Dia desses acompanhei uma discussão interessante a respeito das deficiências do Transporte Público em Rio Bonito, sobretudo para atender as localidades mais distantes e/ou interioranas. Se num primeiro momento é importante os moradores das localidades desassistidas se organizarem para reivindicar o serviço, o debate precisa avançar para além disso.
Estamos em ano eleitoral e sinceramente eu gostaria de saber o que os pré-candidatos a prefeito estão pensando a respeito desse tema. É comum a corrida eleitoral ganhar ares de FlaxFlu, mas que esse traço se limite aos cabos eleitorais e simpatizantes desse ou daquele candidato. Quem pretende realmente governar precisa fugir desse lugar comum e não só pensar nos problemas, mas também apresentar propostas e soluções.
Para iniciar a conversa é bom saber que as linhas e itinerários do Transporte Público em Rio Bonito estão desatualizados.
Quando o Transporte Público começou a ser explorado, o município tinha outro desenho no tocante aos seus bairros e localidades. O sujeito mais observador vai perceber, analisando um recorte de 50 anos, que localidades sumiram, outras encolheram, outras surgiram e estão em amplo crescimento.
No 2º Distrito do município, por exemplo, quando eu era criança, eu sempre acompanhava os meus pais em suas visitas a pessoas que moravam nas localidades de Mineiros e Jacundá. Eram lugares pujantes, cheios de casas, famílias numerosas... Nessas localidades, as igrejas e botequins (os espaços de convivência da época) estavam sempre cheios de pessoas. Essa realidade não existe mais. A localidade de Mineiros desapareceu e Jacundá está desaparecendo.
Por outro lado, a área da antiga Fazenda São Joaquim, onde a garotada da minha Serra do Sambê pegava passarinho e caçava preá, hoje, se chama Green Valley. Para os lados do bairro Praça Cruzeiro, um lugar que era um grande capinzal, por onde passávamos para jogar bola no Campo Paulão (por trás do Motel Momentos), atualmente se chama Cajueiros. Outro capinzal que atravessávamos quando queríamos ir tomar banho de cachoeira em Lavras, ganhou nome e também virou bairro: Jacuba.
O Parque Andréa e o São Judas Tadeu, no 2º Distrito, era um amontoado de poucas moradias atrás da cerâmica. Hoje, o Parque Andréa é um dos maiores bairros de Rio Bonito. Nas últimas décadas surgiu a Queijeira, o Parque Maravilha, o Green Park. Localidades como Parque Indiano, Parque da Luz e Parque das Acácias, 40 anos atrás eram um matagal que precisávamos atravessar para chegar ao Basílio. A atual Viçosa, era apenas a estrada em meio ao capinzal que ligava a RJ – 124 às localidades de Rio Seco, Mata e Tomascar, onde moravam muito mais pessoas.
O que aconteceu é que ao longo das últimas décadas, a Prefeitura de Rio Bonito e seus prefeitos simplesmente ignoraram as mudanças geográficas do município descritas acima. Se a classe política foi desatenta, a sociedade também. Os chefes do poder Executivo até aqui não se ligaram ser urgente modernizar e atualizar o Transporte Público. Qualquer pessoa lúcida entende que o modal praticado, hoje, é ultrapassado, não oferece lucro, tão pouco conforto ao usuário. Ou seja, precisa ser repaginado profundamente e isso começa por rever a concessão do serviço, as linhas, itinerários e horários.
Tomara que o espírito FlaxFlu que toma conta da disputa eleitoral tenha pelo menos alguns momentos de lucidez. O Transporte Público é apenas um dos muitos temas nevrálgicos que precisam ser pensados em Rio Bonito. E que os debates sejam feitos longe do fígado e do bolso, porque esses dois elementos contaminam negativamente todo e qualquer planejamento. Vamos em frente! #flavioazevedo
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