quarta-feira, 1 de junho de 2011

Tenho orgulho de ser riobonitense

Texto: Flávio Azevedo
Fotos: Rafael Xavier

Eu não sei se o amigo leitor vai gostar, mas os meus tradicionais textos, sempre carregados de críticas e ironias, dessa vez dará lugar a uma narrativa ufanista... Apaixonada... Piegas... Bom, chame do que você quiser, mas ele será diferente! Na verdade, há seis anos, quando eu comecei transitar no jornalismo, eu sempre cobrei que a sociedade, sobretudo os formadores de opinião, se posicionasse na busca por uma cidade melhor.

Até que no dia 30 de maio de 2011, nós conseguimos contemplar o despertar de um gigante adormecido. Aliás, o gigante já havia dado sinais de vida uma semana antes, na tarde-noite do dia 23, quando perdemos o empresário Carlos Américo Azevedo Branco, que foi assassinado no Centro da cidade, em plena Rua Castelo Branco (rua dos bancos), o coração financeiro de Rio Bonito.

Mas na manhã do dia 30, eu cheguei a Praça Fonseca Portela, por volta das 9h40min. Encontrei o local repleto de pessoas. Não se tratava de um feriado, nem data cívica... Não era o show de uma banda famosa. Tão pouco existia ali, algum tipo de sorteio, bingo ou distribuição de prêmios. Subi no trio elétrico, para lá do alto, ver melhor a multidão. Como diria aquela política famosa: “estava lindo!”. Eu, que há seis anos cobrava mobilização e atitude de todos nós, realizava a primeira parte do meu sonho.

A massa lá embaixo era composta por empresários, políticos, artistas, ateus, evangélicos, católicos, espíritas, estudantes, professores, comerciantes, empregados, patrões, profissionais liberais, gente mais jovem e gente mais experiente. Mas o grande show era o trio elétrico. Estavam ali, pessoas que nunca vi demonstrar preocupação com Rio Bonito. Dessa vez, porém, a urgência do problema obrigou o sujeito sair da inércia.

Alguém comentou: “estamos aqui hoje, por conta do que aconteceu com Américo”. Não sei... Não sei se era exatamente isso! Eu, e muitos outros, não estávamos ali somente pelo Américo. Eu, por exemplo, estava lá por causa do Américo, mas também por conta da empregada doméstica, Marivanda Oliveira, que no dia 24 de julho de 2008, levou um tiro na cabeça, numa “saidinha de banco”. Estava lá pelo cidadão José Luiz Antunes, que no dia 1º de agosto, de 2006, sofreu um atentado enquanto almoçava num restaurante da cidade. Estava lá por Rio Bonito.

Estava lá, como muitos outros, porque nos cansamos de ouvir conversas demagógicas, promessas não cumpridas, mentiras... Cansamos de ouvir, de braços cruzados, notícias sobre corrupção, impunidade, egoísmo, mesquinhez... Cansamos de fazer de conta que estamos acreditando em palavras evasivas, enfim... Acredito que todos que se dirigiram a Praça Fonseca Portela, naquele dia 30 de maio, ali estavam por estarem cansados. A Manifestação Pró-Segurança de Rio Bonito foi um basta, não só a insegurança, mas a todas as irresponsabilidades que temos notícia, inclusive, aquelas que são praticadas pela própria sociedade.

Estávamos lá porque o “não é comigo” e o “deixa isso pra lá” deram lugar ao “ainda há tempo”. Estávamos lá porque “nós temos um sonho”. Estávamos lá, porque indiretamente somos culpados pela morte do Américo, pelas saidinhas de banco, pelos assaltos diários, pela insegurança social que assola a nossa cidade, pelas notícias de corrupção política e policial que nos chega como fofoca etc., etc., etc.

Torcemos... Pedimos... Imploramos... Que tenhamos mais consciência ao transitarmos pelos tortuosos caminhos da vida. Na verdade, alimentamos a esperança em um futuro melhor, mais digno, mais igual, muito mais fraterno, livre, e, sobretudo, responsável, para alimentarmos esse orgulho de ser riobonitense.

Concluo por aqui, com uma frase muito proferida entre os estadunidenses: “DEUS SALVE RIO BONITO”!

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