quarta-feira, 6 de junho de 2012

Trânsito caótico, poder de multa e ordenamento urbano

Flávio Azevedo

Nesse texto nós iremos abordar a incomoda situação que é “dirigir” em Rio Bonito, cidade cantada em prosa e versos como “pacata” e “ordeira”. Todavia, esse comportamento jaz no imaginário popular de quem não quer admitir, por bairrismo ou idiotice, que esse cenário está muito distante do que vemos nas ruas da cidade nos dias atuais.

O assunto tem sido tema de debate nas reuniões do Conselho Comunitário de Segurança (CCS), na Câmara de Vereadores, nos papos de botequim, em rodas de amigos e figura nos projetos políticos dos pré-candidatos a prefeito e vereador de Rio Bonito. É patente a necessidade de que alguma providência precisa ser tomada, porque tem sido insuportável dirigir nas ruas da “cidade risonha”, sobretudo nos horários de entrada e saída das escolas e próximos a esses prédios.

O receio de muitos dos nossos amigos riobonitenses (preocupação pertinente, diga-se de passagem) é com a indústria da multa que pode se instalar em nossa cidade como supostamente aconteceu em municípios vizinhos. A criação dos cargos de Agente de Trânsito, elementos que seriam os operadores desse sistema, foi rejeitada pela maioria dos vereadores quando a proposta foi enviada a Casa Legislativa em 2010. As argumentações são similares.

O problema é que enquanto isso não se resolve, o caos se estabelece e os problemas continuam sem solução. Vale ressaltar que como bons brasileiros que somos, pensamos sempre de maneira imediata e ostensiva. A vontade é arrebentar o infrator, como se ele fosse o único culpado por ser mal educado e desprovido de bom senso.

Agimos como se o Estado não fosse um dos responsáveis pela falta de respeito às leis e ao ser humano, através do seu aparelhamento perverso que estimula a desigualdade e outras deformidades sociais. Não vemos debates e reflexões onde as medidas educativas estejam sendo pensadas. Concordamos com a repressão, mas investimentos em políticas que estimulem a conscientização são urgentes.

Indústria da multa

Entre os municípios conhecidos como usuários da "Indústria da Multa" está Itaboraí, cidade que nós visitamos semanalmente, mas onde nunca tomamos uma multa! Agora, se os nossos "maltoristas" foram lá repetir as bandalhas que fazem em Rio Bonito, certamente perderão todos os pontos da CNH! Igualmente em Cabo Frio e outras cidades próximas!

Em Arraial do Cabo, por exemplo, logo na entrada da cidade tem uma placa falando sobre som alto e as penalidades para quem infringir essa regulamentação! Freqüentamos a cidade há vários anos e nunca vimos, como acontece em Rio Bonito, aqueles engraçadinhos que ficam com som alto na calçada dos bares e áreas públicas! O curioso é que os baderneiros riobonitenses também freqüentam a cidade!

A questão é que por aquelas bandas, o carro do infrator é multado e rebocado, não interessando saber se ele é filho de Barack Obama, sobrinho do Papa ou enteado de Dilma Rousseff!

Perguntamos: por que essas coisas não funcionam em Rio Bonito? A resposta é dolorida e simples: “por conta do nosso maldito patrimonialismo e do nosso nojento paternalismo”. Reconhecemos que isso existe em todo lugar, mas em terras riobonitenses parece ser mais acentuado, por conta de dois fatores: “falta de respeito e bom senso é cultural; e por termos muitos abutres que lucram com a liberação dos infratores”.

Para quem não quer entender, nos afirmamos que esses abutres, geralmente, é gente (e são muitos) que está inserida em cargos políticos e utiliza essa ferramenta para angariar votos e apoio político!

2 comentários:

  1. É meu camarada. Só esqueceu de mencionar a "Síndrome de Gabriela", que sofre esse povo pacato, ordeiro e educado dessa cidade risonha!

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    1. Charles, para quem não sabe o que é a "Síndrome de Gabriela", recomendo que prestem atenção na música principal da série "Gabriela" que começa na próxima segunda-feira (18/06/2012), na TV Globo.

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