Flávio Azevedo
Ingressamos na Saúde, como técnico de enfermagem, em 1994. Trabalhamos no Hospital Colônia, Clínica Ego, Hospital Darcy Vargas e na rede pública municipal. Saí da área em 2009. Lá se vão quase 20 anos e as queixas são as mesmas, embora a oferta de equipamentos e serviços tenham sido ampliadas e melhoradas. Embora exista essa boa notícia, muitos serviços continuam não funcionando direito. Mas por quê?
Bem, é comum, sobretudo nesse tempo (ano eleitoral), as pessoas ficarem mais dispostas a reclamar. Todavia, em vários momentos essas reclamações não são de cunho cidadão, mas de cunho político-partidário (existem exceções). Dizemos isso, porque passadas as eleições, as reclamações diminuem 90%, mas os problemas continuam. Mas por que param de reclamar? Não é algo para se pensar?
As redes sociais têm dado uma contribuição importante, mas apenas expõe os problemas. Nós temos alguns instrumentos importantes, mas eles não são incomodados pelo usuário, por exemplo, o Conselho Municipal de Saúde. Esse órgão deveria ser mais visitado, porque teoricamente, ele é o responsável por aprovar o que foi realizado e por sinalizar o que precisa ser feito. Mas e aí?
Todos os benefícios sociais que nós temos na atualidade começaram depois de muita luta e embates com setores conservadores (aqueles que não concordam com as almejadas mudanças), mas tudo acaba acontecendo. Reclamamos muito da Saúde, mas temos pouca noção do financiamento disso. Não é barato, mudar conceitos e paradigmas não é fácil, mas com organização e mobilização é possível.
Fica, porém, a grande pergunta: estamos dispostos a nos organizar, perder um pouco do nosso tempo, colocar a cara na reta e granjear algumas inimizades, para vermos a Saúde do nosso município caminhar de maneira mais justa e eficaz? Essa é a questão. Diante desse posicionamento, por exemplo, muitos classificam este jornalista como protetor da Secretaria de Saúde. Mas não é essa a questão.
O que acontece é que não se pode entrar numa briga sem conhecimento de causa. Não podemos cobrar ações aqui e acolá, sem termos noção da mecânica do serviço e do seu financiamento. Não se pode pedir mudança sem mudarmos os nossos hábitos, afinal, se temos direitos, também temos deveres.
Concluindo, podemos afirmar que apenas 1% da população sabe que a Saúde é dividida em três partes. Tudo que é de baixa complexidade é de responsabilidade do município; tudo que é de média complexidade fica a cargo do estado; e a alta complexidade tem como responsável o governo federal. É uma pena que os políticos não usam os seus espaços para mostrar essa lógica e para orientar a população sobre essa dinâmica. Pelo contrário, o que vemos é a exploração da ignorância do povo, que é obrigado a ouvir engodos, sofismas, ideias mirabolantes e planos de governo que é pura conversa fiada.
Ter noção dessa lógica já nos gabarita a ir ao Conselho Municipal de Saúde para exigir mudanças e investimentos, mas quando faremos isso? Vamos ficar esperando quem e o que? Que façam em nosso lugar? Esse é o problema... Ninguém toma a iniciativa. A verdade é que sempre estamos a espera de um Messias, de um Salvador da Pátria ou de um Chapolin Colorado, que possa nos defender.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
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