terça-feira, 17 de outubro de 2023

Hemonúcleo de Rio Bonito vai completar 30 anos salvando vidas

A coordenadora do Centro de Hemoterapia Dr. Edson José da Silva, Patrícia Almeida (de pé) e o médico plantonista do Hemonúcleo.

Diante das queixas e reclamações, sobretudo em rede social, direcionadas a rede municipal de Saúde de Rio Bonito/RJ, eu decidi produzir um conjunto de reportagens que apresentem ao riobonitense os equipamentos, serviços e programas disponíveis ao cidadão na referida rede. O que é fato? O que é fake? O que é exagero? É o que vamos conferir nessa série.

Na manhã dessa segunda-feira (16/10), nossa reportagem visitou o complexo de Saúde da Mangueirinha para destacar um importante equipamento da estrutura da Saúde de Rio Bonito: o Centro Municipal de Hemoterapia Dr. Edson José da Silva, o Banco de Sangue. Fundado em 04/04/1994, o equipamento conta com extensa lista de vidas salvas através dos bons serviços prestados a população.

A reportagem foi recebida pela coordenadora do equipamento, Patrícia Almeida; que detalhou aspectos do funcionamento do hemonúcleo e a estadia provisória nas instalações do antigo laboratório municipal (anexo ao Ambulatório Loyola), por conta da reforma que está sendo feita no espaço original do Banco de Sangue, onde atuam 35 servidores.

As reservas de sangue sempre abaixo do ideal também pautaram o dialogo com a coordenadora; assim como as estratégias para captar doadores em Rio Bonito e nos municípios vizinhos (Silva Jardim, Tanguá e Itaboraí) que têm o Centro Municipal de Hemoterapia como referência para suas demandas transfusionais.
– Recebemos em média 200 doações mensais, mas esse quantitativo, que está abaixo do ideal, não é constante. No último mês, por exemplo, só tivemos 97 doações de sangue, o que nos deixou muito preocupados e nos motivou a deflagrar nova campanha em busca de doadores. Isso significa mês passado nós ficamos abaixo da metade de uma média que deveria maior – salienta a coordenadora.
A sala de coleta do Centro de Hemoterapia em Rio Bonito.
O setor de Oncologia do Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), segundo a coordenadora do hemonúcleo, é o principal parceiro na captação de doadores, “sobretudo quando eles realizam muitas cirurgias”. Patrícia explica que os familiares dos pacientes oncológicos são avisados que o familiar pode precisar de sangue durante a cirurgia – essas intervenções cirúrgicas são geralmente de grande porte – sendo importante contribuir para manter abastecido o estoque do hemonúcleo.

Embora os municípios de Silva Jardim, Tanguá e Itaboraí tenham o Centro Municipal de Hemoterapia Dr. Edson José da Silva como referência para suas demandas transfusionais, a quantidade de doadores oriundas desses territórios ainda é muito pequena, “sendo comum aumentar o volume de doadores quando o pedido de sangue que chega desses municípios é negado”. A coordenadora acrescenta que os sangues mais raros são os de Rh negativo.
– Nos últimos meses a demanda de Itaboraí, que geralmente chega do Hospital Municipal Desembargador Leal Júnior (HMSLJ), cresceu de maneira significativa. No último mês, por exemplo, a demanda deles empatou com o HRDV, que sempre foi o nosso maior cliente. E esse crescimento de demanda aconteceu exatamente quando houve diminuição no número de doadores – conta Patrícia, acrescentando que “a negativa de sangue para um paciente de Itaboraí fez aumentar o número de doadores do município vizinho”.
O secretário de Saúde de Itaboraí,
Hédio Delaroli; ao lado do jornalista,
Flávio Azevedo.
 

Terminada a conversa com a coordenadora, no lado externo do Centro Municipal de Hemoterapia Dr. Edson José da Silva, a nossa reportagem encontrou o secretário municipal de Saúde de Itaboraí, Hédio Delaroli; que confirma a negativa de sangue por não haver no estoque do hemonúcleo. Ele discorreu a respeito do impacto que a situação gerou na sua gestão e a busca por soluções para atender um morador da localidade de Tres Pontes (Itaboraí) que estava internado no CTI do HMDLJ.
– Realmente a negativa aconteceu. Além disso, eu recebi apelo de amigos que moram em Rio Bonito e estavam preocupados. Eu já estava dialogando com a coordenadora do hemonúcleo para saber como ajudar e diante dessa situação decidimos mobilizar os nossos colaboradores e amigos em Itaboraí. Ao contrário do que dizem essa não é uma ação eleitoreira, mas uma iniciativa que já deveríamos ter tomado há muito tempo para manter os estoques do Banco de Sangue abastecidos. Falando por Itaboraí, eu garanto que diariamente iremos fazer a nossa parte e vamos captar doadores – assegura o secretário, acrescentando todos os dias os doadores de Itaboraí terão transporte para vir até o Banco de Sangue doar.

A reforma do prédio do Centro Municipal de Hemoterapia Dr. Edson José da Silva, é outro ponto que tem contado com total dedicação do município. Iniciada em junho, depois de seis meses aguardando a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estadual, a coordenadora destaca que o novo espaço será mais confortável para o usuário, para os servidores e, sobretudo para o trabalho técnico da equipe.
– O prédio antigo foi construído há mais de 30 anos. Os tempos e equipamentos eram outros. A rede elétrica, por exemplo, não estava preparada para manter funcionando as nossas máquinas. A lentidão nas obras acontece porque protocolos técnicos precisam ser seguidos e analisados pelo setor de arquitetura da Anvisa estadual. Não falta recurso financeiro. É que o novo prédio precisa estar em conformidade com os protocolos de Saúde. Desde a dimensão dos setores, a disposição do mobiliário, os espaços entre as cadeiras etc., tudo precisa de análise e autorização da Anvisa para não sofremos nenhum embargo nessa obra que é esperada há muitos anos – finaliza Patrícia. 

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