Flávio Azevedo
Porque a prefeita
de Rio Bonito é a principal responsável pela crise econômica que atinge Rio
Bonito? Essa é uma pergunta que não conseguiremos responder sem analisarmos as
responsabilidades e comportamentos dos políticos e da sociedade. Não é correto
colocar somente na prefeita, a culpa de um problema que é nacional e, sobretudo
quando esse problema tem como nascedouro a própria sociedade que é
irresponsável, adora um mole, curte a corrupção e transfere as suas atribuições
para o outro. É bom acrescentar que nos países em desenvolvimento, a crise não é
econômica, mas sempre estrutural e conjuntural.
E Rio Bonito exemplifica
bem essa realidade, quando percebemos que a máquina
pública não está preocupada com questões chaves como alugueis exorbitantes, falta
de oportunidades, empresas encerrando as suas atividades (lojas fechando
portas) etc. Não vemos nenhuma criatividade e iniciativa por parte do ente público,
para lutar contra a crise – que sim, realmente é nacional. O governo municipal não
debate esse tema e não busca liderar a sociedade riobonitense numa cruzada
contra a crise. Diante desse cenário, o gestor do município acaba tendo a maior
fatia de responsabilidade.
No último dia 24 de
junho, por exemplo, numa reunião voltada aos empresários, evento fomentado pela
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, o discurso oficial adotado
foi de que o empresariado local se limita a choramingar e não reage às adversidades.
Ora bolas, alguém está de brincadeira! Recentemente, o empresário Dalmo
Henrique de Souza Lima, proprietário de uma das maiores distribuidoras de
bebidas da Região, queria expandir os seus negócios para o Condomínio
Industrial do município, mas a concessão foi negada.
Nesse mesmo
período, marginais roubaram mais de R$ 100 mil de um supermercado da cidade, quando
os funcionários levavam o dinheiro para o Banco. Que as lojas estão
fechando nós estamos vendo. Que o preço do aluguel praticado em Rio Bonito está
totalmente fora da realidade não há dúvida. O engraçado é que ninguém percebeu
que nos últimos anos a iniciativa privada só investiu em imóveis. Virou uma
febre esse negócio de fazer casa para alugar. Ninguém percebeu, a começar da
classe política, que isso poderia gerar uma crise doméstica?
O município tem empresários
importantes do setor imobiliário e eu não estou falando desse grupo. O transtorno
vem dos curiosos que ao verem o aquecimento do setor largaram os seus negócios,
venderam bens e migraram para essa atividade, mesmo não tendo lastro e
experiência no ramo. Quando atribuímos aos políticos algumas responsabilidades que
eles não gostam de ter é pelo simples fato de que prefeito e vereadores tinham
que ter usado a liderança dos seus cargos nesse momento para frear a modinha do
“fazer casa para alugar”. Quem comanda precisa, em alguns momentos, desagradar setores
e pessoas em nome da coletividade. O problema é que essa galera só pensa em voto,
manutenção de poder e no próprio umbigo.
Se não existe bom
senso na questão dos alugueis, por que a Prefeitura não ergue um prédio (uma
espécie de shopping) e faz concessão, GRATUITA, das lojas? Elimine luvas e outros
instrumentos desnecessários e teremos muita gente interessada. Duvido que os
alugueis exorbitantes das lojas convencionais não serão reduzidos. Aliás, quem se
lembra da feira que ria ser feita dentro do Esporte Clube Fluminense há alguns
anos? Alguns empresários reclamaram e o poder público, para atender esse grupo,
não permitiu a realização da feira. Pergunto: qual a contrapartida disso para a
população que consome? Nenhuma.
Termino destacando
que se o poder público é ausente em nos liderar nessa cruzada desigual, o
empresariado também não abre mão da margem de lucro para manter o riobonitense consumindo
no comércio local. Ignoram o fato de que podem ganhar no montante. Assim, as excursões
para São Paulo e Rua Tereza (Petrópolis) continuam acontecendo. Outro problema
é a mentalidade tresloucada dos consumidores, que não debatem esses temas por desinteresse,
desconhecimento, porque só sabem reclamar ou simplesmente porque não usam a cabeça
para pensar coletivamente!
Esse cenário só existe porque não
temos lideranças políticas de fato, uma vez que aqueles que ocupam funções de
quem se espera essa postura se mantem no poder a reboque das deficiências
estruturais e conjunturais da sociedade.
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