Novamente o riobonitense acorda com a notícia de que a empresa que opera o Transporte Público municipal, a São Geraldo, vai encerrar as suas atividades até 30/04, deixando 58 funcionários desempregados e milhares de usuários das 27 linhas sem essa prestação de serviço. A Prefeitura Municipal de Rio Bonito, que tem dividas significativas com a empresa, já teria sido informada. Esse assunto está presente na pauta dos riobonitenses há mais de uma década, sempre figura nos palanques em períodos eleitorais, mas por uma série de razões a situação segue se arrastando.
Os debates sobre o assunto acabam ganhando contornos partidários, grupos políticos de oposição insistem em pensar a questão dentro da caixa da disputa por espaço e poder; e a pauta Transporte Público acaba sendo esquecida. Todos nós sabemos que treta e fofoca são muito mais atraentes que o tecnicismo e a apuração de responsabilidades. Mas eu gostaria de pensar o assunto novamente, sobretudo pensando nos novos cenários da sociedade.
Eu vim ao mundo em 1974. Quando eu cheguei aqui, a empresa de transporte público, que os adultos chamavam de “lotação”, já atuava. Mas o que aconteceu? Existe uma equação que não fecha. Na época que existia menos pessoas em Rio Bonito, a empresa dava lucro. Hoje, com muito mais gente no território, a notícia é que o negócio acumula prejuízos. Como assim?
Nesse momento é preciso fazer uma viagem no tempo e perceber que nos idos anos 70 e 80, não existia gratuidades. Idosos e estudantes pagavam passagem. E se essa gratuidade é custeada pelo poder público, fontes indicam que as empresas dificilmente recebem esses pagamentos. Outra coisa a se levar em conta é que a condição social das pessoas mudou. Ao contrário dos meus tempos de criança, hoje, quase todas as famílias contam com um carrinho, uma moto para se locomover.
Surgiram os transportes alternativos, entre eles o transporte de aplicativo, que oferece muito mais conforto, segurança, agilidade e tranquilidade. A pessoa não precisa mais ficar em pé num ponto de ônibus, exposta ao sol, a chuva, ao vento, a insegurança. Você vai a um casamento? O carro te busca em casa e te deixa em frente ao local da cerimônia. Nada de andar a pé, poeira, chuva, roupas amarrotadas. É muito melhor para o usuário. Para quem busca serviço mais barato e rápido, as motos estão aí para isso.
Não posso deixar de mencionar a configuração dos bairros e localidades mais distantes. Mudou muito. Imagine você que lugares muito populosos nos anos 70 e 80 desapareceram (Jacundá, Mineiros, entre outros). Por outro lado, tremendos capinzais tornaram-se bairros populosos e prósperos (Green Valley, Jacuba, Cajueiros, entre outros).
Isso significa que o modal de transporte, sobretudo esses ônibus grandões, não cabe mais nos dias atuais. Também vale acrescentar que a regulamentação desse serviço está ultrapassada por enxergar uma Rio Bonito que não existe mais. Quem quiser impedir que milhares de pessoas fiquem sem Transporte Público deveria levar em conta essas considerações. Entender que o tempo da TV de tubo passou e que estamos em tempos de telefonia celular, internet e Inteligência Artificial. Vamos em frente! #flavioazevedo
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