Flávio Azevedo
A Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo em 2014
ficou num honroso quarto lugar. Chororô a parte, perder de 7x1 para a Alemanha
é uma aberração, mas esse grupo não poderia ficar numa colocação melhor. O que precisa ser repensado é a
origem do futebol brasileiro, que está carente de craques, sobretudo de meias
que encantam os nossos olhos. Depois de Zico, não existiu outro meia
diferenciado. Tivemos bons jogadores, mas nada diferente. No ataque, por conta
da necessidade de formar jogadores “tipo exportação” (porque o objetivo das
peneiras é vender atletas para clubes europeus), depois do baixinho Romário só
tivemos um Ronaldo e nada mais.
Se conseguirmos deixar a
paixão clubistica de lado, nós conseguiremos ver que nenhum atacante do futebol
brasileiro, hoje, é muito superior ao Fred. Pode ser que tenhamos algum jogador
em melhor momento técnico, mas não melhor em talento. O novato Neymar teve
grande responsabilidade em ter que carregar sozinho, e ainda adquirindo
experiência (é um menino de apenas 22 anos), essa geração que não tem a
qualidade que se espera do jogador brasileiro.
A verdade é que a última
geração que encantou e representou o futebol brasileiro foi a Seleção de 1982.
De lá para cá nós viemos na decrescente. Contudo, essa geração que encantou o
mundo não conquistou o título mundial. Aquele grupo sucumbiu diante de uma
Itália em dia de graça. Quatro anos depois, os remanescentes daquele grupo
ficaram nos pênaltis diante da França. Em 1990, a boa seleção também era muito
questionada e caiu nas oitavas de final diante da Argentina.
Em 1994 e 2002, o Brasil foi
campeão, mas essas equipes campeãs estiveram longe de apresentar o brilhantismo
e o bom futebol do escrete de 1982. Em 1994 contamos com o diferenciado
Romário. Em 2002, com um predestinado Ronaldo. Em 1998, 2006 e 2010, mais do
mesmo. De 1990 para cá, as nossas atuações, com raríssimas exceções, estiveram
à conta do chá. Em 1994 vencemos a Itália nos pênaltis. Em 2002, o título veio
num dia em que tudo deu certo para o Brasil, como tudo deu certo para eles no
vexatório 7x1 de 2014.
Nesses 30 anos, de 1982 até
aqui, a qualidade do futebol brasileiro caiu. É logico que nos tornamos mais
competitivos, porque as equipes brasileiras, nesse tempo, conquistaram Copas
Libertadores, Mundiais de Clubes, Copas Américas, Copas das Confederações, mas
com atuações comuns. Se existe algo a se destacar, apenas a dupla, Thiago Silva
e David Luiz, que teve atuações ofuscadas pelo mau desempenho dos colegas e
esquema tático escolhido pelo treinador.
Mas o que queremos?
Conquistas ou belo futebol? Analisando a evolução das demais seleções, a organização
do futebol brasileiro e o nascedouro do jogador brasileiro, o melhor a fazer é
nos conformarmos com a realidade do quarto lugar. É claro que seremos campeões
no futuro, mas nunca com a soberania de outrora. Será sempre na conta do chá,
como foi diante da Croácia, do México (que empatamos), do Chile e da Colômbia.
Ficar em quarto lugar com
esse grupo mediano que disputou a Copa de 2014 está de bom tamanho e pode ser
que, trocando a comissão técnica ou não, esse lugar se mantenha na próxima Copa
(Rússia em 2018). É possível, inclusive, que esse modesta colocação só tenha
acontecido porque a Copa foi no Brasil. Jogando fora de casa, o vexame poderia
ser pior e diante para uma seleção inexpressiva.
Tudo precisa ser repensado,
analisado e mesmo que haja mudanças acertadas, elas só serão percebidas em
longuíssimo prazo. Concluímos destacando que a FIFA tem provado ser uma máfia.
Como bem disse o ex-jogador, Romário, "a CBF é uma entidade dominada por
quadrilheiros". Nas Federações, o cenário não é diferente. E nas ligas
municipais, como presenciamos em Rio Bonito, o futebol deu lugar a desavenças e
politicagem. Ou seja, ficar em quarto lugar está ou não está de bom tamanho?
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