Flávio
Azevedo
Nesse
dia 15 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Proclamação da República, evento
ocorrido em 1889. Mas essa data é para celebrar ou chorar? Está aí um fato
histórico que aconteceu por puro revanchismo. A Proclamação da República foi
uma retaliação a lei que libertou os negros escravos (13/05/1888). No dia da assinatura da Lei Áurea, o Barão de Cotegipe
disse uma frase emblemática à princesa Isabel: “Vossa Alteza libertou um povo,
mas perdeu um trono”. Ao que ela respondeu: “Se mil tronos eu tivesse, mil
tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil”. E foi o que aconteceu. Um
ano e meio depois da assinatura da Lei Áurea, a República foi implantada por
uma elite raivosa e indignada com a libertação dos escravos.
O que
podemos dizer de um regime que nasceu por conta do racismo de coronéis egoístas,
idiotas e reacionários? O que dizer de um regime que nasceu da cabeça de homens
machistas, que não aceitavam ser governados por uma mulher? Estamos falando de
um país que veladamente ainda escraviza negros, pobres e os menos favorecidos. Estamos
falando de uma nação que ainda não conhece o que é ser livre. Estamos falando
de um Brasil que intencionalmente produz brasileiros sem Educação e Cidadania,
uma situação que resulta num povo egoísta, mimado, pueril e que tem como lema a
lógica do “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
O próprio Marechal
Deodoro, que proclamou a República, tentou convencer os republicanos que esse
modelo de governo seria a ruína do Brasil, mas pressionado, acabou por proclamá-la.
O célebre Ruy Barbosa, que redigiu o decreto da República também se arrependeu,
mas já era tarde. A proclamação da República tirou do Brasil o sonho de se
construir em bases sólidas e justas uma grande nação. Roubou-se do Brasil, a
forma de governo mais moderna e democrática já concebida em todos os tempos, o parlamentarismo
monárquico, que permanece em 18 das 25 nações mais desenvolvidas do mundo.
A figura do
imperador e de tudo que ele representava foi substituída por uma república violenta
e corrupta que viveu inúmeros golpes; ditaduras; rebeliões e estados de sítio.
O rei, que por estar acima dos interesses partidários, soluciona os conflitos
com isenção e experiência, cedeu lugar a presidentes eleitos, sujeitos a
compromissos escusos de toda ordem impostos pelas nocivas e nojentas campanhas
eleitorais.
Com a proclamação
da República, o jovem Brasil perdeu de vista elementos como dignidade;
honestidade e, sobretudo aquilo que popularmente chama-se de “Espírito Público”,
a essência da Democracia. Para quem não sabe, após o exílio, um grupo de
militares arrependidos por terem participado daquilo que manchou a história do Brasil,
convidou o bisneto de D. Pedro II, Pedro Henrique de Orleans e Bragança, a dar
um golpe de estado e restaurar a monarquia no país. Ele, porém, recusou a indecente
proposta sob o seguinte argumento: “não vou usar o artifício que os
republicanos usaram para chegar ao poder, eu só aceito tal mudança, se for pela
vontade do povo”.
Em 1993, o povo
foi perguntado através de um plebiscito se queriam a volta da monarquia, mas o movimento
foi ridicularizado. O que se ouvia pelas ruas era que a volta da monarquia representaria
a volta da escravidão. Diziam que o brasileiro voltaria a andar em carroças e outros
absurdos desse tipo. Depois de 100 anos de esculacho sobre a monarquia foi até
natural ver um povo, que não tem Educação, ser induzido a não olhar com
seriedade o plebiscito e possibilidade da volta da Monarquia.
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