Flávio Azevedo
Ouvi uma
figura da política contando uma “historinha” interessante sobre a diferença entre
o céu e o inferno. A moral da história é que por terem o cotovelo ao contrário,
seja no céu ou no inferno, para se alimentar as pessoas precisam colocar a
comida na boca do outro. No céu isso acontece, no inferno não. Essa “historinha”
me fez lembrar uma alegoria que também envolve céu, inferno e política. Eis a
narrativa:
Um político
foi atropelado e morreu. Na porta do paraíso, ele dá de cara com São Pedro.
– Bem vindo – cumprimenta São Pedro.
– Antes que você entre, há um probleminha. Como raramente
os políticos aparecem por aqui, não sabemos o que fazer com você.
– Não vejo problema, é só me deixar entrar – diz o falecido.
– Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos
fazer o seguinte: você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Depois dessas
experiências você pode escolher onde quer passar a eternidade – frisa São Pedro.
– Não precisa, já resolvi. Eu quero ficar no Paraíso –
diz o político.
– Desculpe, mas temos as nossas regras – definiu o
pescador.
São Pedro acompanhou o político até o elevador e ele desceu
até o Inferno. A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe. Ao
fundo, num clube, todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia
trabalhado estavam felizes e contentes. Ele é cumprimentado, abraçado e começam
a falar sobre os ‘bons e velhos tempos’. Jogam uma partida de golfe, comem
lagosta, caviar, tudo num luxo só. Também está presente o Diabo, um cara muito
amigável, muito simpático, solícito, que nada tem de “príncipe das trevas”. Satanás
passa o tempo todo dançando e contando piadas. “Um excelente anfitrião”, conclui
o político. O grupo se divertiu tanto, que antes que ele perceba, já é hora de
ir embora.
O político
retorna até São Pedro, que está esperando por ele para apresenta-lo ao Paraíso.
Na imaginação do político, “se o inferno é tão agradável, imagine o paraíso!”. Ele
passa 24 horas junto a um grupo de almas felizes que andam de nuvem em nuvem,
tocando harpas, cantam e antes que perceba o dia termina e ele retorna a São
Pedro.
– E aí? Você passou um dia no Inferno e um dia no
Paraíso. Agora já pode escolher a sua casa eterna – disse São Pedro.
O político
pensa um pouco e muito desconcertado responde que nunca imaginou que faria tal
escolha, “mas embora o Paraíso seja um lugar muito bom, eu acho que vou ficar
melhor no Inferno”.
Sem questionar, São Pedro leva o decidido político de
volta ao elevador e em poucos segundos ele chega ao Inferno. A porta abre e ele
se vê num enorme terreno baldio cheio de lixo. Percebe que os seus amigos
continuam por lá, mas estão todos vestidos com andrajos, maltrapilhos, trajam roupas
rasgadas, sujas e buscam alimento no lixo. O odor do local é insuportável. Com os
olhos lacrimejando por conta do forte cheiro enxofre, ele percebe que alguém
coloca o braço sobre os seus ombros e diz um cínico “seja bem vindo!”. É o
Diabo, que nitidamente não é aquele sujeito simpático e solícito que de antes.
– Não
estou entendendo... Ontem eu estive aqui... Havia um campo de golfe, um clube, conforto,
alegria, as pessoas comiam lagosta, caviar... Nós dançamos, nos divertimos...
Agora o que vejo é esse inferno! Não consigo acreditar... O que aconteceu? –
questiona o político em flagrante desespero.
O diabo olha fixamente para ele, sorri e com um ar de ironia,
cinismo e desdém dá a seguinte resposta: “ontem estávamos em campanha. Agora, que
já conseguimos o seu voto, o seu apoio e você faz parte do nosso grupo, você já
pode conhecer a realidade!”.
Fonte: adaptação
Será que é assim mesmo? Hum e nossos políticos, onde preferem ficar eternamente?Hum?
ResponderExcluir