Flávio Azevedo
A cobra foi fotografada por curiosos próximo ao Cartório, na Praça Fonseca Portela. |
Por volta das 11h dessa terça-feira (20/01),
uma visitante pouco comum deixou em polvorosa o Centro de Rio Bonito. Uma
serpente da espécie Corallus Hortulanus, popularmente conhecida como “cobra
veadeira ou suaçubóia”, atraiu dezena de curiosos. Prima da Jiboia (familiar
mais conhecida), ela foi encontrada na Rua Dr. Marinho (Rua do Papaola). Assustada
com a aglomeração de pessoas, o réptil fugiu até a Praça Fonseca Portela. Na Rua
Monsenhor Antônio de Souza Gens (Rua da Prefeitura), ela se abrigou em um
carro. O volume de curiosos aumentou. A Guarda Municipal, a Polícia Militar e
até o Corpo de Bombeiros, foram chamados.
A captura da serpente, um macho que
media 1m36cm, foi feita por uma equipe da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente, composta pelo veterinário, Felipe Thomé Schettini; e pelo biólogo, Leonardo
Luiz de Almeida Ferreira. O veterinário explicou que esta espécie de cobra não
é de interesse medico, pois não produz peçonha (não é venenosa).
– São serpentes arborícolas. Ou seja,
vivem nas copas das arvores, se alimentando de aves, pequenos lagartos e
eventualmente roedores, quando vão ao solo. Nessa época quente do ano, os
repteis realmente ficam mais ativos, podendo ser avistados com facilidade –
explica Schettini, que é especialista em animais silvestres e exóticos.
Todas as vezes que um animal silvestre
é capturado existe um protocolo a ser seguido. “Nós realizamos alguns testes e diagnósticos,
são coletadas amostras de sangue, fazemos a biometria do animal, etc.”. O
veterinário explicou que no caso dessa serpente, foram encontrados alguns “hemoparasitas”
na análise do sangue, sendo necessário que ela receba tratamento medicamentoso.
“O exame de sangue será repetido, para ver se ela melhorou e posteriormente
encaminhamos para soltura, num local que não divulgamos para não atrair a
atenção dos traficantes de animais silvestres”.
Atrações
para a serpente
O veterinário Felipe Schettini mostra a serpente capturada em uma das suas fotos no Facebook |
Para a nossa reportagem, o veterinário
explicou que “devido ao desmatamento ativo e queimadas que ocorrem em nosso
município, essas aparições estão ficando cada vez mais frequentes”. Ele destaca
ainda, que o aumento da produção de lixo promove o crescimento dos roedores (rato),
que personagem principal na cadeia alimentar das serpentes. “Quanto a existir serpentes na
pracinha, acredito que seja muito difícil, pois elas têm medo do homem, e a
pracinha é um local que tem sempre muita gente, o que acaba não dando espaço
pra elas”, explicou Schettini, assegurando que “não existe “invasão das cobras”,
nós é que invadimos o espaço delas”.
O veterinário recomenda atenção das
pessoas, “porque com certeza podemos ter encontros com as serpentes em nossas residências,
carros etc.”. Ele alerta que quando alguém se depara com uma situação dessas,
não se deve matar a cobra, pois todos os animais silvestres, incluindo as
serpentes, pertencem a União e tirar a vida desses animais é crime.
– A pessoa que mata um desses animais pode
ser autuada por crime ambiental. O que deve ser feito é ligar para a Secretaria
Municipal de Meio Ambiente (2734 0192), onde eu, como medico veterinário; e o
biólogo, Leonardo Ferreira; realizamos o trabalho de resgate e soltura desses
animais em áreas preservadas e longe dos perigos da civilização, protegendo as
pessoas e os próprios animais – orienta Schettini, frisando que “não existe uma
formula para que as serpentes não apareçam em nossas residências ou local de
trabalho. Podemos sim, não deixar lixo e entulhos acumulados para evitar a
proliferação de roedores”.
A cobra capturada em tratamento. |
– Devemos perder esse costume que vem
de tempos antigos, de que quando se encontra uma cobra tem que matar. Além de
ser crime ambiental, promove um desequilíbrio ecológico enorme. Uma curiosidade,
somente para enaltecer o valor das serpentes: o captopril, remédio muito
popular para controle da pressão arterial, é derivado da peçonha das jararacas –
finaliza.
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