Impressiona a cara de pau dos governantes ao tentar criar uma atmosfera de que “está tudo certo”, apesar de sabermos que não está. Percebemos isso no governo federal, onde o presidente Michel Temer (PMDB), tenta dar prosseguimento ao seu mandato, como se ele não tivesse sido flagrado em confabulações com o “Rei da Carne”. Vemos isso no governo do estado, onde o governador Pezão (PMDB) tenta fazer de conta que a quadrilha do Sérgio Cabral (PMDB) está distante do seu mandato.
Por fim, a cara de pau também é percebida no governo municipal de Rio Bonito, que posa como se nós não soubéssemos da conspiração do Judiciário para dar a Prefeitura ao grupo político que está no poder. Depois de tanto criticar a ex-prefeita, que nos dois últimos anos do mandato ficou escorada no PMDB e no Napoleão, o atual prefeito repete a dose e governa escorado na suspeita liminar do Siro Darlan. Cara de normalidade também é possível ver no poder Legislativo, que se desejar faz uma devassava nos últimos governos municipais.
Diante desse cenário, nos sentimos meio Winston Smith, protagonista do livro “1984”, do escritor inglês, George Orwell. Winston vive numa sociedade dominada por um estado totalitário. Ninguém escapa à vigilância do “Grande Irmão”, um governo cínico, cruel e sem sentido histórico. A classe dominante que comanda Oceânia, cidade fictícia criada por Orwell, em muito lembra o Brasil, o Rio de Janeiro ou Rio Bonito. Ela tem só um objetivo: o poder.
O vilão da história, o líder do poder dominante de Oceânia, batizado pelo escritor como O'Brien, numa conversa com Winston explica que “só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro". Lançado em 1949, o livro de George Orwell, que já foi adaptado para o cinema em duas oportunidades, é um retrato da política atual.
Em Oceânia existe o “Ministério da Verdade”, setor responsável por fraudar a realidade e fabricar mentiras oficiais, para que o governo pareça infalível e “dono da verdade absoluta”. Para nosso horror na vida real também existe “Ministério da Verdade”. Ele é formado por pessoas e setores que devem nos convencer de que é importante reformar a previdência, de que é preciso aumentar a contribuição previdenciária e insiste conosco que existe uma calamidade financeira.
Embora seja alvo de muita crítica, a mídia social, que existe por conta do avanço tecnológico, empoderou a sociedade no que tange a participação política. Na Oceânia de Orwell, a Comunicação é controlada pelo estado. O escritor, que morreu tuberculoso em 1950, nunca imaginou que 50 anos depois existiria uma ferramenta chamada internet e que os pesados telefones da sua época seriam móveis e munidos de potentes câmeras, instrumentos que democratizariam comunicação.
Diante desse cenário, eu encerro essas reflexões destacando que a sociedade vive no século 21 e a classe política no século 20 (alguns na Idade Média). Se a sociedade usa e abusa da internet, das mídias sociais e dos potentes telefones com câmeras e gravadores; boa parte dos políticos segue na lógica da guerra fria, da fofoca de bastidores, tenta controlar o que não pode e busca dar um ar de normalidade aos seus maus hábitos, práticas e costumes.
Penso que se fosse possível, esses políticos pintores de meio fio criariam como em Oceânia e de cara instituiriam o “Ministério do Amor”, setor responsável por violentar, torturar e silenciar os seus críticos e opositores. Depois usariam o “Ministério da Verdade”, para contar a o que aconteceu com a “verdade” deles.
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