quarta-feira, 7 de março de 2012

Conselho de Segurança debate crimes e melhorias dos acessos aos bairros que margeiam a RJ – 124 e BR - 101

Flávio Azevedo

Três homicídios no mês de fevereiro; melhorias dos acessos aos bairros cortados pela RJ – 124 (Via Lagos) e BR – 101 (Autopista Fluminense); os elevados índices de acidentes na saída do Green Valley; reunião itinerante do Conselho Comunitário de Segurança (CCS); fiscalização a estabelecimentos comerciais que são alvos de reclamação por conta de som alto; o suposto cancelamento do projeto da sinalização semafórica, vertical e horizontal das ruas da cidade; a falta de equipamento para dar celeridade aos trabalhos da Polícia Civil; uso de drogas no Parque da Caixa D’ Água; e a criação da Casa dos Conselhos; esses foram os principais assuntos debatidos na reunião do CCS de março, que aconteceu nessa segunda-feira (05/03), na Câmara de Vereadores.

De acordo com o inspetor Guilherme Boy, representante da Delegacia de Rio Bonito (119ª DP), três homicídios aconteceram nas últimas semanas. A crueldade dos crimes foi ressaltada por um dos conselheiros. “Até aqui, as mortes que aconteciam na cidade eram atribuídas ao tráfico de drogas. Esses crimes, porém, tem requintes de crueldades que chamam atenção. São histórias típicas da Baixada Fluminense”, comentou o conselheiro que deixou um questionamento: “as autoridades estão atentas a essa questão, a essa nova realidade de Rio Bonito?”.

As três vítimas foram Reinaldo Soares, que além de ser morto teve o órgão genital decepado; Luciano Figueiredo, assassinado por um colega de profissão com golpes de marreta (o assassino ensacou o corpo da vítima ainda viva e jogou numa ribanceira, as margens da BR – 101, próximo ao Conjunto Monteiro Lobato); e Floriano Lima, assassinado a facadas. Segundo o inspetor Guilherme Boy, “a polícia já solucionou dois casos, já tem uma pessoa presa e estamos em vias de solucionar o terceiro caso”. O major Otto Mannato, representante do 35º BPM, comentou que “evitar esse tipo de crime não é fácil porque envolve rixas e questões pessoais”.

Dificuldades no registro de ocorrências

O CCS também tem recebido reclamações de que a demora no preenchimento do Registro de Ocorrência estaria acontecendo por conta da falta de computadores. O inspetor Guilherme confirmou a carência e disse que “isso acontece porque as Delegacias Legais tem vários modelos. A nossa tem o menor nível, exatamente porque as ocorrências são poucas. A Secretaria Estadual de Segurança Pública entende que em Rio Bonito é tudo muito tranquilo”, disse Guilherme.

Segundo um dos conselheiros, não falta apenas computador e monitor para a Polícia Civil. “Falta perito para periciar as residências que são invadidas por bandidos”. Foi citado o caso do arrombamento da residência do presidente do Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), Luis Gustavo Martins. O crime aconteceu no fim de semana depois do Carnaval (25/26/02), enquanto ele e a família estavam fora da cidade.
– Como manda o figurino, ele foi a 119ª DP, registrou a ocorrência, mas o perito só chegou três dias depois. A casa estava toda revirada, roupas jogadas pela casa, mas ele não pode mexer para não violar a cena do crime. Ou seja, ficar sem liberdade dentro da sua própria casa, porque o estado não tem organização. Talvez, as pessoas não registrem a ocorrência por esse motivo – disse o conselheiro.

Acessos aos bairros as margens de rodovias

A construção do viaduto na saída do Green Valley para a BR – 101 e a perigosa passagem de nível na RJ – 124 entre as localidades de Três Coqueiros e Viçosa também foram debatidas. Os locais precisam de viaduto que funcione como retorno. No Green Valley, o equipamento também contemplaria o Loteamento Schuler, bairro que teve o seu principal acesso fechado pela Autopista Fluminense (concessionária que gerencia a BR - 101) no ano passado.

O policial rodoviário Anderson Caldeira compareceu a reunião e trouxe dados estatísticos da Polícia Rodoviária Federal. Segundo esses dados, somente naquele retorno do Green Valley, 56 acidentes aconteceram. “É preciso fechar aquele acesso para evitar esse problema, porque os motoristas riobonitenses não têm consciência. Ali tem tachões e sinalização que mostram ser o retorno proibido, mas as pessoas insistem em atravessar ali”, criticou.

O presidente do CCS, Bruno Soares, comentou que a Autopista Fluminense e ViaLagos (concessionária que administra a RJ – 124) foram convidados para a reunião, mas não puderam estar presentes. O deputado Marcos Abrahão também foi convidado através de ofício entregue a sua assessoria, mas não compareceu. De acordo com os integrantes do CCS, a presença do deputado é importante, porque fica nítido que a cidade está sem representação política junto ao governo do estado.

No caso da Autopista, o superintendente da concessionária, Carlos Alberto Galo alegou que estaria em São Paulo e não poderia estar presente. A ViaLagos, também alegando problemas de agenda, pediu que uma reunião fosse agendada em outra oportunidade.
– A Autopista foi muito solícita e já esteve conosco na última sexta-feira (02/03). Segundo Alberto Galo, a construção do viaduto é um anseio da concessionária, mas alguns problemas, como a desapropriação das propriedades onde serão construídas as alças do viaduto, são negociações demoradas – comentou o presidente.

Durante a reunião, o superintendente revelou que existe um Decreto Federal que vai desapropriar as áreas, “mas isso demanda tempo e, às vezes, o município precisa agir politicamente em Brasília para dar celeridade ao processo”. Segundo ele, quando o decreto for publicado e assinado pela Presidência da República (esse é o trâmite por se tratar de uma rodovia federal), “a Autopista Fluminense tem condições de iniciar as obras do viaduto em 15 dias e o equipamento estaria pronto em cerca de seis meses”.

Outros temas

A próxima reunião do Conselho Comunitário de Segurança (CCS) será itinerante e o presidente do CCS, Bruno Soares anunciou que ela vai acontecer em Boa Esperança, em local que ainda será definido. A medida é uma antiga reivindicação da população que também pede a mudança do horário. O argumento é que durante o dia as pessoas trabalham e isso impede a presença maciça da população, o que não ocorreria caso as reuniões ocorressem à noite.

A fiscalização a estabelecimentos comerciais que são alvos de reclamação por conta de som alto voltou a ser assunto, assim como o fechamento de estabelecimentos comerciais que depois de muitos anos em atividade são descobertos sem alvará de funcionamento. O secretário municipal de Fazenda, Glauco Azevedo, comentou que está a frente da Secretaria há cerca de cinco meses e está trabalhando para corrigir esses e outros problemas.

O antigo e reclamado tráfico de drogas do Parque da Caixa D’ Água (foto) foi denunciado por um dos presentes. Ele pediu a presença da Guarda Municipal no local. “Acredito que um guarda municipal transitando por lá já seria suficiente para amenizar essa questão. Recentemente um amigo foi lá com a família e ficou assustado com o que viu”, comentou. Há cerca de dois anos, o comerciante que tem um bar no local foi alvejado com três tiros porque teria impedido um usuário de drogas de se drogar no banheiro do bar. O tenente Toledo, comandante da 3ª CIA da PM disse que diligências que foram feitas no local resultaram em dois elementos presos e um menor apreendido. “E nós vamos continuar visitando o local, porque concordamos que isso é inadmissível”, ponderou.

O vice-prefeito Matheus Neto (PSB), que representava o prefeito José Luiz Antunes (DEM) foi questionado sobre um suposto cancelamento do projeto de sinalização semafórica, vertical e horizontal das ruas da cidade. O projeto, que já foi comentado em várias reuniões do CCS e sempre é anunciado pela Prefeitura Municipal como um dos investimentos em Segurança, pode não acontecer. Sem saber dar detalhes sobre o assunto, o vice-prefeito Matheus Neto disse que irá trazer esclarecimentos na próxima reunião (abril).

A “Casa dos Conselhos”, um local que pode abrigar todos os conselhos do município (Saúde, Idoso, Educação, Segurança, Social, Contribuinte etc.), foi sugestão do presidente Bruno Soares. A ideia recebeu o apoio dos conselheiros de outros Conselhos. “Alocar o conselho numa secretaria que é alvo de fiscalização desse próprio conselho tira a liberdade dos conselheiros. Isso não é bom para a isenção dos conselhos. Essa ideia da Casa dos Conselhos é fantástica”, disse a líder comunitária Ruth Mendonça. O vice-prefeito Matheus Neto também anotou essa reivindicação e espera trazer uma resposta na próxima reunião.

O áudio da reunião pode ser ouvido no link a seguir:
http://rb07.wordpress.com/2012/03/06/reuniao-do-ccs-rb-05032012/

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