quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O cenário político de Rio Bonito e o que vem por aí

Flávio Azevedo

Depois das últimas derrotas no Judiciário e diante da provável perda de mandato e direitos políticos (seis anos), a prefeita de Rio Bonito ingressou com agravo regimental no STJ. O instrumento jurídico é chamado pelos técnicos da área de “agravinho” e já será analisado na tarde dessa quinta-feira (17/09), às 14h. O propósito dela é ganhar algum tempo no comando da Prefeitura de Rio Bonito. O meu pai dizia que “cada minuto que passa é um milagre que não se repete”. No caso da prefeita, cada dia a frente do Executivo representa a chance de cumprir acordos e atender compromissos assumidos em campanha (2012). Isso pode ser considerado uma vitória.

Não é segredo para ninguém, a montanha de processos que a prefeita tem na Justiça. Todavia, chama atenção a velocidade que esses processos, inertes há anos, passaram a tramitar nos últimos meses. Esse cenário nos permite algumas reflexões que não são palatáveis aos puxa sacos, mas são perfeitamente aceitáveis aos que não têm os olhos vendados pela ‘boquinha’. Um dos problemas dela é o amadorismo na condução da sua vida pública, característica que fica cada vez mais evidente. E não adianta orientar, porque ela se acha autossuficiente.

A certeza da impunidade, a confiança no poder de convencimento e a convicção de que os eleitores são tapados e interesseiros são os outros pilares da autossuficiência. Eu não sei se o amigo já percebeu, mas quem está no poder municipal (todos agem assim) suga aqueles que estão a sua volta e depois os abandona como se cospe uma goma de mascar que perdeu o doce. Esse fenômeno, porém, também acontece nas escalas de poder acima do âmbito municipal.

Com a crise de credibilidade que os partidos políticos enfrentam, as siglas partidárias iniciaram processos de renovação dos seus quadros. Entre eles está o PMDB, que é um caso à parte. Sempre coadjuvante, mas importante na tomada de decisões do país, boa parte delas contra o povo, o PMDB era aliado do PSDB, mas com a saída dos ‘tucanos’ se aliou ao PT. Isso gerou um desgaste assombroso ao partido, que vive mergulhado em escândalos, alguns deles investigados pela operação Lava Jato.

O que se percebe é que a principal representante do PMDB em âmbito municipal também se desgastou e não combina com a lógica de renovação que os partidos estão pretendendo para as próximas eleições. Diante desse cenário, quem formou novas lideranças recorreu ou está recorrendo a esses novos nomes. Mas e quem a vida toda trabalhou aniquilando as lideranças que ameaçavam surgir a sua volta? Essas pessoas ficaram sem opção e tendem a desaparecer.

Embora o PMDB não aguente mais o peso e o desgaste da sua principal representante, a saída dela, agora, pode colocar a Prefeitura no colo dos grupos políticos adversários. Assim, a única alternativa do PMDB é manter a prefeita no cargo e permitir o tiro de misericórdia num momento que os adversários não terão poder de se apresentar como opções palpáveis. Quando o tiro de misericórdia for disparado, a prefeita será substituída pelo vereador Marcos Luanda (muito bem votado na cidade nas eleições de 2014, quando foi candidato a deputado federal).

O vereador, hoje, olhado pela prefeita como adversário, entra no jogo sem ter adversário e o principal, sem ser aliado a ela. Por outro lado, o vice-prefeito, Anderson Tinoco (PSDB) não terá tempo de se viabilizar para concorrer ao pleito; e Matheus Neto (PR), esperando o ex-prefeito Mandiocão decidir se será candidato, acabará se inviabilizando. A estratégia do PMDB parece ser essa, resta saber eles combinaram com as outras siglas partidárias.

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