quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Estamos tentando morder o próprio rabo e não saímos do lugar!

Flávio Azevedo

Na tentativa de morder o próprio rabo é comum o cão levar um tombo feio.
Os amigos já viram que cena engraçada é um cachorro tentando morder o próprio rabo? O que ele pensa quando está fazendo isso? Quando o cachorro é cotó, então, dá até pena do bichinho! Ele fica girando, girando, girando, e não alcança o seu objetivo. Nessa terça-feira (10/09), a secretária municipal de Educação, Lucy Teixeira, esteve na Câmara de Vereadores prestando, por vontade própria, esclarecimentos sobre o funcionamento da Educação municipal. Para o meu desespero eu ouvi vereadores – e não é exclusividade deles – dizer que discurso é uma coisa e prática é outra. Sinceramente, eu me lembrei daquele politico que me criticou por eu ser muito pensador. Disse ele: “Flávio, o seu problema é esse negócio de reflexão, eu prefiro ser prático!”. Como assim?

Aliás, a secretária deixou claro que a máquina pública está precisando ser revista, o anacronismo do sistema é notório e esse cenário, nitidamente, impede que a modernidade administrativa seja implementada não só na gestão da Educação, mas da máquina pública como um todo. Para resolver os problemas da nossa cidade é preciso reconhecer que Rio Bonito, sobretudo em setores como Educação, Saúde, Esporte, Segurança e Habitação, cresceram igual casa de pobre, na base do “puxadinho”. Não existiu planejamento sólido e estruturante, porque em cidades de menor porte, as políticas públicas sempre dão lugar às políticas assistenciais e/ou assistencialistas.

Também fica muito nítido que quando alguém pensa em mexer nessa estrutura, mesmo que seja para modernizar, otimizar, agilizar ou dar fluidez, as “viúvas do atraso” se manifestam contrariamente, porque muitas delas lucram com essa letargia perversa que atravanca o crescimento. Algumas pessoas que estão na máquina pública ainda estão no tempo da TV valvulada e preto e branco; continuam no tempo da máquina de escrever; da caneta tinteiro; e resistem ao futuro, resistem a modernidade, resistem ao tempo da internet, simplesmente, porque não querem perder poder, status, posição e, sobretudo, não querem admitir, que aquele clube chamado “elite” está recebendo novos membros e não tem como boicotar os recém-chegados.

Anos atrás, a TV Globo passou uma novela chamada “Rainha da Sucata” (1990), que tinha uma família rica e decadente que vivia do sobrenome. A personagem Laurinha Figueroa, uma socialite falida vivida por Glória Menezes, era esnobe, excêntrica, metida a besta e embora passasse por maus bocados não perdia a pose. Em alguns momentos segmentos e pessoas, em Rio Bonito e em outras cidades de menor porte, se comportam como Laurinha Figueroa. Todavia, essa postura contribui apenas para dividir o município numa dicotomia perversa que não ajuda ninguém. Pelo contrário: a derrota é de todos. Na trama global, Laurinha comete suicídio, o que percebemos ser o destino das “Laurinhas Figueroa” da vida real.


Ou paramos para pensar o município de Rio Bonito, o funcionamento da máquina pública, ou as nossas práticas irão naufragar. Ou paramos para rever o que tem sido feito até aqui, ou continuaremos andando em círculos. Aliás, como aquele cão que eu citei no início desse texto, não conseguiremos alcançar os nossos objetivos. Isso, porém, não pode ser pensado apenas por um prefeito e 10 vereadores. A sociedade, as suas instituições, os órgãos de controle social etc., precisam interagir com o poder público nessa caminhada, o que não é tarefa fácil. Se despir da nociva política partidária e pensar na política na sua essência, talvez seja o norte que há anos estejamos enxergando, mas por convicções individualistas e egoístas, nós estejamos nos recusando a entender como o caminho a ser seguido!

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