Flávio Azevedo
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A prefeita entrega uma das cartas no HRDV |
A prefeita Solange Almeida está
distribuindo uma carta aberta para informar, aos usuários e funcionários do Hospital
Regional Darcy Vargas (HRDV), o que está acontecendo com o hospital, que ela
afirma ter “péssima administração”. Informações de bastidores e testemunhos de
funcionários que não se identificam por medo de perder o emprego, confirmam que
sai do comando do HRDV, a informação de que a falta de médicos e pagamento dos
funcionários acontece por culpa da Prefeitura, que não repassa os valores
devidos à instituição. Com números em mãos, a prefeita mostra que pagou ao HRDV,
em 2013, um valor da ordem de R$ 20 milhões entre recursos próprios e verbas
estaduais e federais. Aliás, cerca de R$ 5 milhões a mais que em 2012.
Apesar desse montante significativo de
dinheiro, a falta de médico foi uma constante reclamação em 2013. O que indigna
a chefe do poder Executivo é que o problema acaba sendo atribuído a ela, que
deseja assinar o novo Plano Operativo Anual (POA) e a instituição não quer. O problema
é que sem assinar esse convênio a Prefeitura não pode fazer os repasses que o
hospital necessita. A prefeitura está com dinheiro em caixa para enviar o
recurso, diz que busca da assinatura desse contrato desde o último dia 30 de
dezembro, mas a instituição não assina o documento.
Diante desse novo velho problema (Hospital
x Prefeitura), a opinião pública se divide, porque os posicionamentos políticos
permeiam a forma de encarar a questão. Junte a isso, o desconhecimento de causa,
num país onde todos são especialistas em tudo. Aliás, qualquer um que tem
perfil num site de relacionamentos se julga especialista em qualquer assunto. Participar
dos fóruns onde os temas e problemas de Rio Bonito são debatidos (o que seria o
ideal) nós não vemos. A argumentação da maioria é que “não adianta”, como se
adiantasse ficar em casa ou no Facebook choramingando.
A questão Prefeitura x Hospital sempre
caminhou na lógica da guerra fria. Ou seja, não há exposição pública de pontos
de vista e opiniões, mas ataques velados através dos conhecidos e manjados
círculos de amigos. Outro problema é que os temas referentes ao financiamento
dos serviços prestados pelo hospital acabam sendo debatidos em locais que não
são próprios para essa discussão.
O tema financiamento e prestação de
serviço do hospital deveriam ser pensados e debatidos nos fóruns específicos
para esse fim. A questão Hospital x Prefeitura precisa ser pensada por setores
e organismos como a Secretaria Municipal de Saúde; o Conselho Municipal de
Saúde, e já que o município manda dinheiro para a instituição, a Câmara de
Vereadores, que conta com uma Comissão de Saúde, também deve entrar nesse
debate.
Contudo, há anos as questões que
envolvem a sociedade riobonitense são pensadas e debatidas em lugares que não
são próprios para isso. Chega de pensar os nossos problemas no MiraSauer; na piscina do Esporte Clube Fluminense; no Bar do Onça; na
sauna do Rio Bonito Atlético Clube; no Bar de Cristino; na pelada do sítio de Cadinho; no churrasco que
rolou na casa de determinado bacana etc. Feito isso, a cidade começará a ter
novos rumos. Entretanto, não é demais perguntar: “queremos realmente caminhar
para esses novos rumos, ou curtimos essa mediocridade e esses hábitos
provincianos?”.
Sei que essa aberração é cultural. E
para meu horror, eu também sei que muitas questões políticas da história de Rio
Bonito foram decididas no antigo Gauchão, no saudoso Bar Nacional e/ou no
famoso bar do Honesto. Mas chega! Vamos mudar! Rio Bonito cresce a olhos vistos
e o provincianismo, as máfias, conluios e apadrinhamentos precisam ser expurgados
do nosso meio. Caso isso não aconteça, nós seremos atropelados pelo crescimento
que chega a reboque do Comperj.
A grande novidade desse filme repetido
e enfadonho é que a prefeita vem a público dar uma declaração importante. Esperamos
que o HRDV saia da trincheira e se posicione, para que a população possa fazer a
sua análise e esse filme figure apenas nos arquivos históricos da nossa cidade,
porque nós não aguentamos mais!
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