Flávio Azevedo
O ex-ministro, Geddel Vieira Lima é um dos grandes picaretas da política brasileira. |
Seja em Brasília, nos estados e/ou nas grandes e pequenas cidades, o modus operandi mais usado para roubar dinheiro público é igual e precisa que um babaca olho grande participe do esquema. De acordo com Job Ribeiro, moleque de recado do ex-ministro Geddel Vieira Lima, apontado pelas investigações como dono dos R$ 51 milhões encontrados num apartamento na Bahia, um pouco desse montante é propina, mas também é parte do salário de funcionários de Geddel e do irmão Lúcio Vieira Lima.
Job Ribeiro contou que os irmãos Vieira Lima usam uma prática muito corriqueira, sobretudo em cidades de menor porte: o cara é funcionário da Câmara dos Deputados e devolve, ao contratante (a pessoa que o nomeou) 80% dos seus vencimentos.
O caso deixa qualquer um indignado e ao saber disso você deve estar xingando os políticos até a sua 5ª geração. Pois bem, contar-vos-ei uma historinha que presenciei na Câmara Municipal de Rio Bonito, no início da minha trajetória de jornalista. Eu aguardava o presidente da Casa para uma entrevista. Quando ele saiu do gabinete e veio em minha direção, um distinto senhor da nossa cidade que estava por ali abordou o presidente e sem cerimônia, na minha frente, e de alguns funcionários disse o seguinte:
– Presidente, o senhor não poderia me nomear como seu assessor? Eu não quero e nem preciso do dinheiro. Devolvo todo salário pra você. Eu estou interessando apenas no INSS que será recolhido.
O presidente arregalou o olho, é claro que o tal mecanismo não era estranho para ele, mas a proposta feita no corredor da Câmara, na frente dos outros, ele nunca tinha visto. Com a habitual vaselina que é peculiar aos políticos, o presidente escorregou da conversa e me chamou para a entrevista. Dias depois, eu encontrei o distinto senhor, que até, hoje, vive entre nós, chamando os políticos de “ladrão”. O cara estava uma fera e me disse que não votaria mais em ninguém, “porque essas porcarias de políticos não ajudam ninguém” (a proposta indecente dele não tinha sido aceita).
É claro que nenhum político é santo, a maior parte é muito tralha, mas esse fato foi uma experiência que junto de outras me deu autoridade para dizer que “o eleitor, em sua maioria, é tão safado quanto o político”. Sei que carrego a fama de ser arrogante, porque me atrevo a escrever e dizer o que eu enxergo. Não estou nem aí e acrescento: a política só vai mudar quando o cidadão mudar. Enquanto a sociedade for honesta somente no mundo virtual, a classe política não será honesta na vida real.
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