Paula Brito
Apesar das polêmicas em torno da verba
de R$60 mil, aprovada pela Câmara de Vereadores, para a realização da Marcha
pra Jesus. O evento aconteceu no último dia 21 e contou com cerca de cinco mil
pessoas no Centro de Rio Bonito. A marcha teve o apoio de 20 pastores
evangélicos do município e contou com os shows dos cantores Alex e Alex, Fabi,
Perlla, Gisele Nascimento e PG. A Marcha teve início às 18h na Avenida Sete de
Maio, de onde os participantes saíram em direção a Praça Fonseca Portela.
Acompanhados de um trio elétrico e um trenzinho que trazia personagens bíblicos
em formato de bonecos, os evangélicos cantaram e dançaram pelas ruas da cidade.
O show teve um atraso de 1h30, e nem a
chuva foi capaz de desanimar os evangélicos que aguardavam. Os problemas na
aparelhagem de som fizeram com que o show da cantora Fabi fosse interrompido
algumas vezes, mas o público presente continuou prestigiando a artista. Os
cantores Alex e Alex levaram canções de adoração e testemunhos de vida. A
ex-funkeira Perlla animou a todos e ainda convidou uma riobonitense para subir
ao palco e cantar junto dela. Gisele Nascimento, em parceria com Perlla, fez
uma homenagem aos esposos que as acompanhavam. O momento de carinho foi seguido
de canções clássicas das igrejas.
A cantora Perlla. |
Desabafo
Presidente da Unipas, Rodrigo Salazar |
Durante o culto, o presidente da União
de Pastores (UNIPAS), afirmou ter dispensado a verba liberada pela Câmara por
conta das polêmicas e decidiu organizar o evento apenas com patrocínios de
empresários locais. Rodrigo Salazar aproveitou o espaço para fazer um discurso
sobre o uso do dinheiro público e a necessidade do retorno de impostos como
iniciativas socioculturais. Falou sobre as críticas ao evento nas redes sociais
e o uso do dinheiro público em eventos como o carnaval. Criticou ideologias de
partidos políticos como o PPS e o PT e afirmou ter apresentado um projeto de
lei para que a Marcha também se torne um evento cultural.
– Quem tem coragem de criticar um
evento abençoado como esse, pra mim, não serve nem pra ser síndico. Fulaninho
fica postando versículo em rede social, falando mal do povo de Deus, mas no fim
de semana está no bar. Os cantores evangélicos também precisam receber para
estarem aqui. Os valores são determinados a partir dos níveis, assim como o
salário de um político ou de um secretário. Mas nós não iremos à rede social,
ou em lugar nenhum para nos defender. Nós, pastores aqui presentes, temos um
papel social muito importante, nos nossos altares ensinamos as pessoas a
cumprirem seus deveres com Deus e com o estado. Nenhum pastor aqui precisa de
dinheiro de governo, nós estamos apenas lutando por um direito que é nosso, o
de ter o retorno dos impostos que pagamos todos os dias. Nós não somos cidadãos
de quinta categoria. Nos últimos três meses meteram o pau nesse evento, devido
a isso achamos mais prudente não receber a verba da Câmara, mesmo assim
conseguimos trazer artistas maravilhosos para o nosso culto. Hoje eu venho aqui
afirmar que já apresentei um projeto de Lei que visa transformar a Marcha pra
Jesus num evento cultural, espero que esse evento aconteça por muitos anos em
nossa cidade. Independente das pessoas que criticam uma festa tão linda como
essa – discursou.
PG, ex-vocalista da banda Oficina G3 foi uma das atrações do evento. |
Polêmica
A polêmica sobre o evento surgiu logo
após a publicação do texto “Marcha pra Quem?” na última edição do jornal “O
TEMPO” (Edição 49) e no Facebook pessoal do editor do jornal. Segundo
informações o texto teria sido causador do afastamento do jornalista Flávio
Azevedo da Secretaria de Comunicação Social, pasta que era de sua
responsabilidade. Em trechos de seu texto, Flávio critica diretamente a
subvenção de R$ 60 mil aprovada para o evento, faz reflexões sobre o foco da
Marcha e comenta a questão das celebridades do mundo gospel.
“(...)
Somos frontalmente contrários a liberação de recursos públicos para qualquer denominação,
pelo simples fato de que o louvor é uma oferta voluntária que oferecemos a Deus
para retribuir o que Ele fez e faz por nós. Também somos contrários a esse
negócio de o sujeito, famoso ou não, só aceitar visitar a igreja que comprar os
seus CDs ou DVDs. Também discordamos dos espetáculos promovidos por “cantores e
líderes religiosos” que só acontecem quando eles são bem pagos. O problema não
é exatamente o dinheiro, mas a forma como ele está sendo arrecadado e
empregado. Da maneira que tem sido feito, o louvor fica ofuscado, a adoração
fica mascarada e nitidamente a fé esta virando um comércio e bem lucrativo.
O
município vai dar R$ 60 mil? Beleza! As igrejas evangélicas – e em Rio Bonito
não são poucas – darão quanto? E a comunidade de crentes dará quanto? E o
louvor através das ofertas? Não tem? O vereador Marcinho Bocão disse que é
preciso trazer um cantor famoso, “que não é barato”, para atrair as pessoas
para o evento, “porque senão não vai ninguém”. Mas espera aí... O negócio é
“Marcha para Jesus” ou “Marcha para Thales Roberto”? É “Marcha para Jesus” ou
“Marcha para Aline Barros”? (...)
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