Em todos os anos de eleições, o nepotismo é um dos principais assuntos a ser abordado pela mídia e pelas rodinhas de bate papo onde o tema é política. Mas o que é o nepotismo? É quando aquele que está no poder, na hora de contratar alguém para a função pública, valoriza mais o laço de parentesco do que o mérito e a formação técnica.
Sobre o assunto, especialistas afirmam que o nepotismo é uma prática que viola as garantias constitucionais da impessoalidade administrativa, na medida em que estabelece privilégios em função de relações de parentesco e desconsidera a capacidade técnica para o exercício do cargo público.
Eu, porém, sou da opinião que, sobre esse conceito, há controvérsias, porque alguns amigos são mais chegados que um irmão. Aliás, determinados irmãos são mais traiçoeiros que um inimigo.
Para quem não sabe, a palavra nepotismo deriva do termo “nepote”, que significa sobrinho ou favorecido do Papa. De acordo com a história, a prática do nepotismo é mais antiga do que nós imaginamos. O nepotismo surgiu na Idade Média, quando certos papas mantinham e favoreciam sobrinhos e outros parentes na administração eclesiástica. A palavra também pode ser definida como “favoritismo ou proteção dos governantes aos seus parentes”.
Eu confesso... Eu era totalmente contrário ao nepotismo, até descobrir que eu era um ferrenho nepotista. Aliás, tem muita gente que, como eu fazia, critica, condena, mas pratica o nepotismo. Em nossa cidade, por exemplo, inúmeros estabelecimentos são administrados pelos filhos dos antigos proprietários. Outros podem ainda não estar administrando, mas já trabalham com o pai.
Aliás, você e eu conhecemos várias histórias onde o filho não tem o tino empresarial e comercial do pai e a consequência já sabemos: os negócios da família são totalmente dilapidados e o herdeiro acaba ficando na ‘banca rota’. Às vezes, o patrimônio construído é tão sólido, que o filho não dá conta de destruir, mas o neto, esse sim, consome tudo, até o último centavo. Penso que se o patriarca soubesse – às vezes ele sabe, mas finge não saber – o destino que os herdeiros dariam a sua fortuna, certamente ele deixaria os seus bens em mãos mais competentes.
Sobre o tema nepotismo, inúmeros políticos fazem discursos acalorados contra essa prática, mas quando vamos investigar a sua vida particular ou pregressa, os seus bens, estão todos em nome de um familiar. Já viram isso? Alguns, porém, são mais sinceros! Eles defendem que num mundo onde não se pode confiar em ninguém, a única pessoa, que, às vezes, são dignas de confiança, é um parente.
Por exemplo, recentemente, quando eu decidi criar o jornal O Tempo em Rio Bonito, eu convidei o meu irmão para ser o meu sócio. Ele é o diagramador e chargista do jornal, mas eu escolhi o meu irmão. Portanto, vamos deixar a hipocrisia de lado e parar de reclamar do nepotismo na administração pública, porque no fundo, no fundo, e no raso também, todos nós somos nepotistas!
Só para lembrar, em 18 de outubro de 2005, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 07, banindo definitivamente o nepotismo do Poder Judiciário brasileiro. A norma especifica os casos em que o favorecimento de parentes na nomeação para cargos de provimento em comissão ou função gratificada representam nepotismo, salvaguardando situações nas quais o exercício de cargos públicos por servidores em situação de parentesco não viola a impessoalidade administrativa, seja pela realização de concurso público, seja pela configuração temporal das nomeações dos servidores.
Fica, porém, uma pergunta: resolveu? Parece que não, porque surgiu o nepotismo ‘camuflado ou trocado’, onde os detentores do poder trocam a contratação de parentes. O meu familiar é contratado por um amigo de outra cidade, eu contrato o parente do meu amigo da outra cidade, e todos ficam felizes. Mas e se alguém reclamar? Simples, nós dividimos alguma coisinha com o reclamante e ele fica bem quietinho! Que beleza!
terça-feira, 10 de agosto de 2010
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