Flávio Azevedo
E finalmente aconteceu! Acabou o casamento entre o jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho e o Clube de Regatas Flamengo. Pelo que estamos vendo, o ‘bonde está sem freio’! Como acontece com boa parte dos desenlaces matrimoniais, o divórcio está sendo traumático, está gerando muito bate-boca e como vemos acontecer em qualquer separação de casais milionários, as cifras reclamadas pelos ex-cônjuges são estratosféricas!
Sem medo de errar, nós podemos afirmar que as agressões de ambas as partes foi o que azedou a relação. Se nos primeiros meses do casamento a impressão que tínhamos era que a ‘lua de mel’ seria eterna; a conturbada separação mostra que amor e ódio são sentimentos antagônicos, mas bem próximos.
Entretanto, não estou aqui para debater esse assunto! A verdade é que eu decidi usar o caso Ronaldinho x Flamengo para fazer algumas reflexões sobre o futebol brasileiro, que só não caminha a passos largos para o sucesso, porque carrega o peso dos “cartolas” e/ou dirigentes, seres inescrupulosos, egoístas, mercenários e que visam apenas o ganho fácil. Infelizmente, a maior parte deles vive a custa dos falidos clubes de futebol.
Não podemos esquecer os famigerados empresários, que contribuem para que os atletas sejam infantilizados, consumistas, alienados e desapegados aos clubes por onde passam. Aliás, essa postura só é possível porque estamos falando de meninos, quase sempre nascidos em localidade pobres e/ou miseráveis. Garotos que da noite para o dia saem do barraco para mansão e passam a ser tratados como deuses.
Por fim, estamos falando de futebol, esporte equivocadamente tratado como paixão ou produto, quando deveria ser administrado como patrimônio cultural do Brasil. Defendo a ideia de que o futebol brasileiro é tão importante quanto a nossa Amazônia, o nosso Petróleo e outros bens que são exclusivamente produzidos em nosso país.
Todavia, embora seja um esporte que movimenta cifras bilionárias, tenha poder de transformar vidas e dar novos rumos a quem não tinha perspectiva, em terras tupiniquins o futebol é negociado com amadorismo e muita sacanagem. Contribui para isso o alienado e bobo torcedor, que fecha os olhos para esses aspectos e gasta energias inúteis torcendo a favor do clube do seu coração e contra os demais.
A verdade é que essa ridícula “rivalidade”, cantada e cultivada em prosa e verso pela grande mídia, é a substância alienante que não deixa o torcedor perceber que os clubes estão sendo extorquidos por jogadores espetinhos e dirigentes espertalhões. Vale acrescentar que sem notar, esses atores acabam despojados pela mídia, que fatura bilhões com a transmissão das partidas de futebol.
Não me venham com conversas do tipo “que isso... Deixa de ser radical... Isso é esporte... É diversão”, porque no Brasil, o futebol ultrapassou essa barreira e se tornou um agente social. O futebol, hoje, é um setor fabuloso da economia do nosso país. Entretanto, ele é gerenciado com uma fenomenal irresponsabilidade, postura que começa nos governos, passa pelos clubes e desemboca nas arquibancadas.
A mídia, como um urubu faminto por carniça, se mantém calada porque ela lucra com o sensacionalismo das transmissões esportivas, com as interrogações que provoca ao tratar da corrupção no setor; e lucra como nunca, a custa do torcedor que só se preocupa em tirar sarro da cara do colega que teve o seu clube derrotado ou eliminado de alguma competição.
Diante desse cenário desolador, e pensando que os nossos jogadores de futebol são exportados como “commodities”, penso que a guerra deflagrada entre Ronaldinho e Flamengo, é apenas uma de muitas que nós veremos sendo travadas entre ex-jogadores em atividade e clubes gerenciados por dirigentes interesseiros, amadores e desonestos. Se juntarmos a esses crápulas, a mídia escandalosa e os empresários inescrupulosos, nós completaremos os personagens desse circo de horrores que eu vejo como responsáveis pelo “futuro sombrio” que nos espera no futebol.
domingo, 3 de junho de 2012
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