sexta-feira, 28 de maio de 2010

Falsos pastores!!

Na noite do último dia 28 de abril, o pastor Antônio Luiz Fontes se preparava para mais uma noite de pregação na Igreja Pentecostal Cristo Amigo, no Fonseca, em Niterói. Os fiéis que quase lotavam o templo ocupavam seus assentos sem imaginar a cena que veriam a seguir. Antes de assumir o púlpito, o pregador foi preso por agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). Ele tinha quatro mandados de prisão e extensa ficha criminal com oito anotações, especialmente de estelionato.

A Polícia Civil chegou ao pastor após denúncia de que ele estaria envolvido num esquema de receptação de veículos roubados. Os agentes tinham a suspeita, ainda, de que Antônio, morador do Morro do Sabão, em Niterói, também havia se especializado em comprar carros ‘salvados’ e revendê-los em seguida. Carros salvados são aqueles que, envolvidos em acidentes, acabam sendo declarados como perdidos (perda total). Depois, são restaurados e revendidos em leilões.

Segundo o diretor da especializada, a prática não é ilegal, mas é necessário que a pessoa que revende o veículo anuncie a condição do carro. Se o vendedor não revela essa condição, quem compra acaba sendo enganado. Além disso, o automóvel nessas condições deve ser negociado com preço 30% menor que o de mercado. Se quem negocia não avisa, pode ser enquadrado por estelionato, porque está agindo de má fé.
A primeira passagem do pastor pela polícia foi em 1987. No ano seguinte, foi autuado em situação semelhante e, em 1990, respondeu por homicídio culposo por um atropelamento.

Mas esse não é um fato isolado, porque no dia 11 de março, a Polícia Rodoviária Federal do Mato Grosso do Sul prendeu três pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus, por tráfico internacional de armas. Eles estavam na rodovia BR – 262, que liga Corumbá a Campo Grande. A apreensão ocorreu quando os policiais resolveram fazer uma vistoria no Vectra, que no momento estava sendo ocupado por Sebastião Brás Neto, de 42 anos e Felipe Jorge Freitas, de 33 anos.
Com os pastores, foram apreendidos sete fuzis do modelo M15 de grosso calibre (5,56), que estavam desmontados e escondidos em um compartimento falso, embaixo dos assentos e no interior do forro das portas do veículo. Após a prisão em flagrante, os dois homens confessaram a polícia que iriam ao encontro do pastor Francisco de Moura, de 31 anos, que também foi preso. Segundo os investigadores, o armamento iria abastecer o poder bélico do Morro do Martins, em Niterói.

O que pensar sobre estes fatos? Bem, primeiro nos vamos citar o que está escrito no livro de Ezequiel 22.26 e 29: “Os seus sacerdotes violentam a minha lei, e profanam as minhas coisas santas; não fazem diferença entre o santo e o profano, nem discernem o impuro do puro; e de meus sábados (feriado judáico) escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles... Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazendo violência ao pobre e necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão”. Também é interessante analisar as palavras de Jeremias (48.10). Diz assim: “maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”.

Porém, essa moeda tem dois lados. Assim como as pessoas procuram os políticos em busca de benesses, as igrejas estão repletas de pessoas com a mesmíssima intenção. Eu não sei se você já observou, mas as igrejas lotadas são aquelas que prometem emprego, o marido ou a esposa de volta, a recuperação do filho drogado, a cura de uma doença, prosperidade etc.

Aliás, se a pregação dos pastores está cada vez mais próxima do discurso político, eleitores e fiéis cada vez mais se assemelham, e, às vezes até se confundem. Dizemos isso, porque esses dois atores sociais estão sempre em busca benefícios pessoais e futilidades. Voltando a religião, convém destacar o que está escrito em S. Mateus 7.21: “nem todo aquele que me diz: Senhor! Senhor! Entrará no reino do Céu, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai que está no Céu”.

Pensemos nisso!

sábado, 22 de maio de 2010

Dossiê escravidão – O homem é escravista!

Flávio Azevedo - Reflexões

Certamente, a escravidão dos negros africanos é uma das maiores vergonhas da história da civilização ocidental. Aliás, esse absurdo também está presente na história recente do Brasil. Recente, porque há apenas 122 anos atrás, os africanos ainda padeciam nas mãos dos senhores e senhoras. A igreja católica, que tem no seu currículo a morte de milhares de pessoas, e inventou a Santa Inquisição, que de Santa não tinha nada, também foi responsável pelas atrocidades contras os negros.

A igreja apoiava os suplícios e maus tratos dos escravos sob o argumento de que os negros, ao contrário dos brancos, eram como objetos e ferramentas: não tinham alma. Que caras de pau! Acreditavam que os negros não tinham alma, mas era comum ver os senhores e senhorzinhos saciando as suas taras com as negras. Aliás, a quantidade de donos de escravos que buscavam os favores sexuais das escravas era muito grande. O interessante é que nesse momento eles esqueciam que elas eram “desalmadas”!

Na verdade, os brancos não gostam muito de falar sobre esse assunto, porque passados 122 anos, ainda existe muita gente zangada com a atitude da princesa Isabel, que no dia 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, decretou a liberdade dos negros e aboliu a escravidão. O barão de Cotejipe, o único senador do império que votou contra a abolição, ao cumprimentar a princesa logo após a assinatura da Lei Áurea, profetizou: “a senhora acaba de redimir uma raça e perder o trono!”. E ele acertou, porque em represália a atitude da futura rainha, os tarados e mesquinhos senhores de escravos tornaram-se republicanos e apoiaram o ‘golpe’ da República, em 15 de novembro de 1889.

Confesso que desde criança, a escravidão sempre me indignou! Quando eu lia livros ou assistia novelas, que retratavam o sofrimento escravo, eu sentia vergonha da minha pele branca. A primeira vez que eu li a história de Zumbi dos Palmares, eu torci desesperadamente para que Zumbi vencesse os portugueses. Contudo, quando a maturidade foi chegando e os livros de estória deram lugar aos artigos científicos e textos acadêmicos, eu descobri outra realidade.

Eu descobri que a escravidão está baseada num tripé do mal: egoísmo, avareza e preguiça. Egoísmo, porque o sujeito quer se servir da mão-de-obra gratuita; avareza, porque ele não quer gastar pagando salários, a riqueza que acumulou com o suor gratuito do outro; e preguiça, porque o ser humano não é chegado ao trabalho. Tanto é assim, que a palavra trabalho deriva do termo latim tripalium, um instrumento romano de tortura.

É ideia corrente, que somente os ricos possuíam escravos e que a Lei Áurea teria trazido prejuízos somente a esses. Entretanto, essa teoria não é muito verdadeira. De acordo com o historiador José Murilo de Carvalho, além dos barões do açúcar e do café, também tinham escravos, pequenos fazendeiros de Minas Gerais, pequenos comerciantes, os burocratas das cidades, os padres e as ordens religiosas – que caras de pau!

E tem mais, também escravizava os negros, ex-escravos, que estavam libertos ou alforriados. Negros e mulatos que escapavam da escravidão, a primeira coisa que faziam era comprar o seu próprio escravo. Ainda segundo o historiador, o escravismo ia mais longe. A história registra casos de escravos que estavam escravizados, sujeitos aos seus senhores, mas tinham escravos dentro das senzalas. É brincadeira?

Depois que eu descobri essa parte da história – ninguém colocou isso nos meus livros de infância –, principalmente esta de que o primeiro ato de um escravo alforriado era comprar um escravo para lhe servir, como diz a gíria popular, “eu parei!”.

E, quer saber de uma coisa? Querendo você ou não, existe pouca coisa no mundo que é pior que o gênero humano! Você discorda?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Assistencialismo + Clientelismo + Fisiologismo = PROSTITUIÇÃO

A política atual é norteada por três fenômenos: o assistencialismo, o clientelismo e o fisiologismo. Esses fenômenos acontecem quando eleitor e político mantêm uma relação promíscua. Ou seja, o voto é oferecido em troca de dinheiro, ou favores são oferecidos em troca do voto. Acreditamos que isso nada mais é que PROSTITUIÇÃO!

Mas vamos ver os conceitos práticos desses fenômenos. Assistencialismo é ajudar o cidadão com os seus próprios direitos. É oferecer o dever do Estado como favor e com o objetivo de receber alguma contrapartida (o voto). Para nós, isso nada mais é que abuso do poder e uma forma perversa de dominar o outro.

O clientelismo é a utilização da máquina pública, para privilegiar alguns em detrimento de outros. O clientelismo também é perverso, porque ele imobiliza e amordaça o beneficiado, que não deve ter opinião, sobretudo se ela for contrária ao pensamento do chefe. O clientelista nada mais é que um “despachante”, ou até, um “traficante de influência”. Não precisa ser um gênio para perceber, que esse fenômeno é a mola mestra da corrupção política.

Já o Fisiologismo, outra prática comum, é o assistencialismo e o clientelismo praticado nos bastidores do poder. É o vereador que não fiscaliza os atos do prefeito, porque ele tem um caminhão ou trator agregado, a mulher e os filhos nomeados, ou até alguns cabos eleitorais empregados na Prefeitura Municipal. É o parlamentar, municipal, estadual ou federal, que para não denunciar uma obra superfaturada, ou uma licitação de cartas marcadas, achaca e chantageia os empreiteiros e/ou fornecedores.

Não precisa dizer que esta prática corriqueira é o principal combustível da corrupção no país. O Fisiologismo também está presente entre os partidos, por exemplo, quando apóiam governos que tem práticas ideológicas diferentes das suas, apenas porque ganhou uma secretaria ou um ministério.
Como se fossem meninas pobres, sem esperança e valores morais, alguns políticos estão se arriscando no ‘calçadão de Copacabana’ da vida pública se vendendo e se prostituindo.

Contudo, a prostituição entre os poderes só acontece porque o político também precisa se prostituir com eleitor, que para dar o voto exige benefícios como dinheiro, cimento, remédios, tijolo, areia, botijão de gás, exames, cesta básica, liberação de multas e permissão para colocar mesas na calçada em frente o comércio, o que impede o passeio público, mas garante o voto.

O eleitor também pede que o político custeie funerais de parentes, dê patrocínios para festas, consiga ônibus para funeral, jogo de futebol ou casamento e aniversário de familiares que residem fora do município, abasteça o tanque do veículo – geralmente para colar o adesivo do candidato no vidro do carro – entre outros absurdos.

A única diferença é que na prostituição que acontece nos bastidores do poder, o político exerce uma função passiva. Já na relação com o eleitor, a sua função é ativa.

Apesar de conhecerem essa dinâmica, políticos e eleitores estão viciados, e não conseguem acabar com esse meretrício, que alguns caras de pau cinicamente chamam de trabalho social, uma artimanha criada para manter esta relação promíscua nos bastidores do poder e entre políticos e eleitores.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Os partidos pequenos e a imoralidade política


No último domingo (9), o jornal O Globo, publicou uma matéria que prova ser urgente a reforma política no Brasil. Segundo a reportagem, na cartilha dos partidos pequenos, a vitória nas urnas e oportunidade de representar a sociedade é apenas um mero detalhe. Para eles, o que importa é estar na disputa e aproveitar as oportunidades. A cada ano eleitoral, as legendas lançam meios questionáveis e escandalosos para atrair nomes e fontes de recursos.

Um deles é cobrar "taxas de inscrição" para os candidatos. No PRP do Rio, por exemplo, quem quer entrar na disputa para deputado estadual ou federal tem que desembolsar cerca de R$ 2 mil. Isso não é interessante? Nem todos os partidos (PRTB, PHS, PSL, PTN e PTdoB), afirmam cobrar a taxa ou valores acima de R$ 1 mil de seus candidatos, mas abrigam outras práticas comuns. Uma delas é oferecer aliança em troca de estrutura para suas campanhas, além de espaço no governo.

Mas eles também não estão livres de se tornarem vítimas de outro tipo de negociação: a desistência de candidatos assediados por outros mais fortes. Há quem proponha dinheiro, emprego ou cargo para minar a concorrência em seus redutos. Outro fator que se repete em toda eleição é a candidatura de funcionários públicos interessados, apenas, em não trabalhar durante a campanha. Algumas legendas chegam a preencher as vagas que sobram em suas nominatas com pessoas desse perfil. De acordo com a matéria, bombeiros e policiais militares são os mais atraídos a essa prática.

Outra questão controversa que envolve os nanicos é a participação, na eleição, de pessoas com processos e condenações na Justiça. Os presidentes argumentam que nem sempre ter ficha limpa garante a honradez do político. Eles também alegam que é preciso saber o contexto das denúncias antes de barrar o ficha suja.

Sobre esse assunto, a procuradora eleitoral do Rio, Silvana Batini, foi ouvida pelo autor da reportagem. Ela explica que algumas práticas ocorrem por problemas na chamada lei dos partidos políticos (9096/95). Siglas como o PRP se valem da legislação pouco clara para, por exemplo, instituir a "taxa de inscrição". Veja só: uma vaga de candidato a senador no PRP pode chegar a R$ 7.650,00. Já para disputar o governo do estado, o candidato pode ter que pagar R$ 10.200,00. Não é um pé de chuchu?

A procuradora chama a cobrança de "imoral e antiética", mas afirma que não é ilegal. “É até imoral. Mas, do ponto de vista jurídico, não temos como coibir. A lei não proíbe”, afirma Silvana, para quem atos como esse comprometem a democracia. O presidente regional do PRP, Oswaldo Souza Oliveira, justifica a prática. Segundo ele, “os partidos grandes podem até não cobrar (taxa de inscrição), porque eles têm como se sustentar. O fundo partidário do PT, no mês passado, por exemplo, foi de quase R$ 2 milhões. Partido em crescimento não tem isso. Ou vira legenda de aluguel ou nos cotizamos para manter o partido”, analisou.

Dito isso, a impressão que se tem é que alguns políticos esquecem que o pensamento moderno se consolidou com a Revolução Francesa, onde os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade dão sustentação a democracia. Por outro lado, na cabeça do leitor, a ficha do candidato, se é suja ou limpa, não interessa! O que importa é o que ele vai ganhar de quem ele vai dar o voto.

Fica muito nítido que as pessoas se habituaram ao meretrício político e, apesar de criticarem, não conseguem abandonar a prática do assistencialismo, do clientelismo e do fisiologismo, fenômenos praticados como se fossem saudáveis, quando é exatamente o contrário. Na verdade, esses três elementos mantêm, entre os poderes, entre os políticos e, sobretudo entre políticos e eleitores, uma relação promíscua que deve ser corrigida o quanto antes.

domingo, 9 de maio de 2010

Salvem as nossas crianças!

Os temas abordados pelo padre Eduardo Braga na posse dos conselheiros tutelares de Rio Bonito, no último dia 4 de janeiro, deveriam estar sendo discutidos e debatidos pela mídia, nas rodas de bate-papo, nos encontros sociais e, sobretudo, pelas famílias, que, embora estejam cada vez mais desintegradas, precisam ser trazidas à realidade. O primeiro assunto abordado pelo pároco merece destaque, porque ao falar sobre os vícios, ele colocou as drogas lícitas e ilícitas no mesmo pé de igualdade. O sacerdote tem toda razão, porque álcool, cigarro, cocaína, maconha, crack, cola etc., são substâncias igualmente nocivas ao corpo humano.

Além da desintegração familiar e da perda de foco das escolas, o padre também falou sobre os acidentes de trânsito, que semanalmente tem tirado a vida dos nossos jovens e adolescentes. O sacerdote fez uma pergunta, que aqueles quem deveria responder sempre se omitem: “quem é o responsável por fiscalizar quem circula de moto sem capacete?”. Sobre pedofilia e abusos sexuais, num ato de coragem, o pároco comentou a respeito do vídeo produzido num banheiro de posto de gasolina, onde aparece a imagem de crianças fazendo sexo. De acordo com o padre, o vídeo foi vendido na feira pelo valor de R$ 5,00.

O sacerdote disse também, que há cerca de dois anos, quando o vídeo começou a circular, “não houve pronunciamento por parte de ninguém”. Mas, infelizmente padre, se nós bem conhecemos a sociedade riobonitense, as pessoas que deveriam se pronunciar sobre o assunto, certamente estão reprovando o fato de o senhor ter externado a sua preocupação publicamente. Aliás, na terra onde mandam, aqueles que fingem que vivemos num paraíso, alguém já deve estar comentando, que o senhor é tão inconveniente quanto o seu antecessor – como muitas vezes nós ouvimos comentarem.

Sobre as pulseiras do sexo, outro assunto que o padre Eduardo afirmou que deve ter a atenção dos adultos, principalmente dos pais, é bom lembrar que elas existem e já estão entre nós. Para os pais desatentos, devemos destacar que as pulseiras são comuns, coloridas e de silicone. Coisa de criança! Mas as cores diferentes – preto, azul, vermelho, rosa, roxo, laranja, amarelo, verde e dourado – mostram até onde adolescentes, pré-adolescentes e jovens estão dispostos a chegar (dar um beijo ou fazer sexo). Nas escolas, os meninos tentam rebentar a pulseira das meninas, que terá de “oferecer” o ato físico a que corresponde à cor da pulseira arrebentada.

Na verdade, essa pulseira do sexo é a última moda do comportamento promíscuo da jovem sociedade moderna, o que nos faz acreditar, que a inocência da infância está num passado muito distante. Ao usar a pulseira, o adolescente entra num jogo chamado Snap, que existe desde a década de 80. No inglês, Snap significa quebrar, partir, rebentar. As regras do jogo variam, mas o objetivo sempre é levar, principalmente as meninas, a praticar o comportamento sexual referente à cor da pulseira rompida.

As cores da pulseira têm os seguintes significados: Amarelo – Abraço; Rosa – Mostrar o seio; Laranja – Dentada de amor; Roxa – Beijo de língua, talvez sexo; Vermelha – Lap Dance (uma dança erótica de origem inglesa, que não é menos imoral que a nossa popular, e aceita, Dança do Créu); Verde – Sexo oral a ser praticado pelo rapaz; Branca – a menina escolhe o que quiser; Azul – Sexo oral a ser praticado pela menina; Preta – Sexo convencional; Dourada – Fazer o que o jogo determina para todas as cores.

Penso que nós deveríamos dividir essas preocupações com o padre Eduardo. Aliás, até quem ainda não é pai deveria repensar os valores que estão sendo transmitidos àqueles que no futuro estarão dirigindo a nossa cidade, o nosso estado, o nosso país, enfim, o nosso mundo. Autoridades, instituições, famílias e a sociedade como um todo, já deveriam estar refletindo sobre esses temas. Manter a crença que esses fatos são irreais ou inverídicos é dar cores vivas ao futuro sombrio que está se desenhando para as futuras gerações.

Concluindo, acreditamos ser oportuno citar o conceito de política que era defendido pelo sociólogo italiano Antonio Gramsci. Ele faz uma distinção entre o que chama de grande e pequena política. Para ele, a grande política toma em questão o debate sobre as estruturas sociais e as suas transformações. Já a pequena política, Gramsci classifica como a política da intriga, do corredor, as disputas internas pelo poder, que não coloca em discussão as grandes questões. E agora José?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Inda é longe Canaã?


Em fevereiro de 2009, escrevi este artigo para o jornal Folha da Terra. Na verdade, as ideias que defendo a seguir, surgiram enquanto eu refletia sobre o sesquicentenário (150 anos) do poeta riobonitense B. Lopes, que aconteceu no dia 19 de janeiro de 2009. Para quem não se lembra, no programa “O Tempo em Rio Bonito”, da rádio Sambê FM (98,7), nós homenageamos o poeta por dois domingos seguidos.

Na ocasião, nós entrevistamos dois ícones da cultura riobonitense: Leir Moraes e Maurício Badr. Eles discorreram para os ouvintes, a importância de B. Lopes para a memória de Rio Bonito. No programa, nós também recebemos o advogado Leonardo José Moura do Amaral, um descendente do poeta e da sua primeira musa inspiradora, Xandoca.

O advogado levou aos estúdios da rádio Sambê, vários jornais antigos, de Rio Bonito, Niterói e até de Minas Gerais, todos falando do talento de B. Lopes. Contudo, o jornal “O ESTADO”, da cidade de Niterói, publicado no dia sete de maio de 1946, foi o veículo que chamou a minha atenção. Ele trazia uma longa reportagem sobre o centenário de Rio Bonito. Além de uma fotografia do prefeito da época, Eugênio Cordeiro, a matéria tinha um Box, homenageando B. Lopes e criticando o fato do poeta ter sido esquecido pela sociedade riobonitense.

Entretanto, a matéria sobre o centenário de Rio Bonito recebeu uma manchete que eu achei fascinante: “Centenário de Rio Bonito, a Canaã Fluminense”. Segundo o jornal, o crescimento econômico que já era perceptível, alcançaria a cidade em pouco tempo. Porém, 64 anos depois, ao olharmos a nossa volta, nós concluímos que esta matéria foi um grande balão (notícia com cara de verdade, que na verdade é mentira), porque o se crescimento chegou, o desenvolvimento com certeza ficou para trás. Na verdade, no dia 7 de maio de 2010, eu gostaria de saber das nossas autoridades, cadê essa Canaã?

Bem, a Bíblia, no livro de Êxodo, conta a traumática saída dos Hebreus, das terras do Egito. Eles saíram rumo a Canaã, uma terra tão fértil, que a Bíblia diz que ela manava leite e mel. Como os hebreus duvidaram de Deus, o percurso que seria concluído em algumas semanas acabou levando 40 anos para terminar. Sendo assim, se Rio Bonito é a “Canaã Fluminense”, creio que ainda estamos no deserto. Aliás, nunca é demais lembrar, que os riobonitenses estão caminhando 24 anos mais que os hebreus.

Uma conhecida música sacra tem a seguinte letra: “o caminho é longo e mau e nossos pés feridos ‘stão, inda é longe Canaã? No deserto anelamos mais e mais Sua proteção. Estará inda longe Canaã? Nós seguimos por desertos, o caminho do cristão. Inda é longe Canaã? Quantas vezes têm faltado nosso leito, nosso pão. Estará inda longe Canaã?”. Aliás, nós riobonitenses, nos encaixamos no refrão desta melodia! É assim: “stamos fracos, tão cansados! Já viajamos por valados, por deserto abrasador! Stamos fracos, tão cansados! Estará inda longe Canaã?”.

Segundo a Bíblia, antes de entrar em Canaã, os hebreus atravessaram o mar Vermelho e o rio Jordão. Os pregadores utilizam esses dois obstáculos para ilustrar as dificuldades enfrentadas por alguém que queira mudar de vida. Eu, porém, quero aproveitar a ocasião para lembrar que para alcançarmos a Canaã riobonitense, os grupos políticos, a sociedade civil organizada e, sobretudo, a população, devem dar as mãos, e, primeiro, atravessar o mar Vermelho e o rio Jordão.

Superar esses obstáculos significa empenho na busca por um Rio Bonito melhor, onde a prioridade é o bem coletivo e não o individual. Eu não tenho dúvida, que quando esses obstáculos forem superados, nós estaremos dentro de Canaã, uma terra que tem emprego, saúde, segurança, educação, lazer e respeito ao semelhante. Como perguntar não ofende: “Inda é longe Canaã?”.

A chuva expõe a incompetência dos governantes

Choveu, o solo encharcou e a terra deslizou. Para quem não sabe, esse fenômeno natural acontece desde o dilúvio, quando, segundo a Bíblia, foi inventada a chuva. Do dilúvio até o século XVIII, a humanidade, que sempre foi predadora, poluidora e inconsciente, conseguiu manter uma relação tranquila com a natureza e o seu mal humor. Porém, quando o homem criou o comércio, que originou o mercado, isso mudou.

Aliado a elementos essencialmente humanos como mesquinhez, ganância, arrogância e egoísmo, o mercado criou a modernidade, o desejo pelo consumo e fez as pessoas acreditarem que o ter é mais importante que o ser. É triste quando vemos Deus ser culpado pelos trágicos acontecimentos do morro do Bumba, em Niterói, por exemplo. Quem nunca ouviu essa frase? “Deus quis assim”. Já passou da hora de percebermos, que o homem é culpado por quase todo mal que lhe aflige!

As imagens de destruição, no morro do Bumba; no bairro das Olarias, em Rio Bonito, ou no Jardim Pantanal, em São Paulo, retratam com fidelidade as administrações políticas dos municípios, do estado e do país nos últimos 50 anos. Estamos falando de governos desastrados, catastróficos, incompetentes e com raríssimas exceções... Corruptos. Nas três esferas de poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), os nossos gestores, se é que podem ser chamados assim, visam apenas dinheiro e benesses!

Aliás, enquanto enriquecem as nossas custas e ampliam os seus bens, a necessidade de moradia obriga o cidadão a construir a sua casa no lixão. Será que na cidade de Niterói – onde dizem que a qualidade de vida é uma das melhores do estado e até do país –, ninguém percebeu isso? Quem aprovou essas construções? Quem fingiu que não viu? Quem asfaltou aquelas ruas? Quem construiu por lá uma creche? As autoridades não sabiam do lixão? Quem será penalizado pela perda de tantas vidas inocentes?

Penso que a imagem de bombeiros chafurdando a lama e carregando corpos sem vida, ilustra com propriedade a condição dos cariocas e fluminenses. A LAMA representa a podridão dos bastidores políticos e institucionais. Já os BOMBEIROS representam o estado, que apesar de conhecer todas as técnicas de salvamento e resgate, está impotente frente ao volume de LAMA.

Os MORTOS representam o povo, porque assim como a maior parte das vítimas de deslizamentos de terra morrem pela falta de ar, a esperança de nossa gente em dias melhores está morrendo asfixiada pela desfaçatez, pela falta de vergonha e escrúpulos, pelo cinismo e pelo descaramento daqueles que foram eleitos para nos representar. Quem será culpado pela perda de tantas vidas inocentes?

Nesse momento é comum vermos alguém perguntar: “por que as pessoas constroem as suas moradias em localidades como essa?”. A resposta é simples: porque são pobres e moradia é um artigo de primeira necessidade. Porque as autoridades brasileiras nunca se preocuparam com uma política de HABITAÇÃO. Pelo contrário, acham mais prudente fazer vista grossa quando alguém está construindo em área de risco, sob o pretexto de não perder o voto do pobre infeliz. O pior é que, às vezes, pela falta de instrução, a pessoa acredita que está sendo ajudado.

As favelas, os cortiços e os conglomerados habitacionais são resultados de um Brasil desigual, onde poucos têm muito, e muitos têm nada. Essas comunidades nascem, porque um irresponsável sem escrúpulo fingiu que não viu nascer. Crescem, porque um indecente deve ter sido pago para não ver crescer, e desaparecem, porque as pessoas são irresponsáveis.

A verdade é que as chuvas, os deslizamentos, as mortes e a corrupção, apenas contribuem para expor o quanto o homem é ganancioso. Os problemas sociais que enfrentamos estão diretamente ligados a relação promiscua entre dois atores sociais: o político, que compra o voto, e o povo, que vende o voto. O cidadão argumenta: “o eleitor vende, porque o político compra”. Mas o político se justifica: “o político compra porque alguém vende”. Enquanto ambos se justificam, eu prefiro dizer que eles são iguais, e que todos os problemas sociais que enfrentamos acontecem por culpa desses dois personagens.