Flávio Azevedo
Em 2010 eu fui ao cinema assistir “Lula, O Filho do Brasil”, que narra a trajetória do ex-presidente Lula, da sua infância até a fase de sindicalista, nos anos 80. Fiquei sensibilizado com a história que o filme contou. Eu considero “Lula O Filho do Brasil”, uma das grandes produções do cinema nacional. À época, eu vi um monte de gente sem noção criticando o longa sob o argumento de que era uma manifestação ufanista ao ex-presidente Lula. Na boa, tudo conversa mole orientada por ideologia política. Os analistas ignoraram a história daquele personagem, o trabalho dos diretores, cineastas e atores, e ignoraram, sobretudo, que todo filme tem viés político, erros, exageros, adaptações etc.
Sete anos depois eu volto ao cinema, agora, para assistir “Polícia Federal, A Lei é Para Todos”. Que filmaço! Que coisa boa ver o cinema nacional produzindo filmes de maneira muito competente! Todavia, novamente eu estou vendo um monte de gente sem noção criticando o longa e novamente sob o argumento de que o filme é uma manifestação ufanista a Operação Lava Jato. Na boa, tudo conversa mole orientada por ideologia política. Outra vez ignoraram a história dos personagens, o trabalho dos diretores, cineastas e atores, e ignoraram, sobretudo, que todo filme tem viés político, erros, exageros, adaptações etc.
Aproveito a oportunidade para destacar que as questões ideológicas, que deveriam oferecer Educação e consciência, hoje, exaltam apenas a intolerância. Se os filmes são ufanistas e receberam milhões de investimento (o orçamento deles é muito similar), a lógica de esquerda e de direita, que no Brasil só existe na cabeça de cabo eleitoral bobo ou interesseiro, acaba fabricando análises rasas e comprometidas.
É impossível assistir “Polícia Federal, A Lei é para Todos” com um olhar transcendente. Afinal, diariamente, como se fosse uma novela, a mídia exibe em tempo real, operações da Polícia Federal, conduções coercitivas, delações premiadas, a corrupção entranhada nos poderes, o trânsito de malas recheadas com dinheiro público roubado, conversas comprometedoras, políticos ladrões... Uma cobertura que, inclusive, tornou o jornalismo brasileiro uma escola de cineastas.
Que me desculpem os críticos, mas os comentários que tenho visto no sentido de que o público não lotou as salas de cinema por ter reprovado o longa é raso e mostra desconhecimento de como funciona a cabeça da nossa gente. A leitura que eu faço é que muitos não compareceram, porque “Polícia Federal, A Lei é para Todos” acaba sendo uma grande reprise, uma vez que o ineditismo da Operação Lava Jato está todo dia estampado nos telejornais.
Eu tenho certeza de que o diretor do filme, como acontece quando eu releio um texto de minha autoria, encontrará inúmeros erros que serão corrigidos. Aproveito para destacar as excelentes atuações de Antonio Calloni e Bruce Gomlevsky. Os críticos dizem que o filme tem como proposta transformar os policiais federais em heróis. Vejo até algum sentido nisso, mas é um pensamento hipócrita, porque quando estão na telona as milionárias produções hollywoodianas, como Rambo, Jack Bauer, Bradock, os Ases Indomáveis, Esquadrão Classe A e dezenas de outros filmes de espiões e detetives; todos esquecem o ufanismo estadunidense e o aplauso rola solto.
A verdade é que na cabeça dos subdesenvolvidos, só o estadunidense pode ter ou ser herói. No Brasil, onde os heróis são muito mais necessários – e nós temos muitos por aí – eles não podem existir. Tomara que o cinema nacional esteja vendo, como consegue ver a indústria cinematográfica hollywoodiana, os heróis brasileiros. O professor, o jardineiro, o cachorrinho, a babá, o empresário, o policial, o taxista, o jogador de futebol e tantos outros que exaltarão a nossa gente. Os filmes de Hollywood não exaltam apenas os Estados Unidos, eles exaltam o cidadão e a pátria estadunidense, uma lição que deveríamos aprender.
Vamos largar de história e vamos assistir o nosso filme! Seja sua orientação de esquerda ou direita, assista o bom trabalho da indústria cinematográfica nacional que tem evoluído significativamente nos últimos anos. Eu assisti e gostei muito!
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