Flávio Azevedo
Imagem retratando Canudos |
Minha reflexão nessa segunda-feira (13/03) vai ressaltar a memória de Antônio Conselheiro, líder religioso e político; responsável pelo surgimento de Canudos, uma espécie de “quilombo” de homens livres, no século XIX. Cearense de Quixeramobim, ao nascer, em 13/03/1930, ele foi batizado como Antônio Vicente Mendes Maciel. Perambulou pelo Nordeste pregando ideias de liberdade e igualdade, num tempo em que os corneis, sob a proteção da Igreja Católica, eram ainda piores que hoje.
Líder da Guerra de Canudos, um dos atos mais vergonhosos da história do Brasil, a defesa dos pobres e suas ideias de igualdade o tornaram um “fora da lei”. Em 1893, Antônio Conselheiro decidiu se fixar à margem Norte do Rio Vaza-Barris, numa fazenda abandonada. Formou-se o pequeno arraial de "Canudos", na Bahia. Conselheiro batizou o local como “Belo Monte”, que passou atrair milhares de agricultores pobres, índios e escravos recém-libertos e vítimas da seca. Toda essa gente formou uma comunidade onde todos tinham acesso a terra, ao trabalho e não sofriam com os chicotes dos capatazes e coronéis.
O local desafiava os grandes latifundiários, exploradores históricos da mão de obra pobre. Também era inimiga de Conselheiro a Igreja, por conta da sua liderança religiosa e conceitos cristãos diferentes. O líder de Canudos não demonstrava a ambição dos corruptos sacerdotes, comumente aliados aos sanguinários coronéis. “Belo Monte” era uma comunidade igualitária inspirada no exemplo dos primeiros cristãos e através do trabalho comunitário, conseguia a proeza de não deixar ninguém passar fome. Era uma economia autossustentável, baseada na solidariedade, onde a religião era um instrumento de libertação social.
Os coronéis e a Igreja patrocinaram quatro incursões contra Canudos, sendo a derradeira em 05/04/1897, quando milhares de pessoas morreram. A injustiça da história com Canudos e, principalmente, com Antônio Conselheiro (a história é escrita por quem vence); foi imortalizar o líder de Canudos como louco, fanático, assassino, entre outros adjetivos que até hoje são dados aos que não se curvam às elites dominantes. A verdade é que Antônio Conselheiro era um homem a frente do seu tempo e um dos maiores líderes da história desse país.
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