Flávio Azevedo
O município
de Rio Bonito figura, segundo auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado
(TCE), entre as cidades que contam (ou contavam) com o nome de pessoas mortas
na Folha de Pagamento da Prefeitura Municipal. A auditoria realizada ao longo
de 2012 descobriu que 144 mortos continuaram recebendo salários em pelo menos
14 cidades. A pior situação foi detectada em Caxias, onde havia 67 cadastros
nessa situação. São Gonçalo ficou em segundo lugar, com 36 casos, seguido de
Rio Bonito, com cinco pessoas.
Apesar das
inúmeras denúncias de irregularidades denunciadas pelos prefeitos que assumiram
em janeiro de 2013, em quase todo território fluminense, outros crimes foram
encontrados pelo (TCE) que investigou 151 órgãos de 88 municípios. Segundo o
relatório da investigação, a situação é grave e envolve tanto órgãos de
prefeituras quanto as câmaras de vereadores. Além das pessoas mortas nas folhas
de pagamento, também foram encontradas pessoas presas recebendo regularmente
como se estivessem trabalhando. Foram descobertos ainda, cerca de 8,7 mil
vínculos ilegais, isto é, pessoas que ganhavam salários em mais de um órgão.
Uma delas recebia por até oito prefeituras; outras tinham como endereço
residencial cidades de outros estados.
A auditoria
vai para o plenário do TCE para que as prefeituras apresentem defesa. Em alguns
casos, houve erro no cadastro dos funcionários, mas segundo fontes do TCE, a maioria
deve ser mesmo de pagamentos ilegais. No total, a auditoria verificou a folha
de pagamento de 297 mil servidores, cujos salários somam R$ 11 bilhões.
Ganhos acima do teto
Segundo o
relatório, 144 pessoas já mortas continuaram recebendo salários em pelo menos
14 cidades. A pior situação foi detectada em Caxias, onde havia 67 cadastros
nessa situação. São Gonçalo ficou em segundo lugar no ranking, com 36 casos
semelhantes, seguido de Rio Bonito, com cinco. Outros 47 servidores, que
constam na lista da Secretaria de Administração Penitenciária como detentos em
cumprimento de pena, estavam inscritos nas folhas de dez prefeituras. Cambuci,
Resende, São Gonçalo tinham cada uma quatro servidores nessa situação. Campos,
Itaguaí e Petrópolis vêm logo atrás, com três casos, cada uma.
A auditoria
detectou também mais de 5,3 mil servidores que receberam por mais de uma fonte
de pagamento. O caso chamou atenção porque os funcionários estão fora dos
quadros da área médica e da educação, situação em que podem acumular ganhos. Os
mais de cinco mil funcionários tinham mais de um vínculo, totalizando 8,7 mil
casos. Um dos funcionários aparece como servidor em Belford Roxo, Araruama,
Cabo Frio, Duque de Caxias, Iguaba Grande, Maricá, Rio das Ostras e São Pedro
da Aldeia. Outros quatro tinham sete vínculos, e seis recebiam por seis órgãos.
Também
nesse caso, a pior situação é a de Caxias, com 809 servidores com dois ou mais
vínculos empregatícios, seguido de Araruama (621), Campos (490) e Belford Roxo
(439). Outra irregularidade encontrada foi o número de servidores que recebem
acima do teto constitucional, de R$ 26,7 mil à época da auditoria. De acordo
com o relatório, 202 pessoas estavam nessa situação. Em Caxias, 119 servidores
recebiam acima do teto. Em São Gonçalo, havia 54, enquanto em Itaguaí, 17.
Outra
irregularidade identificada foi o grande número de médicos que trabalham nas
prefeituras, mas que sequer estão registrados no Conselho Regional de Medicina
(Cremerj), como determina a lei. No total, foram encontrados 783 profissionais.
Erros nos cadastros
Ao menos em
Maricá, onde foram encontrados 159 médicos sem registro, os técnicos já sabem
que se tratava de um erro no cadastro dos médicos. Mas em Caxias, Campos e
Paracambi, que somam 208 servidores nessa situação, ainda não há uma conclusão.
Em nota, a
prefeitura de Caxias informou que ainda não tomou conhecimento do resultado da
auditoria do TCE, mas que os pontos indicados pelo tribunal “serão severamente
apurados”. A atual administração de Caxias informou ainda que a “Procuradoria
já se manifestou pela ilegalidade dos salários acima do teto constitucional,
fixando como parâmetro o subsídio do prefeito, isto é, R$ 24,5 mil”. Segundo a
prefeitura, foi criada uma comissão para analisar o tema, “com o objetivo de
evitar que eventuais ilegalidades continuem se perpetuando”.
São
Gonçalo, por sua vez, informou que “já existe uma auditoria interna para
identificar as irregularidades”, e que haverá um recadastramento dos
funcionários. Já a prefeitura de Resende informou que desconhece a auditoria,
mas que vai apurar quais são os funcionários identificados como detentos do
sistema prisional.
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