A professora Maria de Fátima Monteiro Pereira, com o microfone, é uma das vozes nesse grupo de profissionais de Educação que sabem bem o que buscam. |
... O meu respeito a todos os trabalhadores!
Hoje, porém, eu quero reverenciar um grupo de trabalhadores que está fazendo a
diferença em Rio Bonito, os profissionais de Educação, categoria que está
promovendo um divisor de águas na história política da “Cidade Risonha”. Estou
falando dos “cabeças de obra” que decidiram mudar as suas histórias. Permitam-me
homenagear também aqueles que são apenas “mão de obra”, aqueles que por uma
série de razões não aderiram ao movimento grevista montado pelos “cabeça de
obra”.
Estamos falando de profissionais que
precisam dar conta de pequenos que chegam à escola sem Educação, porque os pais
ainda não entenderam que a professora é responsável pela escolaridade e não
pela Educação dos seus filhos. Todavia, esses pais, por mais relapsos que
possam parecer, são trabalhadores que por precisarem trabalhar acabam falhando
na tarefa de educar. Por vezes, esses pequenos são filhos de profissionais de
Educação que precisam trabalhar em três turnos para sobreviver com um mínimo de
dignidade.
Eu tenho certeza que a sociedade
reconhece a importância e o esforço dos trabalhadores da Educação. Talvez
aqueles que não aderiram ao movimento grevista, uma manifestação legítima que
tem o seu nascedouro na classe trabalhista, ainda não tenham percebido a
importância da sua atividade. O Educador tem o poder de transformar e essa
transformação só não é mais eficiente porque a escolaridade (Educação Secundária)
acaba sendo comprometida com a falta de valores que esse pequeno deveria trazer
de casa (Educação Primária).
A professora Elaine Jansen é mais um símbolo de resistência e engajamento dos profissionais de Educação da rede municipal de Rio Bonito. |
Nesse Dia do Trabalhador, uma grande
pensadora contemporânea escreveu na sua página no Facebook, que “não tem
feriado para quem quer trabalhar por uma cidade linda de viver”. Para os
incautos, para aqueles que têm preguiça intelectual ou para quem recebe para
aplaudir, essa frase de efeito é fantástica e corajosa. Todavia, essa linha de
pensamento é um desprezo aos clamores da massa trabalhadora que é oprimida por
salários de fome, mãos de ferro e vigilância panóptica.
Eu explico o panóptico. No fim do século
XVIII, o filósofo inglês Jeremy Bentham desenvolveu a ideia do panóptico,
inicialmente idealizado para o sistema penitenciário. Percebeu-se que o
nascedouro dos golpes de estado era nas escuras masmorras. A ideia foi
substituir as arcaicas prisões por celas construídas em círculo que tinham ao
centro uma torre de observação, que conseguia visualizar todos os pontos e
todos os presidiários.
Posteriormente, esse sistema foi
estendido às escolas e indústrias, para tornar esses locais eficientes e produtivos.
Mais foi o francês Michel Foucault que evoluiu o panóptico de Jeremy Bentam
para o status de ferramenta de controle social.
Nos últimos anos, a partir da
internet, novas tecnologias de comunicação e informação surgiram, permitindo
novas formas de vigilância e controle social. A mais utilizada e democrática
delas é a mídia social, por exemplo, o Facebook, instrumento que mascara as
reais intenções de vigilância e controle de indivíduos; e disfarça os objetivos
de quem utiliza esse espaço para vigiar e punir os autores de determinado
pensamento. Adiante, o também francês, Giles Deleuze, analisou ambos os
conceitos e criou a lógica da “sociedade de controle”, porque ele percebeu que nesse
novo cenário, todos observam e vigiam.
Profissionais da rede municipal de Educação em manifestação pela ruas de Rio Bonito no último dia 29 de abril. |
Aos amigos trabalhadores, sobretudo
você que está inserido nessa conjuração riobonitense que visa mudar salários, a
condição física das escolas etc., eu aviso que o DOI- CODI está de olho em
vocês, mas segundo Giles Deleuze vocês também podem ficar de olho no DOI-CODI e
na sua mentora intelectual. O Dia Trabalhador é celebrado nessa data, porque
foi no dia 1º de maio de 1886 que um protesto de trabalhadores, em Chicago-EUA,
virou uma batalha campal que terminou com o saldo de um policial morto, 38
operários mortos e 115 feridos. Cerca de 300 líderes grevistas foram presos.
Naquele tempo, a reivindicação era pela redução da jornada de trabalho,
tratamento igual para homens e mulheres independente de ofício e idade.
Hoje, embora as manifestações sejam
por outras questões, o poder dominante segue oprimindo e, como aconteceu no
Paraná, agredindo. Entretanto, a principal pressão é exercida sobre os “cabeças
de obra”. Para o politico, quem se limita a vender a sua “mão de obra” não tem
a mesma importância do “cabeça de obra”, aqueles que além de vender o seu “trabalho”,
usa a “cabeça” para resistir pressões, agregar pessoas aos seus objetivos, enfrentar
injustiças, articular novos pensamentos, mas sempre de maneira inteligente e
organizada.
Feliz Dia do Trabalhador!
"Sem o fogo do entusiasmo não há o calor da vitória"
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