Flávio Azevedo
“Fora PT!”, “Fora Dilma!”, “Lula
preso!”, foram as palavras mais ouvidas nesse domingo (13/03), por todo Brasil.
Estão estimando em cerca de 6,5 milhões de pessoas em protesto por todo país.
Os alvos são o governo federal e a corrupção... Mas estamos protestando e
lutando contra o que exatamente? Saímos às ruas por insatisfação real ou por
influência de alguém? E o que acontece depois do impeachment? É só o PT que
corrompe? E os demais partidos e lideranças partidárias do Brasil, são santos?
E o Legislativo? E o Judiciário? E nós? Será que nós lembramos para quem foi o
nosso voto para os cargos de deputado, senador ou vereador na última eleição?
E nosso velho hábito de trocar o voto
por R$ 50,00, continua? E colocar adesivo, porque o político está me dando 10
litros de gasolina por semana? E ser assessor do político para ter o INSS pago
e depois devolver o salário? E superfaturar obras ou venda de produtos, porque
é preciso devolver 50% do que irão me pagar? E as notas frias e calçadas? E
vender uma tonelada e entregar 500 kg? E votar no cara simplesmente porque ele
prometeu agregar o meu caminhão, trator, kombi ou automóvel? Tudo isso
continua?
E vender igrejas inteiras em troca de
um cargo comissionado no futuro governo, continua? E vender uma entidade de
classe ou entidade associativa, porque eu e/ou minha mulher seremos nomeados em
algum cargo de confiança? E usar o emprego público como bico, porque a minha
ocupação oficial me remunera melhor? E a perseguição e o patrulhamento que eu
faço sobre os colegas de trabalho, somente para ficar bem na fita com o chefe?
Essas coisas também continuam?
E desviar a rota dos veículos oficiais
e subtrair combustível? E trocar peças e assessórios dos carros oficiais pelas
peças e assessórios do meu carro? E estacionar em fila dupla? E desmatar? E
jogar lixo nos valões e encostas? E lotear áreas proibidas e corromper quem
fiscaliza? E aceitar propina para não cumprir a minha responsabilidade como
ente público? E transferir a responsabilidade de educar o meu filho para escola?
E proteger a boca de fumo da esquina, porque o meu filho está no meio? E
comprar aparelhos e eletroeletrônicos da mão terceiros e com preços 70% menores
que os do mercado? Tudo isso continua acontecendo?
E falsificar carteirinhas e passes
para entrar em transporte universitário, cinema, clubes etc., continua? E
corromper o policial que me aborda quando eu estou todo errado? E vistoriar o
carro sem levá-lo na vistoria? E comer os alimentos guardados na geladeira do
meu trabalho sabendo que eles não me pertencem? E contar mentira a cada
eleição? E prometer o que não é possível cumprir? E iludir, sobretudo os mais
pobres? E colocar dificuldade para vender facilidade? E fazer política em porta
de hospital, funerária e delegacia? Será que isso tudo continua?
É... Eu não vou continuar perguntando,
porque a única coisa que eu sei é que não podemos continuar sendo hipócritas,
uma vez que a corrupção que combatemos não nasce em Brasília, mas no seio da
sociedade. Eu vejo uma classe política putrefata, percebo que o impeachment é
trocar seis por meia dúzia, mas esse apodrecimento começa quando o político
ainda é eleitor. O que acontece é que o político leva para os cargos que ocupa,
os maus hábitos da sua vida comum.
Eu vejo muita gente concentrada na
corrupção de Brasília por duas simples razões: por não ter coragem de se
concentrar na corrupção praticada pelos governantes da cidade em que ele vive
e/ou porque não entenderam ser a cidade o nascedouro desses problemas. Nós não
moramos em Brasília, mas em Rio Bonito, Tanguá, Silva jardim, Itaboraí, Maricá,
Niterói, São Gonçalo, Saquarema, Araruama etc. Se não começarmos a combater a
corrupção em nossas cidades, em nossas casas, em nossos bairros, esse baita
movimento de hoje, ruas cheias de verde e amarelo, gente mobilizada e qualquer
outro movimento futuro; será tudo em vão e um grande picadeiro, onde os
palhaços somos nós. #flavioazevedo
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