sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Prefeitura de Rio Bonito x Hospital Darcy Vargas, quem tem razão?

A negociação entre Prefeitura de Rio Bonito e Hospital Darcy Vargas para regulamentar a prestação de serviço é compreendida de várias maneiras. Há quem diga existir uma guerra entre as partes; há quem diga que existe uma “queda de braço”, há quem consiga enxergar interesses políticos; mas pouca gente compreende a realidade dos fatos: estarmos diante de uma negociação onde quem contrata quer pagar menos e quem está sendo contratado quer receber mais.

Penso que as pessoas ainda não entenderam que a Prefeitura compra os serviços que ela não consegue oferecer a partir da sua estrutura. Por exemplo, a Prefeitura compra os serviços de uma empresa que constrói pontes, constrói escolas, constrói postos de Saúde; compra os serviços da empresa que fornece merenda; compra os serviços da empresa que cuida do sistema de informática, da Iluminação Pública etc. 

Na Saúde não é diferente. Existe negociação e contratos com as empresas prestadoras de serviço que atuam nesse setor. Existe negociação quando a Prefeitura, por exemplo, compra serviços de laboratórios, de clínicas de fisioterapia e de serviços específicos, entre eles exames de RX, Ultrassonografia, Endoscopia, Eletrocardiograma etc. Na relação com o Hospital Darcy Vargas é igual. 

Todavia, quando o assunto é Saúde, existe uma má compreensão do tema por parte de quem governa e principalmente por parte dos governados. A questão é que as pessoas ao longo das últimas décadas foram contaminadas por teorias românticas propagadas por políticos picaretas que usam a Saúde como bandeira e, sobretudo para vender um perfil cínico de “defensor da Saúde”.

A frase clichê “saúde em primeiro lugar” é linda, carregada de “empatia” (frase da moda), mas ignora que a Saúde tem custos e que não existe almoço grátis. Começo destacando que um exército de pessoas trabalha nesse setor em troca de um negócio chamado salário. É... E esses salários precisam ser pagos em dia, esses funcionários têm direitos trabalhistas que precisam ser honrados e muita gente ignora que isso tem custo. 

Na Saúde usa-se medicamentos e insumos, itens que têm custos e acabam sendo tão rentáveis que existe uma indústria de laboratórios e fábricas por trás disso. Aliás, essas empresas não trabalham gratuitamente, em nome da “saúde do povo”. Elas visam lucro e precisam comprar mão de obra dos funcionários, que trabalham em troca de salários. Existe também os equipamentos, as próteses, o maquinário; tudo isso é produzido pela indústria, que não está nesse negócio por conta da “saúde do povo” e sim por ser uma atividade lucrativa.

Esses aspectos é que levam Prefeitura e Hospital ao campo de batalha. Em toda negociação de compra de serviços quem paga quer pagar menos e quem recebe deseja receber mais. Isso é comum no mundo dos negócios. “Ah! Mas isso é um absurdo, porque nós estamos falando de Saúde!”. Linda frase que não muda em nada o fato de existir uma negociação onde alguém quer comprar alguma coisa mais em conta de alguém que quer valorizar o que tem para vender.

Muitos que estão apavorados com essa realidade já devem ter pensado em trocar de bandeira de plano de saúde porque encontrou um mais barato. Quem sabe eu esteja escrevendo para alguém que já trocou de plano de saúde, porque encontrou uma empresa que vende serviços com preços mais atrativos. Não é diferente na negociação entre Prefeitura e Darcy Vargas. É claro que existe política, má vontade, egos insuflados; mas a principal razão das tratativas (da natural morosidade para se chegar a um denominador comum) é a lógica comercial que envolve qualquer negociação de prestação de serviço. Vamos em frente! #flavioazevedo

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