no Centro de Rio Bonito. |
Depois dos muitos debates
e das reações contrárias aos cortes de árvores que ocorreram na Bela Vista, em
Rio Bonito, mais um episódio envolvendo uma árvore faz o assunto retornar ao
centro das discussões. O episódio que provoca o retorno da pauta foi um
acidente que aconteceu na Rua Vereador Joaquim de Castro, próximo a BR – 101,
onde uma árvore caiu por cima do muro de uma residência. O episódio aconteceu
na noite do último dia 17 de janeiro. Ninguém ficou ferido, mas quem passava
pelo local ficou assustado. O trecho é caminho dos moradores do Boqueirão.
Por ocasião do corte
das árvores da Bela Vista, ação recomendada pelo biólogo, Leonardo Luiz de
Almeida Ferreira, técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a maior
parte da população criticou os cortes. A queda dessa árvore, porém, que ocorreu
num dia em que não chovia e não havia vento, comprova que o relatório apresentado
pelo biólogo não está equivocado. Em participação na reunião da Agenda 21 loca,
no dia 10 de novembro, ele havia afirmado as árvores foram examinadas e
constatou-se que elas estavam infestadas de cupim.
– Em agosto nós
tivemos um acidente no viaduto, quando dois eucaliptos caíram. Por conta dessa
ocorrência, nós fomos examinar as árvores daquele trecho e descobrimos que elas
estavam tomadas pelos cupins. Na verdade, todas as árvores daquele trecho da
cidade estão com praga, mas nós só cortamos aquelas que representavam risco –
explicou Leonardo, acrescentando que externamente a árvore parecia estar
saudável, “mas o cupim vem pelo chão, come a árvore internamente e externamente
não é possível perceber a ação dele”.
Diante de integrantes da Agenda 21 de RB, o biólogo, Leonado Ferreira, apresenta documentos que justificam o corte das árvores da Bela Vista e comprova a infestação por cupim de várias árvores. |
Na ocasião, o biólogo
ressaltou que existe a possibilidade da maior parte das árvores da cidade
estarem infestadas de cupins. “Não é possível precisar isso, mas essa é uma
hipótese que não pode ser descartada, porque em outros pontos de Rio Bonito é
possível perceber a infestação de cupim e todas as árvores correm risco”.
Questionado sobre a possibilidade de se tratar a árvore e combater os cupins, o
biólogo alertou que existe uma série de protocolos que proíbem o uso de venenos
para esse fim, “porque os produtos podem ser nocivos ao homem e contaminam o
solo e o lençol freático”.
– Eu particularmente
faço o possível para proteger uma árvore, mas em determinados momentos nós
precisamos entender que seria melhor cortar uma ou outra. Na Bela Vista, a ação
da Defesa Civil foi correta, porque as árvores ofereciam riscos. Todas as
árvores daquele local estão infestadas, mas somente as que representavam perigo
foram retiradas – disse o biólogo, que aproveitou a ocasião para lembrar que
“os eucaliptos não são árvores apropriadas para a área urbana, porque ela por
si só apresenta uma série de problemas que vão desde o tamanho, a fragilidade
do tronco e a falta de copas, que a tornam vulneráveis diante dos ventos
fortes”.
Sobre as podas,
consideradas por algumas correntes ações muito agressivas, o biólogo explicou
que as intervenções feitas nas árvores da Av. Santos Dumont e Beira Rio,
próximo ao Rio Bonito Atlético Clube, ocorreram daquela maneira, “porque as
arvores estavam infestadas por um parasita conhecido como erva de passarinho
sendo necessário aquele procedimento”. Ele também comentou que nesses pontos as
árvores não eram podadas há cerca de 10 anos e destacou que “para o bem da
própria árvore é preciso de vez enquanto acontecer uma poda mais agressiva,
para que ela brote com mais vigor”.
– Em algumas
oportunidades nós também descobrimos que as árvores estão doentes ou atingidas
por alguma praga e temos que tirar toda a área atingida. Em muitas ocasiões, a
árvore tem que ser cortada na sua totalidade, porque ela pode ser um
transmissor daquela praga para as demais. Isso geralmente acontece quando tem
outras ao seu redor. Ali na Av. Santos Dumont, por exemplo, cerca de 10 árvores
precisaram ser removidas, já que a infestação de praga era muito grande, porque
há muitos anos elas não recebiam um tratamento adequado – explicou Leonardo,
acrescentando que as podas são realizadas sob a sua supervisão.
Nota da Redação
A tragédia está se anunciando, mas quem deveria tomar providência está preferindo pagar para ver. |
Apesar da ação
importante do biólogo, Leonardo Luiz de Almeida Ferreira, que provou estar
correto em sua ação, a queda de mais uma árvore mostra que o técnico e as suas
recomendações não estão sendo assimiladas pelo poder público municipal. Não
precisa ser muito esperto para perceber que Rio Bonito, município que tem uma
vasta área verde na área urbana, ainda não dispõe de um serviço atuante e equipado que cuide com excelência do
setor de Parques e Jardins. Também é possível perceber que apesar da orientação
técnica, ainda não definiram uma política pública para setor urbanístico e
paisagístico da cidade.
Também chama atenção o fato de não existir nenhuma iniciativa consistente da Prefeitura Municipal, que vise o plantio de mudas que compensem a ausência das árvores arrancadas e/ou aquelas que serão derrubadas (e não são poucas). Concluímos destacando que encontrar 'ativistas' e defensores do verde indignados com a “agressão às árvores” não é difícil, mas reunir voluntários para o replantio de árvores ou que desejem participar de um reflorestamento não é nada fácil.
Também chama atenção o fato de não existir nenhuma iniciativa consistente da Prefeitura Municipal, que vise o plantio de mudas que compensem a ausência das árvores arrancadas e/ou aquelas que serão derrubadas (e não são poucas). Concluímos destacando que encontrar 'ativistas' e defensores do verde indignados com a “agressão às árvores” não é difícil, mas reunir voluntários para o replantio de árvores ou que desejem participar de um reflorestamento não é nada fácil.
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