Flávio Azevedo
Solenidade de beija mão entre suserano e vassalo. |
Depois de anos dizendo que o feudalismo comanda as ações políticas em Rio Bonito, onde a distribuição de DAS e Cargos Comissionados tem a função de cooptar, silenciar e amordaçar, eu consigo ver, através de um texto publicado pelo núcleo local do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), que finalmente essa lógica está sendo assimilada pela categoria e seus ativistas. O texto “A Educação de Rio Bonito se encontra no Regime Feudal” deixa claro que a categoria finalmente começa reconhecer a tática de oferecer salários de fome para compensar aqueles que preferem se tornar vassalos dos suseranos.
O texto fala da greve, iniciada na última segunda-feira (06/03) por conta do piso salarial muito distante do Piso Nacional; 13º salário pago de forma escalonada; e meses de 50 dias; entre outras reivindicações que norteiam a luta da categoria, que deveria ser apoiada pela sociedade, mas principalmente pelos próprios profissionais, que por uma série de razões, não são unidos e por vezes se rendem ao papel de “vassalo”.
Para quem não é bom de história, eu gostaria de lembrar que o “feudo” era cedido por alguém muito poderoso a um nobre. Quem concedia a terra era o “suserano” e quem a recebia era o “vassalo”, que por sua vez, podia ceder parte das terras recebidas a outro nobre, o que o tornaria “suserano” do segundo, mesmo sendo “vassalo” do primeiro. Ao receber o benefício (a terra), o “vassalo” jurava fidelidade e lealdade ao “suserano”, inclusive, quando este estivesse em guerra.
A direção do Sepe explica que, como faz há décadas, pediu uma reunião com o poder Executivo. “Eles responderam em caráter de urgência com 10 minutos de antecedência de quarta-feira (08/03)”, revela o Sepe. Apesar da imprevisibilidade, os representantes da categoria se fizeram presentes. Todavia, o prefeito e sua vice não compareceram. “É um descaso com a Educação, aposentados sem receber e muitos NÃOS acontecendo”, diz o texto que demonstra cansaço, afinal são 25 anos lutando contra os mesmos “suseranos”.
– Não temos o piso nacional, não temos 1/3 de planejamento, não temos nosso plano de cargos e salários aprovado, não temos uma gestão democrática – diz a nota, que aponta para uma realidade antiga e convenientemente despercebida: os gestores escolares indicados politicamente e não eleitos pela comunidade escolar tem a finalidade de enfraquecer a categoria e fazê-los atuar como “vassalos”, sobretudo quando existe uma guerra.
A liminar que prevê multa diária de R$ 10 mil se a Prefeitura Municipal de Rio Bonito não pagar os servidores até o 5º dia útil, também é lembrada pelo Sepe. O escriba dessas reflexões, porém, parece ignorar que a atual gestão foi eleita através de um golpe do poder Judiciário sobre a Câmara de Vereadores, que teve uma sessão cancelada (26/11/2013), para que os efeitos dessa decisão Legislativa não alcançassem o atual prefeito, que teve as suas contas, referentes ao exercício de 2012, rejeitadas pelo poder Legislativo.
Sim caros educadores e sociedade riobonitense... Se o poder Judiciário, diante dos nossos olhos, teve a ousadia de arranjar uma liminar (expedida em plantão judiciário) para permitir que um político inapto participasse das eleições de 2016 (ação que rasgou a Lei da Ficha Limpa e caminha na contramão do Brasil pós-lava jato), porque iríamos acreditar nos efeitos de uma liminar que obriga o “queridinho do Judiciário” pagar salário de servidor? Como acreditar em multa diária de R$ 10 mil para uma Prefeitura gerenciada por alguém que foi multado em R$ 4 milhões e segue como se nada tivesse acontecido?
O texto do Sepe termina dizendo que “É GREVE porque a SITUAÇÃO é grave”! Na condição de observador da história riobonitense, eu asseguro que a situação é caótica, tal o gral de desrespeito, de despotismo, e de suserania, do chefe do Executivo; não esquecendo o grau de vassalagem dos que estão ao seu redor!
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