Flávio Azevedo
O Centro de Boa Esperança, no 2º Distrito de Rio Bonito, próximo a Praça Bernardino Lopes e o BPRv. |
O trânsito de veículos em alta
velocidade na RJ – 124 (ViaLagos), sobretudo no Centro de Boa Esperança, foi um
dos assuntos debatidos na Câmara de Vereadores de Rio Bonito, nessa terça-feira
(17/09). O tema foi abordado pelo vereador Edilon de Souza Ferreira, o Dilon de
Boa Esperança (PRB), que solicitou a instalação de redutor de velocidade em
frente ao Supermercado do Mano. Ele lembrou um acidente sem vítimas fatais que
ocorreu no último dia 11 de setembro, em Boa Esperança. O parlamentar destacou que
“graças a Deus ninguém perdeu a vida, mas não podemos esperar isso acontecer para
resolver esse problema, que já é antigo”.
– O acidente que aconteceu no último
dia 11/09 é uma tragédia anunciada, porque não é a primeira vez que acontece. Precisamos
contatar o Departamento de Estrada e Rodagem (DER); a CCR ViaLagos, para
encontrarmos uma solução, porque, os caminhões que transportam areia, por
exemplo, passam por ali em alta velocidade. A verdade é que a população está à
deriva! A ViaLagos manda em tudo, só não manda no que é certo! Quando o cidadão
coloca um comércio as margens da rodovia, a concessionária logo aparece, mas
para resolver questões dessa natureza não aparece ninguém – disparou o parlamentar.
Críticas
ao radar móvel
O radar móvel foi criticado por vereadores e classificado como "instrumento para a indústria da multa". |
O vereador Márcio da Cunha Mendonça, o
Marcinho Bocão (DEM), lembrou que os radares da ViaLagos são colocados em
locais sem sentido. “Esses equipamentos deveriam ser instalados onde existe
área urbana e movimento de pessoas atravessando a rodovia, mas os radares estão
colocados em trechos onde ninguém passa”. Ele acrescentou que, em Boa
Esperança, na pista de subida, os carros até passam de vagar por conta do Batalhão
de Polícia Rodoviária (BPRv), mas na pista de descida os veículos passam sem se
preocupar com a velocidade e a área urbana.
Acompanhou a crítica dos colegas o
vereador Aissar Elias de Moraes (PTN), que além de destacar a “indústria da
multa” como sendo responsável pela colocação de radares em pontos equivocados,
lembrou que em legislaturas passadas, representantes da ViaLagos estiveram no
Legislativo para dar esclarecimentos semelhantes e argumentaram que por força
da Legislação, eles não podem colocar lombada eletrônica na rodovia.
– Mas tem coisa que é estranha. Por exemplo:
na Viçosa, tem um carro com um radar móvel que fica camuflado para que as
pessoas não vejam e prevaleça a indústria da multa. O interessante é que a
legislação não permite a instalação de radar eletrônico fixo, mas o móvel pode
ser utilizado? Mas como é isso? – questiona.
O vereador Marcos da Fonseca, o Marquinhos
da Lunda Car (PMDB), lamentou a postura da concessionária que ele entende como
descaso. Ele também abordou a questão da iluminação da ViaLagos, que não é boa
e também é motivo de reclamação de vários comerciantes do 2º Distrito.
– Chegou a hora de cobrar mais dessas
empresas que lucram com as atividades desenvolvidas em nosso território, mas sem
dar o retorno almejado. A ViaLagos cobra uma das tarifas mais caras do Brasil,
mas só pensa naquilo que é vantajoso para ela, quando se trata de atender a
população e a segurança do usuário ela não está nem aí – acrescentou.
“Críticas
também para Autopista Fluminense”
O presidente da Casa, o vereador
Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB), lembrou que a briga do município com a
ViaLagos é antiga, “começou em 1996, quando ocorreu a privatização e eles
realmente não respeitam ninguém”. O presidente disse também que a ViaLagos abusa
do município e um “manifesto” poderia ser pensada para reivindicar as melhorias
almejadas.
– Creio que convocar os responsáveis
pela concessionária seria uma alternativa, mas eles já estiveram aqui, falaram
em mudanças, prometeram mundos e fundos, sobretudo para o Boqueirão, um bairro
que foi muito prejudicado com as ações da concessionária, mas não cumpriram
nada que foi apresentado – disparou Reis, que aproveitou a oportunidade para
criticar também a Autopista Fluminense.
O parlamentar demonstrou insatisfação
com a morosidade da Autopista Fluminense em dar início as obras de duplicação
da BR - 101. Ele destacou, inclusive, que “no Rio do Ouro, por exemplo, instalaram
aquele esqueleto de viaduto no meio do caminho, mas até agora aquilo só serviu
para atrapalhar o trânsito”. O parlamentar criticou o anúncio que fizeram informando
que as obras iriam começar, lembrou que esteve presente a um evento de
inauguração dos trabalhos, “mas até agora nada”, alfinetou.
O chefe do Executivo riobonitense, que
como produtor rural e proprietário de terras já teve inúmeros embates com a
concessionária, comenta que em Boqueirão e Boa Esperança, o trânsito de
bicicleta foi proibido e faz um questionamento: “mas que alternativa foi dada aos
ciclistas?”. Ele mesmo responde: “nenhuma!”. O prefeito acrescenta. “Nós
estamos falando de localidades pobres, onde as pessoas dependem da bicicleta
para se locomover”. O prefeito também abordou a velocidade com que os veículos
cortam as localidades.
Assunto antigo
No dia 25 de abril de 2012, representantes do Conselho Comunitário
de Segurança (CCS) de Rio Bonito, o então prefeito José Luiz Antunes (DEM) e
representantes da CCR ViaLagos, concessionária que administra a RJ – 124, estiveram reunidos, no gabinete do prefeito para discutir melhorias na rodovia. Entre as
discussões está a construção de viadutos, local apropriado para a circulação de
bicicleta, animais e carroças, passarelas e a instalação de radares eletrônicos
ao longo do trecho que corta o município.
A época, o diretor da
concessionária, João Daniel Marques da Silva, disse que por determinação do governo do
estado, a ViaLagos iria receber novas e importantes melhorias. O prazo de
entrega seria 2014. Ainda segundo o diretor, as exigências é a construção de mureta
divisória entre as pistas (para evitar que os veículos invadam a contramão) e a
substituição do acostamento de grama por asfalto (no trecho a partir de
Araruama).
– O governador quer essas melhorias
para toda extensão da rodovia e já liberou, através do Departamento de Estrada
de Rodagem (DER), um recurso da ordem de R$ 120 milhões para a execução dessas
obras. O problema é que estamos percebendo a necessidade de se fazer mais que
isso. As exigências da população de Rio Bonito, por exemplo, devem ser
consideradas, mas não temos recurso para isso – argumentou o diretor da
concessionária.
De acordo com o prefeito José Luiz
Antunes, desde que a ViaLagos passou a administrar a RJ – 124, do bairro
Boqueirão até a Praça do Pedágio (Palmital e Mineiros) muitas localidades
ficaram isoladas, tiveram os seus acessos prejudicados, estradas foram fechadas
e muito pouco foi feito pela população. “Quando a ViaLagos chegou aqui já
encontrou Boqueirão, Boa Esperança e demais localidades. Aliás, quando a RJ –
124 chegou na década de 60, essas localidades já existiam. Boa Esperança, por
exemplo, sempre foi um bairro importante, por tanto isso tem que ser respeitado
e considerado”, ponderou o prefeito.
Pontos
de conflito
Os caminhões de areia passam pela ViaLagos em alta velocidade e essa situação preocupa moradores e usuários da rodovia. |
– Dia desses fiquei cerca de duas
horas, em Boa Esperança, observando o trânsito da ViaLagos. Chamou a minha
atenção a velocidade, principalmente dos caminhões que transportam areia. Eles
passam a 100 ou 120 km/hora dentro daquele trecho urbano, onde têm crianças
atravessando, pessoas de idade, carros em velocidade menor... Acredito que só
por Deus ainda não aconteceu uma desgraça nessas localidades (Boa Esperança e Boqueirão)
– analisou.
Outro
ponto
A construção do viaduto para ligar as
localidades de Viçosa e Três Coqueiros também foi alvo dos comentários. De
acordo com moradores do trecho, em época de feriado prolongado e em períodos
como Carnaval, Semana Santa, Natal e Ano Novo, as pessoas chegam esperar 40
minutos para alcançar a pista oposta.
– Nós estamos falando de um lugar que
tem linhas de ônibus regulares, um trecho onde está sendo construída uma
indústria de onde sairá essencialmente caminhões pesados e em baixa velocidade
(a pista é de alta velocidade), e ainda existe a possibilidade de nos próximos
meses a Urbaniza lançar um loteamento também naquelas imediações – disse outro
conselheiro.
Para o diretor da ViaLAgos, com o
recurso de apenas R$ 120 milhões ele não reunirá condições de fazer todas essas
melhorias. Ele sugere que assim como aconteceu com os debates com a Autopista
Fluminense e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que contou
com influência política e iniciativa popular para se conseguir a construção do viaduto
do Green Valley, a Prefeitura de Rio Bonito e o Conselho de Segurança também
devem usar os mesmos meios políticos para sensibilizar o governo do estado a
aumentar o aporte financeiro do projeto.
Junto do prefeito e dos representantes
do CCS, o diretor da concessionária preparou um esboço do que foi apontado como
ideal para atender as localidades existentes ao longo da ViaLagos. Dentro das
exigências ainda existe o pedido de um viaduto para a Prainha; opção de
circulação para ciclistas em Boa Esperança e Boqueirão; passarelas em vários
trechos; e a implantação de dispositivos eletrônicos para controle de
velocidade em Boqueirão e Boa Esperança.
Os limites de velocidade da ViaLagos também serão controlados por
radares fixos. O DER-RJ instalou e vai operar os equipamentos
para proporcionar mais segurança aos usuários da rodovia. A CCR ViaLagos sinalizou por meio de placas e pintura
nas pistas os locais de fiscalização, além do limite máximo de velocidade na
rodovia (100km/h) aferido pelos radares fixos, instalados nos quilômetros: 04
(Rio Bonito), 44 (Araruama), e 56 (São Pedro da Aldeia). Assim que o DER
informar a data do início da operação dos equipamentos, a CCR ViaLagos iniciará
uma ampla campanha de comunicação para divulgação prévia à sociedade.
ViaLagos
se manifesta
A ViaLagos, através da sua assessoria
de comunicação informou que com foco na preservação da segurança de pedestres e
motoristas, a Polícia Rodoviária Estadual implantou no quilômetro 13 (Boa
Esperança), onde os limites de velocidade são de 60 km/h e 40km/h, cones para o
estreitamento de pista, e a CCR ViaLagos sinalizou, com pintura de faixas e
placas, o trecho que antecede à sinalização do BPRV, de modo a orientar os
motoristas para a redução de velocidade no perímetro urbano.
O acidente do dia 11 de setembro no
referido local, se deu em razão de uma manobra indevida de um dos veículos
envolvidos, conforme BRAT Nº 109140 (PMERJ /BPRV). As vítimas foram atendidas
pela nossa equipe de resgate médico e felizmente não sofreram ferimentos
graves.
Informamos que o DER-RJ
realiza diariamente a Operação Radar Móvel ao longo de toda a rodovia
para coibir o excesso de velocidade. Os usuários da CCR ViaLagos são
informados da Operação por meio de painéis eletrônicos ao longo da rodovia e
placas de sinalização instaladas pela concessionária, nos trechos que antecedem
as viaturas do DER – devidamente identificadas, indicando os locais de
fiscalização e os limites de velocidade da rodovia aferidos pelo equipamento.
Por oportuno, destacamos que a Operação Radar Móvel é realizada pelo DER em
todas as rodovias estaduais, a exemplo do que ocorre também com as
operações Lei Seca.
A Polícia Militar
Rodoviária também realiza fiscalizações com radar móvel em vários trechos
da rodovia, inclusive no posto de Boa Esperança.
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