Flávio Azevedo
Categoria da Enfermagem reunida e definindo que vão entrar em greve no próximo dia 22 de janeiro. Uma greve que chega com atraso de 20 anos. |
Esse texto eu dedico
aos meus colegas técnicos de enfermagem que estão vivendo dias difíceis no
Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), em Rio Bonito. Os seguidos atrasos
salariais; o não pagamento do 13º salário; o pagamento referente a dezembro, hoje,
17/01, ainda não foi efetuado; a recusa da direção do Hospital em atender
reivindicações que se arrastam há cerca de 20 anos; tornam a vida dos colegas
muito difícil. Famílias (marido e mulher) que ganham o seu sustento vendendo a
sua mão de obra para o HRDV, já começam a passar necessidades.
Há quem diga que
exista um suposto decreto silencioso que consiste na proibição de se tocar no
assunto “pagamento”. Quem insistir pode ser punido com advertência e demissão.
E dentro desse cenário existe uma coisa inusitada. Um técnico de enfermagem que
atua na gestão da instituição, que estaria, segundo seus colegas, mas defendendo
o patrão que a sua categoria.
Mas a Sociologia explica
a postura desse colega aos indignados profissionais de enfermagem. Para isso,
porém, é preciso entender os fenômenos, “LUTA”, “ACOMODAÇÃO” e “ASSIMILAÇÃO”.
Como ponto de partida, eu sugiro a análise dos povos africanos que viviam
escravizados no Brasil. Alguns negros “LUTAVAM” até a morte e não se rendiam
aos europeus. Outros, simplesmente se “ACOMODAVAM” diante da Cultura do europeu,
agiam como se estivessem conformados, mas diante de qualquer falha na
vigilância, eles fugiam e corriam até o quilombo mais próximo.
Outros escravos,
porém, “ASSIMILAVAM” a Cultura do europeu. Apesar de negro e escravo, eles agiam
como o senhor de engenho. Aliás, não são raros os casos de negros que tinham
escravos dentro das senzalas. O mais grave, porém, não é isso. O “Capitão do
Mato”, aquele temido sujeito que era o responsável por capturar o “negro fujão”
e surrá-lo no tronco, você acredita que esse cara era negro?
Sendo assim, eu
concluo dizendo que num quadro de funcionários de qualquer empresa nós teremos
aqueles que “LUTAM”, os “ACOMODADOS” e os “ASSIMILADOS”. Geralmente os
“ASSIMILADOS” parecem estar em maior número, mas é porque eles se misturam aos
“SEM FACÇÃO”, um grupo que é maior que “LUTADORES”, “ACOMODADOS” e
“ASSIMILADOS” juntos. Sempre pessimistas e medrosos, os “SEM FACÇÃO” podem ser
identificados através de frases clássicas como: “isso vai dar em nada!”; “acho
melhor largar isso para lá!”; “vocês são um bando de palhaços!”; “eu é que não
vou participar disso!”; “não vai adiantar nada isso, gente”; “vocês são doidos,
vão acabar perdendo o emprego”; entre outras colocações que expõe frouxidão e complexo
de inferioridade, características que impede aquele funcionário, inclusive, de ingressar
nas outras facções.
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