Uma das coisas mais desafiadoras do presente século é o autoconhecimento. Nós precisamos saber quando parar. Seja trabalho, relacionamento e até as coisas simples da vida... É precisa entender que ciclos se abrem e ciclos se fecham. Abro esse texto desse modo por ser o que eu diria ao treinador, Renato Gaúcho; que se demitiu do comando técnico do Fluminense nessa terça-feira (23/09). O time Tricolor foi eliminado da Copa Sul-Americana pelo Lanus. O empate (1x1), no Maracanã, desclassificou o time e o torcedor ficou insatisfeito. Treinador e jogadores deixaram o gramado ao som de “burro”, “burro”, “burro”.
Renato chegou ao Fluminense no dia 3 de abril deste ano. Desde então, a equipe disputou 42 jogos, com 21 vitórias, 9 empates e 12 derrotas. Sob o seu comando, o Tricolor chegou às semifinais da Copa do Mundo de Clubes e garantiu vaga nas semis da Copa do Brasil, que serão disputadas em dezembro, contra o Vasco. No Brasileirão, a equipe ocupa a 8ª colocação.
Renato Gaúcho, desde a sua última passagem pelo Grêmio, deixa muito nítido que não está mais interessado em Futebol, sobretudo a ginástica que é preciso fazer para lidar com a pressão e a paixão, combustíveis principais desse esporte. Personagem conhecido pelas suas frases de efeito e autossuficiência enxergada por muitos como arrogância, o Portaluppi demostra o tempo certa insatisfação com o ambiente do Futebol, com a cobrança da torcida e, sobretudo, com os questionamentos nas entrevistas coletivas. Seja na vitória ou na derrota, é nítido que ele não quer estar ali. Em algumas entrevistas ele chegou a dizer que preferia estar tomando um chopp e não ali respondendo perguntas.
Assim como os craques, Adriano Imperador e Ronaldinho Gaúcho; entenderam que estava na hora de parar, Renato também precisa ter coragem de aposentar-se, agora, do cargo de técnico. Acredito que não deve ser fácil um sujeito rico, realizado na vida, se submeter aos caprichos de outros, sobretudo quando esses “outros” entendem quase nada daquilo que você faz (fala do Renato).
Os tempos mudaram. O Futebol é outro esporte se compararmos os dias de hoje com a época que Renato jogou. Os cabelos ficaram brancos, as longas madeixas não existem mais. Todavia, a postura irreverente e o jeitão polêmico do gaúcho mais carioca do Brasil seguem intactos. Às vezes parece estarem até mais agudos. Mas é melhor parar Renato. Na condição de seu fã de carteirinha, desde os tempos que você era jogador, eu penso que em nome da sua saúde mental, você precisa fechar esse ciclo. Vá para sua praia, para o seu Futevôlei, para sua família, para o seu cachorro e vamos em frente! #flavioazevedo
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