quinta-feira, 11 de maio de 2017

Conselho de Segurança precisa evoluir, planejar, estabelecer metas e rechaçar a hipocrisia

Flávio Azevedo
Público reunido nas dependências do Colégio Municipal José Matoso Maia Forte, para a reunião do Conseg.
O Colégio Estadual José Matoso Maia Forte, na Praça Cruzeiro, recebeu na noite dessa quarta-feira (10/05), a reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), de Rio Bonito. O delegado titular da 119ª DP, Carlos Eduardo Almeida; e o comandante do 35º Batalhão de Polícia Militar, Marcelo Ramos do Carmo; marcaram presença. Cerca de 50 pessoas prestigiaram a reunião, que teve início com falas dos representantes da Polícia Civil e Militar. 

A sociedade entende ser a Segurança, uma atribuição exclusiva da Polícia, quando na verdade ela é “um dever do Estado e responsabilidade de todos”. Partindo desse prisma está nítido que pautar a reunião do Conseg com queixas sobre viaturas de motor batido, falta de combustível, soldos atrasados, efetivo diminuto, falta de papel para impressão do Registro de Ocorrência; entre outras ponderações que ouvimos há cerca de 10 anos; acaba fazendo a população entender que a violência cresce por culpa dos problemas da Polícia, quando na verdade não é.

Vale destacar que a Polícia é apenas um dos instrumentos de combate a violência. Na reunião do dessa quarta-feira, por exemplo, que contou com a presença do Secretário Municipal de Ordem Pública, Márcio Aurélio Soares; do chefe de Gabinete, André Luiz Alvares; e outros integrantes do governo municipal; a ausência das secretarias de Educação; Promoção Social; Desenvolvimento Econômico; Esporte e Lazer; Prevenção a Dependência Química; e de um representante da Câmara Municipal; foi o ponto negativo da reunião. O que se espera de uma reunião do Conseg é que planejamento de combate a violência seja traçado, mas esses atores que estavam ausentes precisam comparecer.

Discutir as limitações ferramentais, estruturais e humanas das policiais é importante, mas essa não é a razão da insegurança. A presença da Secretaria de Educação se faz necessária por conta das campanhas que devem ser desenvolvidas. É comum pensar que a Secretaria de Educação cuida unicamente das escolas, professores e alunos. Isso, porém, é um erro. A Educação é responsável por todo e qualquer movimento que fomente a conscientização das pessoas sobre temas de toda ordem.

A Secretaria de Promoção Social e Prevenção a Dependência Química não podem ficar ausentes de nenhuma reunião onde o assunto principal seja Segurança, uma vez que o uso de drogas e a vulnerabilidade social alimentam a violência. Todavia, a grande maioria da população acha que a função da Promoção Social é distribuir cesta básica; e a Prevenção a Dependência Química é internar dependentes químicos. Essas atribuições devem ser atendidas, mas essas Secretarias tem função muito mais abrangente.

Por fim, a Secretaria de Esporte e Lazer, com o fomento ao Esporte; e o Desenvolvimento Econômico, que tem entre as suas atividades, o fomento ao trabalho, ao emprego e a geração de renda; também não podem estar ausentes de encontros onde a Segurança e a atração principal. 

Quem participou ativamente, inclusive, apresentando um plano de metas a serem alcançadas a curto, médio e longo prazo; foi o secretário de Ordem Pública, Márcio Aurélio Soares; que discorreu sobre temas como aquisição de veículos para a Guarda Municipal; treinamento dos agentes; a implantação do tão sonhado Sistema de Monitoramento; vigilância nos bairros afastados como, Basílio, Parque Andréa e adjacências; Trânsito; entre outros temas. É claro que não se resolve problemas estruturais de forma instantânea, mas é preciso ter planejamento e estabelecer metas a serem alcançadas. Chamar os prefeitos vizinhos para que esse tema seja abordado com um viés regional também é inteligente, assim como reconhecer que o mercado interno de usuários de drogas é um dos maiores do Estado do Rio de Janeiro.

Outro comportamento que precisa ser mudado na sociedade riobonitense é o costume de cobrar combate ao tráfico na periferia; e fingir que não vê o tráfico que existe no Centro da cidade, porque nesse espaço estão os playboys e filhos de papai que não podem ser incomodados porque se não o papai bacana fica tristinho. Esses temas não são estranhos, mas acabam sendo ofuscados pela hipocrisia nossa de cada dia. Pensemos nisso! 

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