quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Alta velocidade na ViaLagos, no trecho de Boa Esperança, é assunto na Câmara de Rio Bonito

Flávio Azevedo

O Centro de Boa Esperança, no 2º Distrito de Rio Bonito, próximo a Praça Bernardino Lopes e o BPRv.
O trânsito de veículos em alta velocidade na RJ – 124 (ViaLagos), sobretudo no Centro de Boa Esperança, foi um dos assuntos debatidos na Câmara de Vereadores de Rio Bonito, nessa terça-feira (17/09). O tema foi abordado pelo vereador Edilon de Souza Ferreira, o Dilon de Boa Esperança (PRB), que solicitou a instalação de redutor de velocidade em frente ao Supermercado do Mano. Ele lembrou um acidente sem vítimas fatais que ocorreu no último dia 11 de setembro, em Boa Esperança. O parlamentar destacou que “graças a Deus ninguém perdeu a vida, mas não podemos esperar isso acontecer para resolver esse problema, que já é antigo”.
– O acidente que aconteceu no último dia 11/09 é uma tragédia anunciada, porque não é a primeira vez que acontece. Precisamos contatar o Departamento de Estrada e Rodagem (DER); a CCR ViaLagos, para encontrarmos uma solução, porque, os caminhões que transportam areia, por exemplo, passam por ali em alta velocidade. A verdade é que a população está à deriva! A ViaLagos manda em tudo, só não manda no que é certo! Quando o cidadão coloca um comércio as margens da rodovia, a concessionária logo aparece, mas para resolver questões dessa natureza não aparece ninguém – disparou o parlamentar.

Críticas ao radar móvel

O radar móvel foi criticado por vereadores e classificado como "instrumento para a indústria da multa".
O vereador Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão (DEM), lembrou que os radares da ViaLagos são colocados em locais sem sentido. “Esses equipamentos deveriam ser instalados onde existe área urbana e movimento de pessoas atravessando a rodovia, mas os radares estão colocados em trechos onde ninguém passa”. Ele acrescentou que, em Boa Esperança, na pista de subida, os carros até passam de vagar por conta do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), mas na pista de descida os veículos passam sem se preocupar com a velocidade e a área urbana.

Acompanhou a crítica dos colegas o vereador Aissar Elias de Moraes (PTN), que além de destacar a “indústria da multa” como sendo responsável pela colocação de radares em pontos equivocados, lembrou que em legislaturas passadas, representantes da ViaLagos estiveram no Legislativo para dar esclarecimentos semelhantes e argumentaram que por força da Legislação, eles não podem colocar lombada eletrônica na rodovia.
– Mas tem coisa que é estranha. Por exemplo: na Viçosa, tem um carro com um radar móvel que fica camuflado para que as pessoas não vejam e prevaleça a indústria da multa. O interessante é que a legislação não permite a instalação de radar eletrônico fixo, mas o móvel pode ser utilizado? Mas como é isso? – questiona.

O vereador Marcos da Fonseca, o Marquinhos da Lunda Car (PMDB), lamentou a postura da concessionária que ele entende como descaso. Ele também abordou a questão da iluminação da ViaLagos, que não é boa e também é motivo de reclamação de vários comerciantes do 2º Distrito.
– Chegou a hora de cobrar mais dessas empresas que lucram com as atividades desenvolvidas em nosso território, mas sem dar o retorno almejado. A ViaLagos cobra uma das tarifas mais caras do Brasil, mas só pensa naquilo que é vantajoso para ela, quando se trata de atender a população e a segurança do usuário ela não está nem aí – acrescentou.

“Críticas também para Autopista Fluminense”

O presidente da Casa, o vereador Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB), lembrou que a briga do município com a ViaLagos é antiga, “começou em 1996, quando ocorreu a privatização e eles realmente não respeitam ninguém”. O presidente disse também que a ViaLagos abusa do município e um “manifesto” poderia ser pensada para reivindicar as melhorias almejadas.
– Creio que convocar os responsáveis pela concessionária seria uma alternativa, mas eles já estiveram aqui, falaram em mudanças, prometeram mundos e fundos, sobretudo para o Boqueirão, um bairro que foi muito prejudicado com as ações da concessionária, mas não cumpriram nada que foi apresentado – disparou Reis, que aproveitou a oportunidade para criticar também a Autopista Fluminense.

O parlamentar demonstrou insatisfação com a morosidade da Autopista Fluminense em dar início as obras de duplicação da BR - 101. Ele destacou, inclusive, que “no Rio do Ouro, por exemplo, instalaram aquele esqueleto de viaduto no meio do caminho, mas até agora aquilo só serviu para atrapalhar o trânsito”. O parlamentar criticou o anúncio que fizeram informando que as obras iriam começar, lembrou que esteve presente a um evento de inauguração dos trabalhos, “mas até agora nada”, alfinetou.


Assunto antigo

No dia 25 de abril de 2012, representantes do Conselho Comunitário de Segurança (CCS) de Rio Bonito, o então prefeito José Luiz Antunes (DEM) e representantes da CCR ViaLagos, concessionária que administra a RJ – 124, estiveram reunidos, no gabinete do prefeito para discutir melhorias na rodovia. Entre as discussões está a construção de viadutos, local apropriado para a circulação de bicicleta, animais e carroças, passarelas e a instalação de radares eletrônicos ao longo do trecho que corta o município.

A época, o diretor da concessionária, João Daniel Marques da Silva, disse que por determinação do governo do estado, a ViaLagos iria receber novas e importantes melhorias. O prazo de entrega seria 2014. Ainda segundo o diretor, as exigências é a construção de mureta divisória entre as pistas (para evitar que os veículos invadam a contramão) e a substituição do acostamento de grama por asfalto (no trecho a partir de Araruama).
– O governador quer essas melhorias para toda extensão da rodovia e já liberou, através do Departamento de Estrada de Rodagem (DER), um recurso da ordem de R$ 120 milhões para a execução dessas obras. O problema é que estamos percebendo a necessidade de se fazer mais que isso. As exigências da população de Rio Bonito, por exemplo, devem ser consideradas, mas não temos recurso para isso – argumentou o diretor da concessionária.

De acordo com o prefeito José Luiz Antunes, desde que a ViaLagos passou a administrar a RJ – 124, do bairro Boqueirão até a Praça do Pedágio (Palmital e Mineiros) muitas localidades ficaram isoladas, tiveram os seus acessos prejudicados, estradas foram fechadas e muito pouco foi feito pela população. “Quando a ViaLagos chegou aqui já encontrou Boqueirão, Boa Esperança e demais localidades. Aliás, quando a RJ – 124 chegou na década de 60, essas localidades já existiam. Boa Esperança, por exemplo, sempre foi um bairro importante, por tanto isso tem que ser respeitado e considerado”, ponderou o prefeito.

Pontos de conflito

Os caminhões de areia passam pela ViaLagos em alta velocidade e essa situação preocupa moradores e usuários da rodovia.
O chefe do Executivo riobonitense, que como produtor rural e proprietário de terras já teve inúmeros embates com a concessionária, comenta que em Boqueirão e Boa Esperança, o trânsito de bicicleta foi proibido e faz um questionamento: “mas que alternativa foi dada aos ciclistas?”. Ele mesmo responde: “nenhuma!”. O prefeito acrescenta. “Nós estamos falando de localidades pobres, onde as pessoas dependem da bicicleta para se locomover”. O prefeito também abordou a velocidade com que os veículos cortam as localidades.
– Dia desses fiquei cerca de duas horas, em Boa Esperança, observando o trânsito da ViaLagos. Chamou a minha atenção a velocidade, principalmente dos caminhões que transportam areia. Eles passam a 100 ou 120 km/hora dentro daquele trecho urbano, onde têm crianças atravessando, pessoas de idade, carros em velocidade menor... Acredito que só por Deus ainda não aconteceu uma desgraça nessas localidades (Boa Esperança e Boqueirão) – analisou. 

Outro ponto

A construção do viaduto para ligar as localidades de Viçosa e Três Coqueiros também foi alvo dos comentários. De acordo com moradores do trecho, em época de feriado prolongado e em períodos como Carnaval, Semana Santa, Natal e Ano Novo, as pessoas chegam esperar 40 minutos para alcançar a pista oposta.
– Nós estamos falando de um lugar que tem linhas de ônibus regulares, um trecho onde está sendo construída uma indústria de onde sairá essencialmente caminhões pesados e em baixa velocidade (a pista é de alta velocidade), e ainda existe a possibilidade de nos próximos meses a Urbaniza lançar um loteamento também naquelas imediações – disse outro conselheiro.  

Para o diretor da ViaLAgos, com o recurso de apenas R$ 120 milhões ele não reunirá condições de fazer todas essas melhorias. Ele sugere que assim como aconteceu com os debates com a Autopista Fluminense e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que contou com influência política e iniciativa popular para se conseguir a construção do viaduto do Green Valley, a Prefeitura de Rio Bonito e o Conselho de Segurança também devem usar os mesmos meios políticos para sensibilizar o governo do estado a aumentar o aporte financeiro do projeto.

Junto do prefeito e dos representantes do CCS, o diretor da concessionária preparou um esboço do que foi apontado como ideal para atender as localidades existentes ao longo da ViaLagos. Dentro das exigências ainda existe o pedido de um viaduto para a Prainha; opção de circulação para ciclistas em Boa Esperança e Boqueirão; passarelas em vários trechos; e a implantação de dispositivos eletrônicos para controle de velocidade em Boqueirão e Boa Esperança.

ViaLagos se manifesta

A ViaLagos, através da sua assessoria de comunicação informou que com foco na preservação da segurança de pedestres e motoristas, a Polícia Rodoviária Estadual implantou no quilômetro 13 (Boa Esperança), onde os limites de velocidade são de 60 km/h e 40km/h, cones para o estreitamento de pista, e a CCR ViaLagos sinalizou, com pintura de faixas e placas, o trecho que antecede à sinalização do BPRV, de modo a orientar os motoristas para a redução de velocidade no perímetro urbano.

O acidente do dia 11 de setembro no referido local, se deu em razão de uma manobra indevida de um dos veículos envolvidos, conforme BRAT Nº 109140 (PMERJ /BPRV). As vítimas foram atendidas pela nossa equipe de resgate médico e felizmente não sofreram ferimentos graves.

Informamos que o DER-RJ realiza diariamente a Operação Radar Móvel ao longo de toda a rodovia para coibir o excesso de velocidade. Os usuários da CCR ViaLagos são informados da Operação por meio de painéis eletrônicos ao longo da rodovia e placas de sinalização instaladas pela concessionária, nos trechos que antecedem as viaturas do DER – devidamente identificadas, indicando os locais de fiscalização e os limites de velocidade da rodovia aferidos pelo equipamento. Por oportuno, destacamos que a Operação Radar Móvel é realizada pelo DER em todas as rodovias estaduais, a exemplo do que ocorre também com as operações Lei Seca.

A Polícia Militar Rodoviária também realiza fiscalizações com radar móvel em vários trechos da rodovia, inclusive no posto de Boa Esperança.

Os limites de velocidade da ViaLagos também serão controlados por radares fixos. O DER-RJ instalou e vai operar os equipamentos para proporcionar mais segurança aos usuários da rodovia. A CCR ViaLagos sinalizou por meio de placas e pintura nas pistas os locais de fiscalização, além do limite máximo de velocidade na rodovia (100km/h) aferido pelos radares fixos, instalados nos quilômetros: 04 (Rio Bonito), 44 (Araruama), e 56 (São Pedro da Aldeia).  Assim que o DER informar a data do início da operação dos equipamentos, a CCR ViaLagos iniciará uma ampla campanha de comunicação para divulgação prévia à sociedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário