Por Flávio Azevedo - Reflexões
É comum encontrarmos gente dizendo que nós temos má vontade com os políticos. Outros se queixam que os nossos textos e reflexões são muito incisivos e que a Prefeitura Municipal, “coitada”, é sempre apontada como culpada pelos problemas. Tem ainda aqueles alienados que quando nos encontra nas ruas comenta com o companheiro: “esse é aquele cara que só fala mal!”.
Românticos os nossos textos não são, concordamos! Por outro lado, fica muito nítido que a quantidade de gente sem discernimento é bem grande! Porém, pior que os alienados são os covardes. Eles concordam com a crítica, mas para fazer média com o criticado diz exatamente o contrario – e esses são muitos!
Classificamos os que agem dessa forma como perversos, porque como eles estão sempre ao lado do figurão dizendo “você é bom”, acabam contribuindo para que criticado continue achando que está agindo certo. Com isso, o cara cai numa espécie de “conto do vigário”, esquecendo que até Deus repreende e castiga aqueles que Ele ama.
Mas vamos ao que interessa!
Diante da hecatombe que atingiu a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro – não é a primeira e, infelizmente, não será a última – nós voltamos a dizer que a culpa é das Prefeituras, que têm em suas engrenagens um setor de chamado FISCALIZAÇÃO. Vale lembrar que as prefeituras também são responsáveis pela aprovação dos loteamentos.
Aliás, não são poucos os desafetos que nós arranjamos por conta dessas colocações!
Essa semana, porém, nós tivemos acesso a entrevista do professor de Engenharia Ambiental e Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Adacto Benedicto Ottoni (foto). A matéria chamou a nossa atenção, porque além de afirmar que o poder público ignora a existência de milhares de famílias morando em situação de risco, ele culpou as PREFEITURAS, que “não fiscalizam e permitem a ocupação irregular dos solos”. O catedrático também alertou: “não adianta culpar a natureza pela negligência do governo!”.
O professor aponta o desmatamento como principal causa dos deslizamentos de terra na Região Serrana – e em qualquer outro lugar! Ele explica que quando a parte alta dos morros é ocupada de forma irregular, a cobertura vegetal é eliminada. Segundo ele, “são as raízes das árvores que seguram o solo, mas sem a vegetação, as encostas vêm abaixo”. Ele também ressaltou que o desmatamento aumenta o risco de enchentes, já que a cobertura vegetal absorve a água das chuvas. “Essa proteção natural impede que água escorra pela superfície, levando detritos para rios e córregos”, disse Adacto, que também apontou o assoreamento dos rios como principal causa para os alagamentos.
O engenheiro ambiental também destaca que o saneamento básico precário colabora para os deslizamentos de encostas. Segundo ele, o esgoto infiltra no solo, tornando-o frágil diante de uma chuva forte. “A falta de serviços públicos nas áreas de habitação e saneamento básico anuncia esse tipo de tragédia. O lixo é outro problema. Quando ele não é recolhido, a água acumula nos morros, que infiltram o solo e o resultado nós já conhecemos”, disse.
Adacto defende o monitoramento do uso e da ocupação do solo através do que chama de georreferenciamento, que permite a identificação, por satélite, de construções urbanas irregulares. Para ele, as prefeituras devem remover as pessoas das áreas de risco, para evitar mais mortes nos próximos verões, quando segundo os pesquisadores, as chuvas serão mais fortes e torrenciais.
O professor, porém, aponta para duas tristes realidades: “não existe vontade política para resolver essa situação e as medidas tomadas até aqui são paliativas e voltadas apenas para aliviar a dor momentânea daqueles que perderam casas e familiares”. Ele conclui afirmando que “enquanto não houver um planejamento urbano a curto, médio e longo prazo, mais vidas serão perdidas nas próximas tragédias”.
Nós concordamos que as prefeituras têm poucos recursos (deveriam ter melhor gerenciamento); reconhecemos que o governo federal nunca investiu em Habitação (agora que tem o programa Minha Casa Minha Vida); e defendemos a ideia de que o governo do Estado sempre esteve na mão de políticos perversos que governaram o território fazendo concessões com todo o tipo de ilegalidades.
Contudo, as Prefeituras têm maior parcela de culpa, porque as áreas de risco, as comunidades pobres e os bolsões de miséria sempre foram – e continuam sendo – o curral eleitoral dos assistencialistas de plantão. Eles dizem que estão investindo no social, mas é balela! O que fazem, na verdade, é contribuir para que os menos esclarecidos continuem sendo explorados, se mantenham alienados – sem conhecer os seus direitos e deveres – e através do voto inconsciente permitam que esse monte de tralha, que contamina a política brasileira se perpetue no poder.
Enquanto isso, deixa descer encosta e deixa morrer gente! Isso sim é trágico!
sábado, 22 de janeiro de 2011
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